Por Gil Mendes para o Pplware.com
A Apple anunciou, no passado dia 10 de Junho no evento WWDC, o novo Mac OS X, o Mavericks. Este novo sistema operativo da empresa de Cupertino traz muitas novidades, é um salto importante na convergência do ecossistema da Apple, onde o foco está no seu serviço iCloud e na ligação aos iDevices.
Esta nova versão do OS X já em versão GM, estará disponível ao público, através da App Store, já a partir do dia 22 deste mês e a actualização deverá rondar os 18€.
Já o testamos e mostramos agora as primeiras impressões do Mavericks.
Naturalmente se vê uma aproximação do Mac OS X ao iOS e a convergência que referimos é intencional e faz sentido. A estrutura da Apple é mais forte se estiver optimizada, assim, o iOS influência fortemente esta versão do Mac OS X. Depois de, nas versões anteriores, a Apple levar para dentro do OS X várias funcionalidades e aplicações do iOS, desta vez vemos já nesta nova versão o Maps e o iBooks. Além disso foram feita inúmeras melhorias em todo o sistema, principalmente a nível do Kernel, e o Skeumorfismo está a morrer, já não existe mais texturas no sistema apenas cores sólidas, gradientes e blur.
O Skeumorfismo é um ornamento físico, desenho ou técnica sobre um objecto feito para se parecer com um outro material ou técnica.
Está mais sóbrio e mais funcional. Sob esse prisma vamos mostrar algmas novidades.
iBooks
O OS X iniciou um novo capítulo na história do iBooks, agora todos os livros comprados no iPhone, iPad ou iPod irão aparecer automaticamente no seu Mac. É uma nova forma de organização, a sua biblioteca nunca teve este nível de destaque na sua vida.
O modo de leitura é bastante simples, é como se estivesse a fazer um preview a ficheiro através da barra de espaços no Finder, contém as mesmas funcionalidades que conhece do iOS, como por exemplos alterar o tipo e o tamanho de letra, assim como a cor do fundo. Podemos pesquisar termos, tirar notas e adicionar marcadores.
Há uma notória melhoria da performance, o que, certamente, deriva da afinação dos efeitos, mesmo ao nível das aplicações agora portadas. Está agradável esta função de arquivo e leitura da nossa literatura.
Através de um botão, localizado no canto superior esquerdo da janela principal do iBooks, é possível aceder a iBooks Store, lá irá encontrar milhares de livros pagos e gratuitos. Nesta janela pode pesquisar por título do livro, ver o Top dos mais lidos e vendidos, encontrar todos os livros do seu autor favorito e, claro, comprar.
Logo que compre um livro, este será de imediato disponibilizado, via iCloud, a todos os seus iDevices.
Maps
O polémico aplicativo Maps também está disponível para o OS X, é possível viajar pelo mundo através de mapas gráficos, de imagens de satélite ou híbrido.
É possível também usar a tecnologia Flyover e ter uma experiência interativa e realista num fluido 3D que permite sobrevoar algumas cidades do mundo. Num ecrã generoso, esta experiência é fabulosa, acreditem!
Agora já pode planear as suas viagens, marcar pontos de interesse, ver as informações de trânsito e ainda partilhar percursos e pontos de interesse com os seus amigos, ou então simplesmente enviar para o seu dispositivo iOS e obter direções turn-by-turn.
Localização de pontos de interesse com informação detalhadas, tudo à distância de um clique no seu Macbook, por exemplo! Verá que, ao usar esta função como um “programador de itinerários” ganhará muito tempo, isto porque o detalhe de informação é impressionante.
Calendário, Notas e Contactos
Foi o fim do skeumorfismo para estes aplicativos, a Apple quer exterminar de uma vez por todo o “circo”, assim se referiu Jony Ive ao Skeumorfismo do iOS, dos aplicativos com aspecto de objectos da vida real.
Nenhuma destas aplicações recebeu uma grande actualização, algumas foram somente alvo de melhorias no aspecto geral, à exceção do Calendário que contém um novo inspector para visualizar os eventos, este permite agora ver o tempo de viagem necessário para chegar a um determinado evento, baseado na sua posição actual.
Ainda não há grandes informações a este respeito, mas a Apple não alterou o visual do Game Center e do Lembretes, o que é estranho!
Safari
O Mavericks realmente desafia os limites da velocidade, e o Safari não é exceção.
