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ADN Ambiental está a deixar os especialistas doidos e nem sabemos o que aí vem!

Parece ficção científica, mas não é. Os investigadores estão a melhorar muito a capacidade de captar pequenos vestígios de material genético humano, chamado ADN ambiental – ou eADN – que deixamos a flutuar no ar ou na água, e a extrair-lhes informação genética.


eADN é a pegada humana no ambiente

Tecnicamente, esta técnica já existe há algum tempo e tem sido utilizada para uma série de fins, incluindo a deteção do vírus que causa a COVID-19 nas águas residuais ou o rastreio de espécies ameaçadas, ou invasoras.

No entanto, uma equipa de cientistas tentou agora verificar a quantidade de informação que poderia obter especificamente do eADN humano, relata o The New York Times, analisando amostras para marcadores genéticos relacionados com a genealogia e até com a etnia.

Segundo um novo artigo publicado na revista Nature Ecology & Evolution, uma equipa liderada pelo geneticista da vida selvagem da Universidade da Florida, David Duffy, descobriu que era possível obter informações médicas e de ascendência a partir destes vestígios minúsculos de ADN humano.

Estes resultados obtidos preocupam profundamente os especialistas em privacidade, especialmente no contexto em que as forças da ordem já têm vindo a utilizar ferramentas de ADN com falhas e controversas para identificar suspeitos.

 

Das tartarugas até ao ser humano

Este projeto começou inicialmente pela mão de David Duffy, quando ele e a sua equipa procuravam segmentos minúsculos de ADN de tartarugas marinhas para detetar doenças que afetam esta espécie. No entanto, ao descobrirem quantidades “surpreendentes” de eADN humano, a equipa mudou de ideias.

Numa série de experiências, os investigadores recolheram amostras de um riacho na Florida e analisaram-nas em busca de vestígios de ADN. Encontraram ADN humano muito mais legível do que o esperado, incluindo informações relativas à ascendência genética.

Os especialistas acreditam que a investigação de Duffy e da sua equipa poderá conduzir a novas discussões em torno da recolha e análise de eADN humano.

 

O lado negro da tecnologia

As aplicações destas tecnologias têm um lado muito sombrio. Segundo a investigadora de genética de Harvard, Anna Lewis, a tecnologia poderá um dia ser utilizada para identificar e talvez até perseguir minorias étnicas específicas.

Isto dá uma nova e poderosa ferramenta às autoridades. Há internacionalmente muitas razões, penso eu, para nos preocuparmos.

Disse Anna Lewis.

As autoridades chinesas já efetuaram investigação genética para estudar o ADN das minorias étnicas do país, o que alarmou os especialistas. A análise de vestígios de eADN poderá dar aos Estados totalitários ainda mais poder nesse domínio.

Felizmente, os vestígios encontrados por Duffy apenas captam um marcador genético de cada vez, enquanto as técnicas atuais de aplicação da lei envolvem a identificação de 20 marcadores genéticos de um determinado suspeito.

Para já, a taxa de erro na identificação de fragmentos de ADN humano também continua a ser muito superior à das técnicas convencionais, o que significa que as hipóteses de falsos positivos continuam a ser elevadas.

Mas estas limitações podem não ter grande importância quando se trata de a polícia procurar novas formas de identificar suspeitos. Enquanto nas instituições existem barreiras para os investigadores, incluindo um processo de aprovação e conselhos de ética, as forças da ordem operam, na maioria das vezes, com muito menos restrições.

É um oeste selvagem total, um livre para todos. O entendimento é que a polícia pode fazer o que quiser, a menos que seja explicitamente proibido.

Referiu Erin Murphy, professora de direito na Faculdade de Direito da Universidade de Nova Iorque.

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