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Análise Battlefield 2042 (Xbox Series X)

2021 é o ano de Battlefield 2042 e, o jogo da Electronic Arts que foi desenvolvido pela DICE, desde a sua apresentação que criou altas expetativas.

Ao longo do ano, temos vindo a acompanhar os preparativos do lançamento de Battlefield 2042 (com participação inclusive na Beta) e …  o momento chegou. Battlefield 2042 já foi lançado e já o experimentámos.


Desenvolvido pela DICE, Battlefield 2042 marca o regresso de um dos jogos de guerra mais apreciados de sempre. Uma verdadeira série de culto, no reino dos videojogos, que nos tem habituado (com uma ou outra excepção) a fantásticos jogos de guerra onde pontuam batalhas excitantes e épicas passando por várias épocas da nossa História.

Battlefield 2042 decorre num futuro próximo, no qual o planeta sofre os graves efeitos das alterações climáticas resultantes da mão humana e, enquanto zonas do planeta sucumbem à devastação, a pressão dos países ainda habitáveis torna-se insuportável e o mundo precipita-se para uma crise global.

Uma crise militar que envolve as duas tradicionais super potências, mas que vê aparecer um novo interveniente: os No-Pats (Sem Pátria). No contexto do jogo, estes No-Pats são soldados especializados que, tal como o nome indica, não têm uma pátria e se encontram envolvidos numa verdadeira guerra pela sobrevivência.


Guerra para todos os gostos

Battlefield 2042 apresenta uma narrativa à escala global o que faz com que os diferentes palcos onde a ação decorre, também estejam distribuídos por várias zonas do planeta. Do Chile a Singapura, passando por locais como a Coreia do Sul, Antártida ou Qatar, o conflito passa por zonas bem distintas, com tudo o que isso implica para a jogabilidade.

Podemos contar com 3 modos principais que, de certa forma, abrangem vários tipos de jogabilidade.

Conforme veremos de seguida, estes 3 modos complementam-se, fazendo de Battlefield 2042, um jogo bastante versátil.


All Out Warfare – Ruptura

Um modo já conhecido na série, traz de volta combates de grande escala (128 jogadores no palco de guerra), com duas equipas em campo: ataque e defesa.

Cada mapa, extremamente generoso em tamanho (são os maiores da série), encontra-se dividido em vários sectores, que têm de ser conquistados pela equipa atacante, ou mantidos pela equipa defensora. A ideia é a dos atacantes irem conquistando os diferentes sectores, um a um, até conseguirem o domínio de todos e assim vencer o desafio. Quando um sector é capturado, este fica bloqueado, não podendo voltar a ser reconquistado pelos defensores.

O catch é que, os respawns (reforços) atacantes são limitados, contrariamente aos dos defensores que são infinitos, fazendo com que o trabalho da força ofensiva tenha de ser mais objetivo e melhor executado.

Quando as tropas atacantes conquistam um sector, os soldados defensores são empurrados para uma linha de defesa mais atrasada, passando a defender o próximo sector. Como resultado disso mesmo, o espaço vai começando a escassear e a pressão a aumentar, para ambos os lados.

Com tantos soldados e veículos a avançarem pelo terreno em simultâneo, existem momentos altos de conflito aberto e total. Mas, também existem momentos de caos completo e esse bailado militar de soldados, veículos e balas a voar de todas as direções recria momentos de grande frenesim.

Isto é particularmente notório, quando grande número dos soldados se encontra num único local. O que por sua vez, pode levar a que existam secções dos mapas que ocasionalmente se encontrem vazias e sem ação, o que abre oportunidades para outras abordagens ou manobras mais arrojadas (flanqueamentos, por exemplo).


All Out Warfare – Conquista

Também regressa o modo tradicional Conquista (Conquest), em que dois exércitos lutam um contra o outro pelo domínio dos mapas (e seus objetivos) e vão tentando, à medida que vão conquistando os sectores, retirar capacidade de reforços aos adversários.

Os mapas do modo Conquista são os mesmos de Ruptura, ou seja, mapas bastante grandes e também divididos por sectores. No entanto, cada sector tem múltiplos objetivos, que terão de ser conquistados em simultâneo para se poder capturá-lo.

Um pormenor que sobressai ao se jogar Battlefield 2042, é que existem mapas bastante variados. Mapas citadinos como Singapura, no deserto do Qatar ou apresentando florestas na Guiana Francesa. E, mesmo cada mapa, apresenta diferentes tipos de ambiente, o que molda a experiência numa miscelânea de opções táticas e estratégias a usar bastante interessante.

Outro aspeto importante é o facto dos veículos (helicópteros, aviões de transporte, jatos, tanques, jeeps ou hovercrafts) estarem disponíveis em quantidade mais equilibrada do que a que vimos na Beta e podem ser, se bem utilizados, um fator de viragem dos combates.

No entanto, algo que desaponta bastante é o facto dos hovercrafts serem usados de forma algo absurda pelos jogadores. E isso é possível, pois de forma estranha esses veículos podem escalar quase todas as barreiras e obstáculos, tornando-os em algo mais poderoso do que é na realidade. Por outro lado, muitos jogadores usam-nos como armas de atropelamento o que, sendo legitimo, é pouco realista.