A página de Top Sites recebeu um ligeiro refresh. A nova barra lateral permite ver os marcadores, a lista de leitura ou os links partilhados. Pode também adicionar páginas à lista de leitura com um só clique.
O links partilhados é um novo local para ver o que se passa na Web, com links das pessoas que seguem. Pode percorrer as histórias, sem precisar de clicar em lado nenhum.
Testes de desempenho
Os testes de desempenho referem-se a velocidade que o navegador é capaz de processar JavaScript. Este teste baseia-se em scripts que se aproximam o mais possível de problemas que os desenvolvedores têm de enfrentam nos dias de hoje, como JSON, 3D, descompressão de código, criptografia, e muito mais.
Como podemos ver, o Safari está bastante optimizado, actualmente é o navegador que recomendaríamos a quem necessita de visitar sites que recorrem as últimas tecnologias da WEB.
Eficiência
Utilização de memória
Para este teste, mais uma vez usaremos os navegadores mencionados em cima, Safari, Firefox e Google Chrome, todos nas suas últimas versões. Nenhum dos navegadores tem extensões instaladas e todos eles foram fechados pela última vez sem qualquer separador aberto.
O objectivo do teste é medir a quantidade de memória RAM necessária por cada navegador para abrir as seguintes páginas em simultâneo em diferentes separadores:
- apple.com
- pplware.com
- youtube.com
Mais uma vez o Safari mostra que foram feitas inúmeras melhorias no Core do navegador nativo do OS X, ficando a uns espantosos 138 MB de diferença do que é o navegador de eleição dos utilizadores da WEB.
Utilização de energia
Vamos agora ao último teste. Graças às novas ferramentas que o Mavericks nos oferece, podemos ficar a saber quanta energia é que cada processo está a consumir no preciso momento, em tempo real. Para que fique claro, as condições deste teste permanecem as mesmas.
E mais uma vez o Safari sai em vantagem face aos seus mais fortes oponentes e demonstra a super eficiência que este navegador oferece.
iCloud Keychain
A função do iCloud Keychain é guardar, encriptar e preencher automaticamente palavras-passe e cartões de crédito (por segurança, é necessário preencher manualmente o código de verificação). E sempre que precisar de criar uma nova password para um website, o gerador cria uma palavra-passe única, difícil de adivinhar e guarda-a no iCloud.
Também o iOS oferecerá (de forma plana) está funcionalidade, o que irá permitir ter acesso a todas as contas que usamos na WEB em todos os dispositivos que estejam equipados com o iOS e o OS X.
Como curiosidade, o iOS 7 já teve esta funcionalidade nas suas versões beta, mas foi removida da versão final.
Ecrãs Múltiplos
Certamente a pior coisa que podia existir no Mountain Lion era a impossibilidade de usar um segundo ecrã sempre que uma aplicação estivesse em modo de full screen. Mas isso acabou, o Mavericks permite tirar todo o partido de múltiplos monitores e proporciona assim uma maior flexibilidade para trabalhar como necessitarmos.
Deixa assim de existir um monitor principal e secundário, agora cada um tem a sua própria barra de menus e Dock.
Notificações
As notificações também receberam algumas funcionalidades. Agora é possível criar notificações interactivas, como por exemplo, o utilizador recebe uma notificação de mensagem via a app “Mensagens”, antigamente era necessário abrir a aplicação (em janela) para responder, mas agora basta responder directamente a partir da notificação.
Além disso, podemos receber notificações de páginas da Internet através do Safari mesmo que este esteja fechado. Também durante o modo de pausa, o Mac continua a receber notificações e apresenta-as quando volta a utilizá-lo, assim é impossível perder alguma informação.
Separadores
E depois de tanta espera, os separadores chegam finalmente ao Finder, não há muito para dizer sobre eles, funcionam como todos os separadores funcionam. Mas existe uma funcionalidade interessante que se chama agrupar janelas, o funcionamento é simples, através de uma animação todas as janelas aberta passam agora a estar agrupadas através de separadores.
Identificadores
O objectivo dos Identificadores é fornecer mais uma forma de nos organizamos, além das pastas. O funcionamento é bastante simples, seleccionamos os ficheiros que queremos adicionar a um identificador e clicamos no novo botão do Finder, etiquetar. De seguida selecionamos as etiquetas que entendemos.
