A Apple continua a deixar indícios que poderá estar a desenvolver o seu Apple Car, um elétrico com tecnologia de condução autónoma. O projeto, chamado de Titan, está no segredo dos deuses desde 2019 e muito pouco, quase nada, se sabe dele. Agora, o que também muito poucos sabem é que já houve um carro com um modelo chamado Apple.
Não, não era um carro de luxo, nem um premium, muito menos um grande e espaçoso modelo. Era bem simples, numa altura em que a marca estava com dificuldades, na década de 90!
Sempre que se fala na junção da tecnologia Apple com o mundo automóvel, as pessoas associam ao CarPlay, uma plataforma da Apple que introduz nos veículos suportados uma interface do iOS com várias aplicações e ferramentas da Apple a correr “dentro” do sistema de entretenimento das viaturas.
Apesar de ser esse o atual produto da empresa de Cupertino para o mercado automóvel, a Apple estará, segundo rumores e alguns indícios, a projetar o seu Apple Car. Um elétrico que conta com tecnologia de condução autónoma.
Tudo isto, apesar de ser recente, aparece décadas depois da Apple ter figurado numa marca automóvel. Corria a década de 90 e a Renault disponibilizou uma série especial da Apple para o Clio.
Renault Clio Apple
A Apple em 1996 atravessava um dos períodos mais conturbados da sua história. A empresa esteve perto de falir, sob a gestão de Michael Spindler, o CEO da empresa de Cupertino entre 1993 e 1996. Então, Spindler a gastar os seus últimos truques de magia, para tentar salvar a Apple da falência (devido a uma sucessão dos mesmos erros cometidos por John Sculley), queria tentar algo “novo”.
Surgiram na altura várias ideias, uma delas era levar a marca da empresa para além dos computadores – afinal, a empresa tinha um carisma próprio que ele podia capitalizar.
De todas as ideias loucas que tinha na altura, o CEO procurou lançar uma gama de carros. As negociações com diferentes marcas e modelos provavelmente não se concretizaram – na altura, a maçã era quase sinónimo de derrota. A Renault concordou em utilizar a marca num dos seus modelos, mas não seria um modelo topo de gama: o carro utilitário Clio seria o escolhido.
Esta série, reservada ao mercado espanhol, dizia respeito às versões S e RSi do primeiro Clio. Disponível em 7 cores, incluindo dois tons de vermelho, estava equipado com rodas de liga leve, tampas de espelho da cor da carroçaria e spoiler, luzes de nevoeiro (apenas no RSi), e, claro, crachás Apple.
No interior, encontrávamos bancos desportivos em pele e tecido, medalhões de porta em pele, um rádio cassete Philips no S, um rádio CD no RSi, e um airbag do condutor, apenas no RSi. Debaixo do capô, o S tinha um 1.4L e 75cv, enquanto o RSi oferecia um motor de 1.8L e 110cv.
E a parte Apple?
Claro que não era só o “símbolo” Apple. Esta versão Clio S Apple incluía um PowerBook 190 (à cor do carro) e um telemóvel GSM para se ligar à Internet – algo inédito numa campanha automóvel na altura. Calma que há mais!
Esta oferta não se ficou por aqui e mais tarde, a Renault passou a lançar o Clio iMusic, um modelo que incluía um iPod 5G de 30GB que podia ser ligado ao carro.
Portanto, esta foi, provavelmente, a primeira entrada mais a sério da Apple no mercado automóvel. Na verdade, a campanha não foi um êxito, poucos carros foram vendidos e na rua quase não apareciam. Mas existiu. O modelo, contudo, perdeu-se como parte da história de ambas as empresas.
Nesse ano, Steve Jobs volta à empresa e a história era reescrita agora pelo icónico fundador e CEO da maior empresa do mundo tecnológico. Até aos dias de hoje a Apple continua com a ideia de se expandir para o mercado automóvel, agora com outras ambições e também com outras tecnologias.