Hazard Zone

A grande revelação é o modo Hazard Zone. Trata-se de um modo dedicado a missões mais táticas, ou seja, confrontos de menor escala nos quais os jogadores, agrupados em pelotões de 4 soldados (os Especialistas), têm a missão de recuperar Data Drives perdidas.

No arranque de cada jogo, existe um momento em que escolhemos o nosso Especialista a usar e podemos gastar algum dinheiro virtual na aquisição de armas, acessórios e outros gadgets. Uma vez que o Loadout base (gratuito) é francamente limitado e fraco, convém gastar o dinheiro sensatamente, até mesmo porque ele não abunda e depende da obtenção de bons resultados nos jogos.

Enquanto escolhemos as armas, fica-se com a clara sensação de que a sua quantidade/diversidade é bastante limitada, o que nos leva a crer que possam vir a caminho DLCs futuros para emendar essa falta…

Bem, mas após chegar ao local, temos de usar o Data Drive Scanner, uma ferramenta de Hazard Zone, que nos indica o local onde as Data Drives se encontram. E assim, começa a corrida contra o tempo…e outros pelotões.

Lutando contra outros pelotões e contra NPCs, é uma corrida contra o tempo para ver quem consegue encontrar mais Data Drives e sair do local, que pode ser feita em dois Extraction Points, numa curta janela de tempo.

Como referi, no início de cada ronda, os jogadores têm de escolher o seu Especialista e uma vez que não podem haver duplicados, é importante perceber melhor qual o mais indicado para completar o pelotão, na altura de os escolher. A não ser que se jogue com pessoas conhecidas, é difícil haver um mínimo de comunicação (estende-se a todos os mapas) o que faz com que se percam muitas oportunidades de usar os Especialistas de forma mais complementar ente si.

Hazard Zone será o modo onde os Especialistas têm mais condições para brilhar e mostrar todos os seus valores. Isto pois, não sendo um modo de guerra massiva, existe maior possibilidade de planeamento individual, ou seja, de poder usar as habilidades e gadgets de cada Especialista.

A ação decorre em sectores dos mapas usados em All-Out Warfare nos quais podemos invocar apoio, em vários laptops espalhados pelos mapas, que permitem invocar, por exemplo, um Veículo ou um Ranger (robot cão), por exemplo.

Quando somos atingidos podemos pedir para ser trazidos de regresso, mas, pela minha experiência, são mais as vezes em que nos deixam a morrer que nos salvam. Mas mais… em particular no All Out Warfare, foram bastantes as vezes em que, ao tentar reanimar um companheiro caído em combate, não me foi dada a indicação para o fazer, tendo de o deixar morrer por isso mesmo. É um bug, que já está reportado e torna-se um pouco chato, em particular em Hazard Zone, onde não há respawn como nos outros modos.

O final de cada sessão pode ser bastante frenético. Isto, pois, cada pelotão pode querer apenas esperar pelos outros, por perto dos Extraction Points e roubar-lhes as Data Drives. Isto faz com que, muitas vezes, o final seja bem mais excitante que a procura e recolha das Drives.


Portal Battlefield

O Portal Battlefield funciona como uma pequena celebração ao legado de Battlefield. Com insinuações a outros jogos da série, os jogadores são convidados a fazer uma viagem no tempo até alguns dos mapas mais icónicos desses jogos mas também, são presenteados com a capacidade de criar novas versões desses mesmos mapas.

Com efeito, no Portal Battlefield é permitida a criação de cenários e modos de jogo, baseados em alguns mapas mais icónicos de Battlefield mas com as regras que cada jogador pretenda. Tratam-se, para já, de 6 mapas retirados de 3 jogos da série:

Battlefield 1942:

Battlefield Bad Company 2:

Battlefield 3:

Com base nestes mapas os jogadores podem criar os seus próprios modos de jogo e partilhar com a comunidade. Já existem vários servidores para escolher, cada qual com a sua variante mas, acredito que com o passar das semanas, muitos mais comecem a surgir.

Para os fãs mais interessados, o Portal Battlefield, pode-se vir a tornar num local de culto, permitindo-lhes a criação e obras primas, ou seja, os seus palcos de guerra com cunho pessoal, mais excitantes e mais pessoais.

Além dos servidores da comunidade, existem vários servidores pré-definidos onde, por exemplo, pontua o VIP Fiesta, um modo no qual, um soldado de cada equipa é o VIP (de cada equipa) e está sempre visível no mapa, sendo que o objetivo será o de eliminar o VIP da equipa adversária.


O combate

O combate de Battlefield 2042 é bastante satisfatório, apesar de existirem algumas situações que serão corrigidas certamente em DLCs futuros.

E começando por aí, tenho de confessar que, tal como já referi acima, é francamente pouca a quantidade/diversidade de armas disponíveis (que vamos desbloqueando) em Battlefield 2042. Acredito que este problema seja ultrapassado num futuro, com lançamento de packs e DLCs com novas armas.

outro problema que é notório no decorrer dos combates é a quantidade de tiros que temos de acertar num inimigo para o abater. Todas as armas têm o seu coice respetivo mas, quando acertamos uma rajada de AK-47 num inimigo, será de esperar que ele simplesmente… morra.

