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Apple acusada de “avariar” intencionalmente o FaceTime no iOS 6

Empresas como a Apple têm por vezes problemas judiciais com utilizadores que discordam das suas políticas. Nos Estados Unidos, as pessoas recorrem com frequência à justiça para mostrar a sua indignação e razão.

O mais recente caso a chegar ao tribunal coloca frente e frente a Apple e uma utilizadora que acusa a empresa de ter “avariado” intencionalmente o FaceTime no iOS 6, apenas por questões financeiras.

O novo processo em que a Apple está envolvida foi apresentado num tribunal da California e pretende provar que a empresa teve a intenção de forçar os utilizadores a atualizar para o iOS 7, apenas para conseguir poupar milhões de dólares na disponibilização do FaceTime.

Problemas do FaceTime?

A acusação tem contornos rebuscados, mas é simples de entender. O FaceTime é um dos serviços de videoconferência mais eficientes e robustos do mercado. Quando este serviço foi originalmente lançado, havia duas formas para comunicação entre terminais: a primeira recorrendo a protocolos peer-to-peer, que permitia a transferencia “direta” de áudio e vídeo entre equipamentos e um segundo método, que recorria a servidores de terceiros, em concreto da Akamai para estabelecer a ponte de comunicação entre esses equipamentos.

No entanto, devido a um processo da VirnetX, a Apple foi obrigada a desligar o primeiro método de comunicação (P2P) passando as comunicações a fluir apenas pelos servidores da Akamai. O problema deste cenário é que, devido ao elevado número de comunicações a processar, a Apple era obrigada a suportar mensalmente custos elevados para manter este serviço em funcionamento.

Como solução para tal problema a Apple redefiniu o sistema de comunicações assentes em protocolos P2P sem infringir as patentes da empresa VirnetX Holding Corp. O problema estava nos utilizadores que ainda tinham o iOS 6 e cujas chamadas continuavam a fluir através dos servidores da Akamai.

Para resolver rapidamente tal problema, a Apple fez expirar um certificado de segurança do serviço, fazendo com que o FaceTime deixasse de funcionar corretamente no iOS 6.

Com este novo problema no iOS 6, que a Apple categorizou como um bug e que seria apenas corrigido com a atualização para o iOS 7, a Apple terá conseguido forçar a atualização e assim deixar de pagar os serviços da Akamai.

 

As provas de que a Apple “avariou” o FaceTime no iOS 6

Toda esta informação foi obtida de um outro processo que esteve em tribunal até ao final do ano passado, onde a empresa VirnetX Holding Corp conseguiu que a Apple fosse obrigada a pagar 302,4 milhões de dólares pela violação de várias patentes.

Segundo a informação disponibilizada no processo, e que foi tornada pública, a Apple terá pago 50 milhões de dólares à Akamai entre abril e setembro de 2013. Existem ainda documentos onde funcionários da Apple descrevem a forma para conseguiram “avariar” o FaceTime no iOS 6 e como isso iria servir à Apple para poupar muito dinheiro.

Esquema usado pela Apple foi revelado

A principal prova de todo este novo processo pode ser lida abaixo e não deixa muita margem de manobra para a Apple. Uma pergunta foi enviada para os engenheiros da Apple e questionava o que tinha sido feito para reduzir a utilização dos serviços da Akamai.

Hey, guys. I’m looking at the Akamai contract for next year. I understand we did something in April around iOS 6 to reduce relay utilization

A resposta é clara e mostra bem qual foi a solução que a equipa da Apple encontrou para evitar a despesa que estavam a ter com a Akamai e com os seus serviços.

It was a big user of relay bandwidth. We broke iOS 6, and the only way to get FaceTime working again is to upgrade to iOS 7.

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As provas parecem não deixar dúvidas que a Apple agiu de forma deliberada quando inutilizou o FaceTime no iOS 6, obrigando à atualização para a versão 7, o que veio deixar muitos dos iPhones com problemas de performance, desagradando aos utilizadores.

Segundo o que está a ser veiculado, dificilmente a Apple conseguirá escapar a uma condenação neste processo. Falta agora ao tribunal decidir se este será um caso isolado ou se, como é normal nos Estados Unidos, mais clientes queixosos podem aderir ao processo (class action lawsuit).

Toda a informação sobre este processo pode ser lida aqui.

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