Tim Cook está a marcar um novo rumo, um novo cunho na Apple, essa atitude e os resultados sustentados estão a ultrapassar as expectativas dos que vaticinavam um período negro após a Era Steve Jobs.
A Apple está mais forte, está lançada para um ano de 2015 muito aliciante com números a sustentar essa pujança no mercado tecnológico. O iPhone 6 bate recordes atrás de recordes e a marca de Cupertino voltou a colocar no horizonte novidades que entusiasmam.
Tudo isso valeu a Tim Cook o título de personalidade do ano para o FT.
Ao longo deste ano, o CEO da Apple esteve incansável e mostrou por várias vezes que é um líder com personalidade própria, uma visão clara do rumo que a Apple deve tomar e com uma ferocidade implacável.
Estávamos em Fevereiro, na reunião anual de accionistas e Tim respondia sobre vários assuntos, que iam desde a sua opinião face ao Google Glass, passando pelas estratégias no mercado de televisão, quando um membro da plateia de accionistas confrontou Tim Cook sobre a rentabilidade das iniciativas ambientais da Apple, como por exemplo os Data Centers alimentados a energia solar… nessa altura Tim Cook explodiu:
“Nós fazemos coisas por outras razões além dos lucros, porque acreditamos que são correctas e justas” atacou o CEO da Apple. “Quer em termos de direitos humanos, energias renováveis ou acessibilidade para as pessoas com necessidades especiais, eu não penso num ROI sangrento,” acrescentou Tim, no mesmo tom intransigente que certamente nenhum funcionário da Apple quer alguma vez ouvir. “Para ser muito directo consigo, se essas são as linhas mestras para si, então deve sair de acção.”, concluiu.
Estas suas posições trouxeram para junto de si muitos accionistas, depois de em 2013 as acções da Apple terem caído, estava agora a empresa a valorizar cada acção em cerca de 50%, e perto de tornar a capitalização de mercado superior a 700 mil milhões de dólares.
Este foi um ponto chave para que ao nível de gestão e controlo financeiro, assim como de estratégia, Tim Cook ganhasse uma autoridade inquestionável junto da massa critica financeira.
Mas o mudar de mentes tinha de continuar e era um trabalho duro!
Eram muitas vozes em uníssono que, nos três anos após a morte de Steve Jobs, aclamavam a perda de fé, a falta de estratégia que a “nova Apple” mostrava. Tim Cook, com 54 anos, manteve a calma face a muitos ataques, isto porque a sombra do seu antecessor era um fardo controverso, mas era imperativo mudar a forma como uma empresa, no mundo actual, gere montanhas de dinheiro. Teria de haver mais abertura e mudar a atitude social da marca de Cupertino.
Depois de modificar a atitude da Apple na sua exposição externa, suavizando o seu discurso, agora calmo em vez de bruto, a Apple ataca forte, pois a concorrência está a crescer e tem trunfos, obrigam agora a Apple a correr atrás.
A estratégia não falhou e o iPhone continua a esmagar recordes após o seu lançamento. Pela mão de Tim Cook, a Apple lança novos produtos no mercado, volta a colocar produtos em segmentos adormecidos ou com falta de entusiasmo, e aparece assim o Apple Pay e o Apple Watch.
Estes dois produtos elevam agora o mercado do iPhone para dois grandes segmentos, o das finanças e o da moda, recapturando com isso o espírito de inovação que a marca havia perdido nos últimos anos. No caso dos smartwatches, a concorrência não tem ainda um rumo, como é o caso da Samsung que lançou já 6 modelos e nenhum com sucesso que se veja. O adiamento do lançamento do Apple Watch é disso um espelho (mesmo que muita gente tenha ficado aborrecida por não ter sido lançado em 2014), esperar um produto maduro para marcar a diferença no mercado.
A Apple acompanha os seus concorrentes, em relação a novidades e não deixa escapar a Google, no que toca à capitalização do mercado tecnológico.
Os resultados estão à vista e as vendas de 70 milhões de iPhones convencem o mercado de Wall Street, a Apple deve vender neste trimestre mais do que os 42 mil milhões de dólares conseguido no trimestre anterior.
Financial Times distingue Tim Cook como personalidade do ano de 2014
O sucesso financeiro e as novas tecnologias que vislumbraram o mercado, poderão ter sido o suficiente para Tim Cook ser considerado a personalidade de 2014, para o Financial Times.
Mas a sua exposição ao mundo, a sua atitude vincada não se ficaram por aqui, pelo capítulo da gestão e estratégia de mercado, pela primeira vez o homem forte da Apple falou em público sobre a sua sexualidade.
Tim Cook, CEO da Apple: “Tenho orgulho em ser gay”
“Se ouvir que o CEO da Apple é gay pode ajudar alguém que esteja em luta e chegar a acordo sobre quem ele ou ela é, ou trazer conforto a alguém que se sinta só, ou inspirar pessoas para que insistam na sua igualdade, então vale a pena fazer a troca com a minha própria privacidade”
Escreveu Tim na Bloomberg Businessweek em Outubro.
Foi um raro vislumbre da sua vida pessoal que, até então, estava muito bem guardada, contudo poderia ter colocado em risco marca da Apple em partes menos tolerantes do mundo. Mas até este momento mostrou como é um líder respeitado.
Força que se viu na própria gestão de elementos.
A Apple tem hoje mais elementos femininos dado o incentivo de direitos de igualdade. A empresa está mais humanizada, mais tolerante do que alguma vez o tenha sido com o anterior CEO.
No capítulo das posições de força, energéticas face aos desenvolvimentos de produtos, também aqui Tim Cook foi duro e implacável.
Quando as coisas correm mal, Cook tem uma acção rápida e impiedosa. No final de 2012, após o lançamento prematuro da falhada app Mapas da Apple, ele descartou Scott Forstall, que liderou a criação do iOS e era um aliado próximo de Jobs. Esta acção dá a conhecer à tripulação um líder que não aceita mau desempenho e falhas que cheguem ao exterior da empresa. Mas mais cadeiras rodaram e muitos são os cargos que trocaram de mãos.
A Apple tem nova dinâmica, enceta parcerias com a IBM e faz dezenas de pequenas aquisições no ramo tecnológico, contrata personalidades que se destacaram no mercado da moda para gerir sectores da empresa, renova o seu look&feel como nunca se pensaria que resultasse.
Sir Jonathan Ive transformou radicalmente o iOS que muitos nunca aceitariam, de tal forma que hoje, já na versão 8, expandiu o seu encanto gráfico para um produto que está a excitar a própria Apple como há muito não se via, o Apple Watch.
Neste ano de 2014 muito se falou sobre Tim Cook, muitos produtos foram anunciados, tal como ele havia prometido há um ano atrás, quando conjecturava sobre 2014 e tudo isso ficou bem patente pelo mundo fora, numa altura onde a concorrência tem produtos de excelência e se vaticinava uma queda apagada da gigante Apple.