Uma onda de calor nunca antes registada no Ártico fez a comunidade científica olhar perplexa para o que se passa nesse pedaço do globo, onde o sol praticamente não brilha até março.
Este tempo “atípico” na região setentrional do planeta Terra estará a causar uma onda de frio siberiano na Europa e a forçar à revisão das previsões mais pessimistas sobre o aquecimento global.
O Ártico e o frio na Europa
Ainda por explicar e sem uma resposta à periodicidade deste evento, a verdade é que esta temperatura que se fez sentir no Ártico afetou o vórtice polar. Este ciclone persistente de grande escala localizado perto dos polos geográficos é um círculo de ventos que isola o norte gelado das temperaturas mais elevadas do resto do planeta.
Um fluxo de ar quente no Polo Norte e nas áreas adjacentes tem empurrado as temperaturas até 35 graus acima do normal para este mês. Na Gronelândia foram registadas já 61 horas de temperaturas positivas este ano, o que corresponder ao triplo do que é habitual, como podemos ler no The Guardian.
La semana que viene será fría
La TV hará absurdos directos con reporteros helados en puertos de montaña
Recordarán 30 veces las mínimas, situación en carreteras, anécdotas de vecinos y hielo
Tendrás frío hasta en la sopa
Pero no te contarán que el Ártico está +30ºC de lo habitual pic.twitter.com/kWjoXHsd4C— lacaiguda (@lacaiguda) February 21, 2018
Estas temperaturas registadas são mais “normais” para maio do que para fevereiro na Groenlândia. O ponto mais setentrional da ilha, o cabo Morris Jesup, registou uma temperatura de 6,1 graus acima de zero no domingo passado, enquanto que a temperatura média de fevereiro é de —20.
Esta temperatura fez soar os alarmes na comunidade científica, podendo ser sinal claro que o aquecimento global está a provocar um efeito de erosão sobre o vórtice polar.
Mientras en Europa hace frío, aquí un recordatorio de que la temperatura en el Ártico es 20°C grados más cálida de lo normal. Imagen por @ZLabe. Compara la línea roja para 2018 con la blanca de la temperatura promedio. #CambioClimático pic.twitter.com/6fEqU539Kq
— ONU Cambio Climático (@CMNUCC) February 26, 2018
Calor “maluco”
As estatísticas deste mês foram descritas pelos meteorologistas como “chocantes” e “estranhas”.
É uma anomalia entre anomalias. O preocupante é que está bastante longe dos limites históricos e isso significa que mais surpresas nos aguardam, enquanto continuamos a provocar a fera brava que é o nosso clima.
Referiu Michael Mann, diretor do Centro da Ciência do Sistema Terra da Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA).
O investigador foi elucidativo ao afirmar que o Ártico “está a enviar uma mensagem clara”, já que é um ponto de referência para o ciclo vicioso que amplifica o aquecimento causado pela influência humana nessa região em particular.
Este fenómeno influencia a Europa
O tempo frio registado nestes últimos dias na Europa terá a ver com uma simples deslocação de um estado meteorológico que deveria estar a passar-se mais a norte, como referem os especialistas. Esta massa de ar frio do Ártico que está a deixar a Europa Central gelada é um sinal de um desregramento, que poderá ser crítico se se tornar mais frequente.
As temperaturas máximas que desde segunda-feira não sobem acima de zero, a norte do Mediterrâneo. As mínimas oscilam entre os -6ºC e os -10ºC na maior parte dos países. Cidades desde Varsóvia até Oslo registam temperaturas abaixo de -8ºC.