Em duas diferentes situações, o iPhone da Apple esteve envolvido em cenas de crime terrorista. E em ambas o FBI viu a empresa da maçã a barrar-lhe o acesso ao conteúdo dos equipamentos.
Mas agora o FBI veio informar que já conseguiu desbloquear os iPhones do mais recente caso do atirador da Florida, salientando que não agradece à Apple esta tão desejada conquista.
Os iPhones da Apple já estiveram envolvidos em pelo menos dois crimes terroristas.
Em 2016 o famoso caso de San Bernardino, promoveu a grande discórdia entre a Apple e o FBI. Isto porque a marca da maçã negou o acesso ao iPhone 5C do terrorista à entidade de investigação dos EUA. A situação ficou resolvida, mesmo sem a ajuda da Apple, e o desbloqueio custou 900 mil dólares.
A outra situação, mais recente, aconteceu a 6 de dezembro de 2019 e envolveu um ataque à Base Aérea Naval em Pensacola, na Florida. Novamente o atirador tinha dois equipamentos da Apple, um iPhone 5 e um iPhone 7 e o obstáculo para os desbloquear voltou a acender as hostilidades com o FBI.
Mesmo depois de o governo de Donald Trump ter pedido à Apple que desbloqueasse os telemóveis, a empresa não cedeu. No entanto há agora novidades.
FBI afirma ter conseguido desbloquear o iPhone, sem a ajuda da Apple
De acordo com as mais recentes declarações oficiais do FBI, a segurança dos iPhones do terrorista da Florida já foi contornada. O FBI indica mesmo que já consegue ter acesso aos conteúdos dos dois equipamentos, ultrapassando as questões de criptografia. A solução encontrada foi criar um novo sistema que ignora a segurança do iOS.
Segundo William Barr, procurador-geral dos EUA, as proteções de segurança da Apple foram contornadas. Desta forma, foi possível descobrir que o terrorista Alshamrani tinha contactos com a Al-Qaeda, muito antes do ataque. Barr faz mesmo uma subtil crítica à empresa de Cupertino, dizendo que:
Graças ao excelente trabalho do FBI – e não da Apple – conseguimos desbloquear os telefones.
No comunicado, o FBI partilha três ficheiros onde constam algumas imagens alegadamente de conteúdos desses iPhones.
Este ataque terrorista à Base Aérea Naval de Pensacola resultou na morte de três marinheiros americanos e mais oito feridos. Alshamrani tinha 21 anos, era membro do exército saudita e encontrava-se a estagiar nos EUA. O FBI adianta que o jovem já tinha contactos com a Al-Qaeda mesmo antes de chegar à América.
Apple já reagiu às declarações do FBI
A empresa de Cupertino foi rápida a reagir e a responder ao comunicado do FBI. Assim, a Apple veio esclarecer que “não há backdoor para as autoridades de segurança“.
A resposta completa foi partilhada no Twitter, pelo jornalista Mark Gurman:
Apple responds to FBI getting into Pensacola shooter’s iPhone and FBI chief saying, “We received effectively no help from Apple.” pic.twitter.com/KVhtjANsd1
— Mark Gurman (@markgurman) May 18, 2020
Em suma, a marca informa que sempre ajudou as autoridades com o que lhe era possível, como por exemplo backups da iCloud, informação de contas, dados de transação de múltiplas contas e também apoio técnico e de investigação.
A Apple defende-se dizendo que as afirmações falsas contra a empresa são apenas uma desculpa para enfraquecer a criptografia e outras medidas de segurança que protegem milhões de utilizadores, e promovem a segurança nacional.
Por fim, a empresa salienta a confiança dos seus clientes, uma vez que há empenho em manter os dados destes seguros. Para isso a Apple não armazena passwords nem tem a capacidade de desbloquear iPhones protegidos por códigos.