A chegada de correções em patches futuros irá corrigir tudo isto, certamente. Até porque os combates são bastante entusiasmantes. Em especial quando temos dezenas de soldados de cada lado a tentar tomar um objetivo.

Noutro capitulo, a condução dos veículos está bastante competente, apesar das aeronaves e helicópteros demorarem um pouco a dominar. O seu poder de fogo, com várias armas disponíveis para vários jogadores no mesmo veiculo, é brutal. As situações de helicópteros a massacrarem um edifico, ou um blindado a bombardear uma ravina, estão simplesmente brutais.

Apesar dos mapas serem bastante generosos, grande parte dos jogadores foca a sua atenção nos sectores e nos objetivos de cada um o que faz com que os jogadores só entrem no caos do combate se quiserem. Podem optar por outras abordagens a partir de zonas mais calmas…

Uma vez que cada sector pode ser completamente diferente do anterior, Battlefield 2042 acrescenta uma grande urgência na adaptação rápida dos jogadores. Isso representa a capacidade de ajustar os nossos Loadouts e attachments para os diferentes tipos de combate de forma rápida. Essas trocas de attachments das armas é feita com recurso a um menu que se abre ao pressionar LB. Depois, usando as teclas direcionais escolhem-se os attachments a alterar. Simples, rápida e eficaz.

Mas ainda não me tinha pronunciado em relação aos principais protagonistas do jogo: Os Especialistas. Tratam-se das estrelas de Battlefield 2042, e, como o nome indica, são soldados com diferentes especialidades. São 10 e cada qual tem uma habilidade própria e um gadget especifico, que lhes trazem mais-valias diversas para o combate. Existem alguns mais úteis que outros em certas situações mas, acima de tudo, o que é mais importante, será a combinação entre os vários Especialistas em ação. Seja no Hazard Mode ou no All Out Warfase, as combinações de certos Especialistas poderá representar a diferença entre viver e morrer.

Apesar de cada especialista ter as suas habilidades e gadgets próprios, isso não quer dizer que, se não forem escolhidos iremos sentir a sua falta. Nada disso, os restantes elementos podem levar acessórios que lhes façam a vez, como por exemplo se Maria Falck (médica) não for a combate um outro soldado pode levar um Medical Kit consigo e assim minimizar a ausência da médica de serviço.

Quanto a um dos problemas identificados na Beta, o respawn, a DICE melhorou bastante. Apesar de ainda existirem ocasionais respawns (especialmente no modo Ruptura) em zonas mais delicadas que é justificado pela quantidade de tropas e as constantes mutações da linha da frente, já não voltaram a acontecer situações com respawn mesmo em frente a um tanque inimigo.

Por sua vez, os veículos, surgem nos mapas em número e variedade equilibrado. Nem são demasiados, nem poucos o que é importante pois os seus poderes de fogo são francamente desequilibradores, quando bem usados.

E um pormenor importante no que respeita aos veículos de apoios é que, no início de cada mapa encontram-se disponíveis apenas na zona de inicio da missão, mas, com o decorrer dos combates também os podemos solicitar, se houver disponibilidade, exatamente para o local onde estamos e assim continuar a mortandade.

E por falar em mortandade, um problema que já referi mais acima, prende-se com várias ocasiões que experienciei em que, na altura de prestar apoio a companheiros caídos em combate, me foi impossivel pressionar o X para os reanimar, porque o X pura e simplesmente, não existia.

Por seu lado, os cenários são quase totalmente destrutiveis. É pena não assistirmos a casas a ruir totalmente e matando quem lá esteja dentro, como em Battlefield 1942, por exemplo, mas está competente.

Um dos aspetos de Battlefield 2042 que mais burburinho fez antes do lançamento do jogo, referia-se aos efeitos atmosféricos extremos que a DICE prometeu para o jogo. Com efeito, no decorrer dos combates é frequente depararmo-nos com fenómenos como tornados, chuvadas intensas e tempestades de areia. Além de nos retirarem visibilidade em combate, alguns deles podem mesmo ser elementos táticos. Por exemplo, é possível um jogador “apanhar” um tornado e quando no ar em plena espiral, pode abrir o paraquedas e atacar os inimigos de cima.

Veredicto:

Battlefield 2042 é um jogo bom mas, tem potencial para ser muito melhor, um dos melhores Battlefields de sempre. Contudo, devido a alguns problemas técnicos e de jogabilidade (importantes) a experiência é minada em vários momentos, impedindo o jogo de atingir a excelência. Nada que um patch de correção não resolva, certamente.

Quer seja apreciador de confrontos de grande escala (All Out Warfare) ou amante de jogabilidades mais táticas e ao nível de pelotão (Hazard Zone), o jogador pode encontrar em Battlefield 2042 várias formas de satisfazer o bichinho de Battlefield. É um jogo que, com as corretivas que irão surgir certamente, se tornará imperdível.

Battlefield 2042

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