A Apple sempre teve um grande empenho em desenvolver elementos facilitadores e tecnologias de integração para pessoas com algum tipo de incapacidade. A área Acessibilidade dos seus vários sistemas operativos é uma compilação desses mesmo elementos que ajudam a colmatar barreiras de milhares de utilizadores. Assim, a empresa quer continuar esse caminho e pretende usar a câmara do iPhone para detetar autismo infantil.
O autismo é uma perturbação complexa do desenvolvimento que se manifesta ao nível comportamental e social. Os sinais geralmente aparecem durante a primeira infância e é aqui que a Apple quer perceber os primeiros sinais.
Depois do iOS 15 trazer uma mão-cheia de novidades, a Apple já prepara mais envolvimento com áreas dedicadas à saúde e bem-estar também no iPhone. Segundo o The Wall Street Journal, a gigante tecnológica está envolvida numa investigação que tem como objetivo utilizar as câmaras do iPhone para detetar o autismo infantil.
O objetivo de usar dados da câmara para observar o comportamento de uma criança é conseguir ser uma mais-valia para o diagnóstico precoce. Em Portugal, estima-se que o autismo afete cerca de 1 em cada 1000 crianças em idade escolar, com um valor um pouco mais elevado nos Açores do que no Continente e com predomínio no sexo masculino.
Como poderá ser usada a tecnologia da câmara do iPhone para detetar autismo?
As crianças autistas geralmente têm problemas com competências sociais, emocionais e de comunicação. Podem repetir certos comportamentos e não querer mudanças nas suas atividades diárias.
Por exemplo, poderá não olhar para objetos quando outra pessoa aponta para eles, não ter interesse nas pessoas que o rodeiam, evitar contacto visual e querer ficar sozinho, repetir ações várias vezes, repetir ou ecoar palavras ou frases que lhes sejam ditas, entre outros comportamentos.
A Apple quer desenvolver um mecanismo capaz de usar a câmara dentro do iPhone para monitorizar o rosto de uma criança e observar diferentes comportamentos faciais, como a frequência com que desviam o olhar, entre outros fatores potenciais para detetar o autismo infantil.
A Apple tem uma parceria de investigação relacionada com o cérebro com a Universidade Duke que ainda não revelou. O seu objetivo é criar um algoritmo para ajudar a detetar o autismo infantil, de acordo com os documentos e as pessoas familiarizadas com o trabalho.
A investigação analisa a utilização da câmara do iPhone para observar como as crianças pequenas se focam, com que frequência balançam para trás e para a frente, e outras medidas, de acordo com os documentos.
Refere o relatório apresentado no The Wall Street Journal.
Dispositivo Apple para monitorização cognitiva
Conforme vimos no início deste ano, a Apple trabalha em parceria com a Biogen. Esta empresa americana de biotecnologia, foi apresentada como parceira para estudar e desenvolver formas de utilizar o iPhone e o Apple Watch para notar um declínio cognitivo dos utilizadores ou potenciais sinais de depressão.
Agora, há informação mais específica sobre a ação na deteção precoce de deteção do autismo infantil. Apesar destes esforços, o Jornal refere que estas características de monitorização poderão nunca se tornar numa “funcionalidade ou utilidade direta” para o utilizador, mas refere que a Apple no passado também investiu em múltiplos estudos centrados no coração antes de lançar uma série de características relacionadas no Apple Watch.
O relatório também frisa que, como parte do esforço de privacidade da Apple, a empresa terá como objetivo final executar algoritmos, incluindo os de deteção precoce do autismo infantil, localmente num dispositivo do utilizador. Quer isto dizer que nunca sairá da esfera local qualquer dado sobre o utilizador, tudo ficará dentro do iPhone ou Apple Watch, cifrado, sem possibilidade dos dados serem recolhidos para processamento remoto.
Por fim, o relatório dá conta que a investigação ainda está nas fases iniciais, mas os executivos da Apple estão entusiasmados com o seu potencial.
Embora não exista cura para o autismo, existem tratamentos e medidas educativas que permitem lidar melhor com esta situação, reduzindo os comportamentos mais perturbadores e oferecendo maior autonomia. Será nessa base que a Apple poderá trabalhar.