A Força Aérea Ucraniana está a utilizar iPads nos cockpits dos seus jatos da era soviética para permitir uma rápida integração das modernas armas ar-terra ocidentais. Estas informações são confirmadas nas imagens que mostram o tablet instalado em cockpits durante missões de combate.
iPads “de guerra”
Apesar do iPad não ser um equipamento talhado para utilização em guerra, é utilizado nos aviões comerciais para auxiliar os pilotos em várias tarefas relacionadas com informações relativas ao voo. Contudo, o cenário aqui é completamente diferente. O iPad está instalado no cockpit dos aviões de guerra para gerir armamento.
Este facto foi confirmado pelo Subsecretário da Defesa para a Aquisição e Manutenção, William LaPlante. Embora subsistam muitas dúvidas sobre o tablet e o seu funcionamento exato, existem agora imagens que o mostram instalado e em utilização de fogo real.
LaPlante falava no Fórum de Segurança Global anual do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), no passado dia 24 de abril de 2024, quando lhe foi pedido que desse exemplos de programas bem sucedidos que rapidamente desenvolveram capacidades e as colocaram nas mãos dos militares. Um exemplo que escolheu foi o dos tablets nos cockpits dos caças ucranianos:
Há também uma série de… chamamos-lhe ‘ar-terra’, é o que lhe chamamos eufemisticamente… pensemos nos aviões que os ucranianos têm, não nos F-16, mas nos muitos aviões russos e da era soviética. Trabalhando com os ucranianos, conseguimos usar muitas armas ocidentais e pô-las a funcionar nos seus aviões, que são basicamente controlados pelo piloto através de um iPad. E eles começam a voar no conflito uma semana depois de lhas entregarmos.
O Subsecretário da Defesa não forneceu mais pormenores, mas é de salientar que um vídeo recentemente divulgado pela Força Aérea Ucraniana mostra um Su-27 Flanker equipado exatamente com este tipo de sistema – possivelmente um iPad, apesar de poderem usar outro tipo de tablet disponível no mercado.
Ukrainian Air Force Su-27 Flanker Wild Weasel operations, seen here conducting multiple low level standoff strikes against Russian radars with US-supplied AGM-88 HARMs. pic.twitter.com/7CosjXFNkO
— OSINTtechnical (@Osinttechnical) April 21, 2024
Toque de modernidade nos aviões da era soviética
O vídeo em questão mostra o Su-27 a utilizar mísseis AGM-88 de alta velocidade antirradiação (HARMs) fornecidos pelos EUA, que proporcionaram a estes caças, bem como aos MiG-29 Fulcrums ucranianos, uma capacidade de supressão e destruição da defesa aérea inimiga (SEAD/DEAD).
Numa parte do vídeo, como podem ver na imagem de início, o tablet mostra um mapa de navegação, bem como outros dados não discerníveis. O facto de o tamanho do tablet, fixado horizontalmente, bloquear os principais instrumentos da cabina de pilotagem sugere que este apresenta uma variedade de dados críticos para o voo, para além de ser utilizado para navegação.
Com base nas observações de LaPlante, parece que o mesmo tablet é também vital para o emprego de várias armas ar-terra fornecidas pelo Ocidente.
Após a integração do HARM, os caças ucranianos da era soviética começaram também a utilizar bombas guiadas de precisão Joint Direct Attack Munition-Extended Range (JDAM-ER). Desde então, acrescentaram às suas listas de inventário as bombas Hammer assistidas por foguetões, fornecidas por França.
O Reino Unido também se comprometeu a enviar bombas guiadas de precisão Paveway IV de modo duplo, embora não se saiba atualmente quais os aviões que as transportarão.
No caso da HARM, da JDAM-ER e da Hammer, partiu-se do princípio de que são provavelmente utilizadas contra alvos com coordenadas conhecidas, sendo estas pré-programadas na linha de voo antes da descolagem do jato.
O piloto tem então de navegar para a área, talvez também auxiliado por um tablet com navegação GPS, e depois libertar a arma, que é guiada para o alvo utilizando o seu sistema de navegação inercial auxiliado por GPS.