Acreditem, será muito mais fácil encontrar algum conteúdo, pois temos mais um filtro de procura à nossa disposição. Este tipo de identificação aumenta de forma brutal a performance da pesquisa, isto quando temos milhares de assuntos arquivados no nosso disco, ou discos, pois a indexação é extensível.
Monitor de Actividade
Houve algumas mudança no monitor de actividade, agora temos diversos modos de visualização, são eles, CPU, Memória, Energia, Disco e Rede. Mas a verdadeira novidade é o separador “Energia” que permite ver as apps que gastaram energia nas últimas 8 horas e visualizar a energia que as apps abertas estão a gastas em tempo real. Também dá informação sobre as apps que estão no modo App Nap e se estão a fazer uso da GPU.
Se quiserem uma forma rápida ver quais as apps que estão a gastar mais energia basta clicar no ícone da bateria na barra do Mac. Um pequeno passo para a Apple mas um salto para o universo de utilizadores OS X.
Encontramos uma incongruência nesta aplicação, sempre que se tenta fazer uma pesquisa a um processo, a pesquisa é anulada pelo refresh automático dos dados.
Esta é uma área que deve ser mais explorada pelo utilizador, mesmo para perceber a importância dos dados fornecidos. O comportamento do sistema é muito importante e há pistas que podem ser analisadas aqui, nestes monitores.
A análise e informação sobre o consumo de energia é uma fantástica novidade, ajudará substancialmente quem “vive” da performance da bataria.
Alterações ao Nível do Kernel
E agora vamos falar do que para nós foram as alterações mudanças mais aguardadas e mais relevantes. Desde o lançamento do iOS, parece-nos, que o OS X foi deixado um pouco ao abandono e poucas melhorias ao nível interno eram lançadas, mas pelos vistos as alterações demoraram mas acabaram por chegar.
Até agora temos vindo a falar de alterações que são muito visuais e facilmente perceptíveis, mas agora vamos falar do que às vezes é difícil reparar, aquilo que não se vê.
Timer Coalescing
A Apple ao longo do desenvolvimento do Mavericks esteve a trabalhar numa forma de tirar o máximo partido da CPU e poupar ao máximo a energia necessária. Além disso, graças a tecnologia Time Coalescing é possível agrupar operações de baixo nível de modo a criar pequenos períodos de inactividade que permitem ao CPU entrar num estado de baixo consumo com maior frequência.
Podemos afirmar que efectivamente se nota a existência desta tecnologia e cumpre o prometido. Depois de instalar o Mavericks houve um aumento significativo na autonomia da bateria, sem qualquer perda na performance.
App Nap & Economizador de Energia do Safari
Esta é uma outra forma de poupar energia, quando estão várias apps a correr em simultâneo. O OS X detecta quando uma app está totalmente oculta atrás de outras janelas e, quando isso acontece, o OS X abranda a app, mesmo que esta esteja a ler música, vídeo, ou ficheiros, e volta a colocá-la “a todo gás” quando esta fica visível. Parecendo que não, isto permite uma diminuição significativa na utilização do CPU e, mais uma vez, sem sequer nos apercebermos.
O Safari também foi equipado com bastante tecnologia que permite adiar a drenagem da bateria, esta nova funcionalidade reconhece a diferença do que nós queremos ver e o que não queremos. Se o conteúdo estiver em primeiro plano, como os vídeos do YouTube, todo o conteúdo é lido como habitualmente, mas se estiver nas margens, o economizador de energia coloca-o em pausa, mostrando uma pré-visualização estática do conteúdo até ser feito um clique no mesmo.
Memória Comprimida
Os utilizadores de modelos mais antigos, que contenham somente 4GB de RAM, podem começar a saltar de alegria. Graças a esta nova tecnologia é possível obter um pouco mais de memória, compactando a RAM inactiva e desta forma libertar espaço quando mais necessita. Isto só acontece quando o MAC está a chegar ao limite da memória.
Em resumo…
Como podemos ver o Mavericks é sinónimo de um melhor aproveitamento dos recursos da nossa máquina, isto irá permitir fazer mais por menos. Mais aplicações abertas, mais memória livre e maior autonomia. Menos consumo energético, menos desperdício de recursos do CPU e menor desperdício de RAM.
Se quiser saber se o seu Mac é compatível com esta actualização clique aqui.
O que acha das novidade do Mavericks? Gostava que tivessem sido implementadas outras funcionalidades? Se sim, quais?