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Análise: Two Point Hospital (Xbox One)

Em 1997, em plena época gorda para os SIM, na qual abundavam títulos variados como RollerCoaster Tycoon (Parque de Diversões), Beach Life (Estância Turística), Tropico (Ilha nos Trópicos) ou Railroad Tycoon (Caminhos de Ferro), surgiu um jogo com uma temática diferente: Theme Hospital.

Este jogo consistia em gerir um Hospital e agora, passadas cerca de duas décadas, eis que chega às consolas (após passagem pelos dispositivos mobile) o seu sucessor: Two Point Hospital.

Numa altura em que o centro de todas as atenções se prende com esta temática, o Pplware já experimentou Two Point Hospital.


Desenvolvido por Two Point Studios, e seguindo as pisadas de Theme Hospital, Two Point Hospital é jogo de estratégia no qual o jogador terá de fazer a gestão de uma unidade hospitaleira combatendo vários tipos de maleitas que assolam a população local e criando assim um Centro Hospitalar de renome e classe mundial.

Com a pandemia de Covid-19 a assolar o país (e Mundo), este jogo é uma simulação sobre uma área de atividade que tem visto poucos exemplos de jogos ao longo dos anos.

Como simulação, o jogo deve ser interpretado de uma forma bastante descomprometida e assenta em duas vertentes principais. Uma vertente mais profissional, virada para o negócio e os seus aspetos funcionais, e uma vertente para a componente humana e relacionada com interação dos intervenientes do jogo (utentes, funcionários, médicos…).

Two Point Hospital junta ambas as vertentes numa receita divertida e pouco séria.

O Negócio

A gestão do negócio hospitalar em Two Point Hospital, apesar de vasta, acaba por ser relativamente simples. O jogo está muito orientado para uma jogabilidade descontraída e repleta de momentos de humor, removendo grande parte do carácter sério que poderia apresentar.

Para terem uma ideia, uma doença recorrente intitula-se de Lighthead (o jogo encontra-se em inglês), que em português e de forma literal pode traduzir-se por “cabeça de luz” ou “cabeça de lâmpada” e consiste numa pessoa com uma lâmpada na cabeça. Absurdo, certo? Pois a cura não o é menos. Os pacientes diagnosticados com essa doença são curados apenas com uma máquina que desenrosca a lâmpada e põe uma cabeça no lugar.

É este humor nonsense que, remove seriedade ao jogo, mas, alimenta-o de um nível de descontração viciante e delicioso.

Contudo, esta vertente mais cómica não remove uma certa complexidade funcional. Existem muitos exemplos de conceitos bastante realistas, simulando o funcionamento dum Hospital. Um exemplo: ao chegar ao Hospital, os utentes dirigem-se primeiramente à secretaria, onde são encaminhados para filas de espera, aguardando entrada em gabinetes de diagnóstico. A partir daí são orientados, consoante o seu caso, para a farmácia, para exames, ou mesmo para internamento.

Se multiplicarmos isto por dezenas de pacientes, então temos o nosso Hospital como um organismo vivo repleto de movimento e interações relativamente coerentes e realistas.

Há, no entanto, outros aspetos mais específicos que o jogo não abarca. Por exemplo, um hospital atualmente gasta largas quantidades de consumíveis (seringas, compressas, ..). Two Point Hospital não prevê esse nível de micro gestão o que poderia ser interessante.

O jogo apresenta uma maior profundidade ao nível da gestão e interação com os diferentes personagens do jogo.

Os Intervenientes

Cada interveniente, médico ou paciente, tem um vasto conjunto de características próprias intimamente relacionadas com o seu estado de saúde e com a sua experiência no hospital.

No caso dos utentes. Se o hospital não tiver escoamento suficiente para os pacientes que dão entrada, pode chegar a um ponto em que as filas de espera aumentem substancialmente. Isso levará a insatisfação dos utentes e, uma vez que há uma avaliação de satisfação, isso será negativo.

Um fator importante no jogo, é a contratação de novos funcionários, seja pessoal médico (médicos ou enfermeiros) ou auxiliares (limpeza, ou assistentes).

Cada candidato apresenta as suas próprias valências profissionais, bem como traços de personalidade específicos e isso é importante ter em conta, pois vai influenciar a sua prestação profissional. Por exemplo, um médico que sofra de insónias e necessite de pausas sucessivas, irá ter uma tendência para se ausentar mais vezes aumentando as suas listas de espera.

Por outro lado, durante o processo de criação do hospital, o jogador terá de pensar noutros aspetos menos importantes, mas que influenciam também a sua reputação. Por exemplo, convém que o hospital seja um local asseado e minimamente confortável.

E isso leva-nos a outro aspeto do jogo, a personalização. Existem à disposição do jogador para serem adquiridos (com dinheiro do jogo), inúmeros itens, acessórios ou máquinas que ajudam a alterar a forma como o hospital funciona e presta os serviços aos pacientes. Desde simples canteiros com plantas, a stands com brochuras hospitalares, máquinas de snacks ou bebidas, passando por zonas de espera ou personalização dos equipamentos dos médicos e enfermeiros… é grande a variedade de personalizações à disposição.

Ocasionalmente recebemos vários desafios propostos pelo jogo. Por exemplo, surge uma epidemia de Monobrow (comummente denominada de mono celha). Pode-nos ser pedido que perante esse surto, o hospital cure 20 pacientes em 10 dias. Isso faz com que o jogador tenha de preparar as instalações hospitalares para respeitarem a doença e respetivo fluxo de consultas e exames necessários.

Outros desafios podem passar pela inspeção de Delegados de Saúde ou visitas de celebridades, mas no final estas tarefas trazem um pouco de diversidade a uma jogabilidade que poderia começar a ser rotineira.

Com a evolução do hospital e respetivas receitas, há ainda a possibilidade de upgrade às diferentes máquinas médicas instaladas, e assim, não só prestar melhores e mais rápidos serviços como também obter a cura de novas doenças.

Um dos aspetos mais irritantes que achei em Two Point Hospital prende-se precisamente com as ausências dos profissionais. Isto, pois quando se ausentam dos seus postos de trabalho, muitas vezes “perdem o norte” sendo necessário ao jogador voltar a posicioná-lo novamente no seu gabinete/sala.

Veredicto:

Gostei de Two Point Hospital, na sua vertente mais simplista e comediante. Misturando humor com outros conceitos mais sérios relacionados com Saúde ajuda a passar o tempo, e será aconselhável para quem goste deste tipo de simulação descomprometida.

Nos tempos que correm e com o Estado de Emergência declarado em Portugal com tudo o que isso acarreta, esta pode ser uma alternativa divertida e descontraída para passar algumas horas.

No entanto, fica o alerta para quem procure uma simulação mais realista: não é aqui que a vai encontrar.

Two Point Hospital

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