O Apple Watch tem recebido tecnologia de ponta no que toca a hardware dedicado a analisar o coração dos seus utilizadores. Com o refinar da técnica, alguns estudos começam a perceber as potencialidades do equipamento para lá das definições que a própria Apple fornece. É o caso de um novo estudo que determina ser possível o relógio detetar arritmias em crianças e indivíduos até aos 22 anos.
São inúmeros os casos por todo o mundo a dar crédito ao Apple Watch pela ajuda a salvar vidas e a detetar quadros clínicos graves.
A Apple, na apresentação da nova série de smartwatches, em setembro passado, fez inclusive um vídeo dedicado a esses que festejam novamente o seu aniversário:
A saúde tem sido um dos pilares básicos para o progresso dos dispositivos vestíveis nos últimos anos. Especialmente tendo em conta a aposta que o Apple Watch fez com a chegada da possibilidade de realizar um eletrocardiograma ou a deteção da saturação de oxigénio no sangue. Estas funções ajudam os utilizadores a avaliar e a melhorar a sua saúde.
Um novo estudo publicado pela Universidade de Stanford sugere que o Apple Watch também pode ser útil na deteção de arritmias em crianças, uma vez que atualmente a Apple só tem certificação de ECG para idades a partir dos 22 anos.
Abaixo dos 22 anos, o Apple Watch também é preciso a detetar fibrilhação auricular
A Apple e a Universidade de Stanford uniram-se para investigar as implicações do Apple Watch na deteção de eventos de arritmia em crianças, incluindo eventos não identificados em monitores ambulatórios tradicionalmente usados. Tudo isto faz parte do conhecido Apple Heart Study, cujos resultados são publicados periodicamente nas principais revistas do mundo.
O mais recente estudo, intitulado “Usefulness of smartwatches for identifying arritmias in children” (Utilidade dos smartwatches para identificar arritmias em crianças), baseia-se na premissa de que a FDA e outras agências responsáveis pela regulação deste tipo de dispositivos em relação à saúde apenas acreditaram funções de deteção de arritmias para utilizadores com mais de 22 anos, ou seja, a deteção de situações cardíacas não é indicada para crianças com menos de 22 anos.
No entanto, a Apple e a Universidade de Stanford quiseram saber qual era a implicação do Apple Watch e da deteção de atividade elétrica em crianças, e colocaram a hipótese de que poderia de facto detetar arritmias em crianças.
A equipa detetou 145 identificações de registos médicos eletrónicos do Apple Watch e encontrou arritmias confirmadas em 41 doentes (28%) [idade entre os 10 me os 16 anos]. As arritmias incluem: 36 Taquicardias supraventriculares reentrantes ou TSV (88%), 3 Taquicardia ventricular ou TV (7%), 1 bloqueio cardíaco (2,5%) e 1 taquicardia complexa ampla (2,5%).
Smartwatch melhor do que alguns dispositivos médicos de uso doméstico
Este estudo mostra que a utilização do Apple Watch pode permitir aos médicos identificar anomalias que muitos dispositivos tradicionais de monitorização em casa não detetam.
Segundo o estudo, 85% das crianças estavam a usar monitores cardíacos tradicionais e 29% dessas crianças não foram diagnosticadas com uma arritmia, porque o monitor não tinha captado o ritmo anormal. Dos 73 pacientes que utilizavam o Apple Watch para monitorizar o ritmo cardíaco, 25% procuraram assistência médica após a deteção de um ritmo anormal, sem que fosse identificada qualquer arritmia.
É importante salientar que, em 71% dos casos, os resultados do Apple Watch levaram a equipa médica a realizar um estudo elétrico mais complexo para, em última análise, diagnosticar uma arritmia.
Em conclusão, este estudo revela que há indícios de que o Apple Watch pode ser útil na deteção de arritmias em crianças. Não tanto o diagnóstico em si, mas a deteção de sintomas compatíveis e de episódios mais graves detetados com relógio poderão ajudar a equipa médica a acelerar o diagnóstico.