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Análise Back 4 Blood (Playstation 5)

Tal como temos vindo a acompanhar ao longo dos últimos meses (ver aqui ou aqui), a Turtle Rock Studios lançou Back 4 Blood, o sucessor não declarado de Left 4 Dead 2.

O jogo, que se assume como uma experiência maioritariamente cooperativa, traz de volta o tema (amado por muitos e odiado por outros tantos) dos Apocalipse Zombie. O Pplware já entrou no combate e venham ver como correu.


Para quem não conhece, a Turtle Rock Studios é a equipa responsável pelo lançamento em 2008 de Left 4 Dead. Tratou-se de um jogo de zombies que obteve na altura um sucesso relativo e apresentou as bases para algumas das ideias que surgem agora, em Back 4 Blood.

Back 4 Blood pode-se considerar como sendo o sucessor espiritual de Left 4 Dead e foi lançado no inicio deste m~es.


Apocalipse Zombie

A história de Back 4 Blood tem início imediatamente após uma infeção generalizada na qual um parasita infetou a maior parte da Humanidade, transformando-os em zombies, chamados de Ridden.

Com a ameaça crescente de extinção, são criados os Cleaners, um grupo de soldados endurecidos por toda esta situação e que têm uma particularidade: são imunes ao parasita.

Tratam-se de soldados que, graças aos eventos ocorridos, apresentam uma história e dores pessoais para curar, e que forma essa unidade de elite para erradicar a ameaça.


Apesar de Back 4 Blood apresentar um universo do jogo interessante e que facilmente poderia dar lugar a uma narrativa intensa e profunda, é pena que não se esforce um pouco mais por isso. Aliás, a história acaba por ser secundaria para o jogo.

O que não quer obrigatoriamente dizer que se trata de um mau jogo, mas, apenas, que quem procure um pouco mais de profundidade de enredo, não irá aqui encontrar.

Aliás, o jogo em si, apresenta uma simplicidade bastante viciante que acaba por fazer esquecer esta falta de densidade narrativa.


É claro que o momento em que mais se nota isto é no Modo Campanha (offline). Numa sucessão de 4 Atos, cada qual com vários capítulos, o jogador vai enveredar por uma guerra visceral contra os Ridden.

Apesar da falta de alma provocada pela ausência duma narrativa forte, o modo Campanha é interessante e mantém o jogador entretido. A IA é competente e não desilude em demasia e os Ridden que nos vão sendo lançados, acabam por nos apresentar aquilo que iremos ver nos modos cooperativos (e competitivos).

Com efeito, o modo campanha servirá também para os jogadores conhecerem melhor os Ridden (especialmente os principais) e as melhores formas dos derrubar.

O prato forte do jogo é claramente, a vertente multiplayer. Existem vários modos onde os jogadores podem participar, tanto cooperativos como competitivos.

Por um lado temos o modo Quick Match que nos permite aceder rapidamente a um jogo criado por outro jogador, também podemos participar nos Atos da Campanha, mas numa vertente Online. Por outro lado, e para os que apreciam jogar contra humanos, existe o modo Swarm (Enxame) que coloca 4 jogadores Cleaners contra 4 jogadores Ridden.


Em Back 4 Blood, existem 8 Cleaners com os quais podemos jogar como e quando quisermos. Cada um tem as suas características, que estão muito dependentes do seu passado pessoal o que quer dizer que cada um apresenta as suas armas principais e secundárias de eleição.

Cada classe de Cleaner, chamemos-lhe assim, difere das restantes apresentando ainda habilidades específicas, mas, a sua jogabilidade vai sendo moldada pelo jogador. Isto, pois, apesar de cada um equipar uma arma principal e uma arma secundária, no decorrer do jogo, poderão trocar.

Não chegando à variedade existente noutros jogos como Overwatch, por exemplo, Back 4 Blood consegue apresenta uma boa lista de armamento. A arma principal divide-se em 5 categorias: Rifles de Assalto, Metralhadoras Leves, Metralhadoras Pesadas, Sniper Rifles e Caçadeiras (Shotguns).

Deixem-me confessar-vos que as Shotguns conseguem fazer milagres quando uma onda de zombies se aproxima na nossa direção. E se tivermos as Cartas adequadas, como, por exemplo, para Reload mais rápido, então o festival é ainda mais visceral.

Por sua vez, as armas secundárias tanto podem ser as tradicionais pistolas como armas de combate corpo a corpo. A maior parte dos jogadores parece dar preferência às armas de fogo, mas, devo confessar que gosto bastante de usar os bastões (de raridade mais elevada) com espigões. Fazem maravilhas nas cabeças dos zombies…

Convém referir a esta altura que cada arma tem o seu nível de raridade, sendo que as mais raras, serão obviamente, as melhores.

São tantas as armas e acessórios que podemos adquirir para cada uma que, no início, se torna viciante experimentar todas as que encontramos.

Há um catch, no entanto. Ao equiparmos alguma melhoria numa arma, não a podemos desequipar e instalar noutra. Por outras palavras, ao se trocar de arma perdemos os acessórios que instalámos nela. É uma medida um pouco estranha.

Back 4 Blood tem suporte para cross-play.


Relativamente ao jogo multiplayer, é este o principal cartão de visita de Back 4 Blood. No entanto, tenho de confessar que é bem mais interessante jogar com amigos ou conhecidos do que entrar em sessões aleatórias. Isto porque cada jogador tem os seus próprios objetivos pessoais e acontece muitas vezes desligarem-se do objetivo comum.

Seja como for, o modo que mais chama a atenção é talvez o Modo Swarm (Enxame, em português). Trata-se de uma proposta interessante em modo competitivo no qual 2 equipas de 4 jogadores cada, se enfrentam em cenários do jogo. Uma equipa pertence aos Cleaners e outra aos Ridden.

Como será fácil de perceber, o objetivo dos Cleaners é eliminar a ameaça dos infetados num contra-relógio que vai vendo a área de jogo encolher e, por outro lado, os Ridden querem eliminar os Cleaners o quanto antes.

Este modo funciona à “melhor de 3” sendo que uma equipa veste primeiro a pele dos Cleaners e após terminar, na segunda volta, troca de lugar com a outra, passando a ser Ridden. No final desta segunda volta, vence a equipa que conseguiu aguentar mais tempo com os Cleaners. Isto faz com que as segundas rondas, sejam bem mais intensas e frenéticas.

O modo começa com um período de Scavenge (recolha de armas e recursos), onde os Cleaners se apressam a abrir contentores e caixas para se equiparem com as melhores armas e acessórios.

Após esse período de Scavenge, os Ridden entram em campo, mas com uma regra: o deploy só pode ser feito em locais que não estejam à vista dos Cleaners. Ou seja, os jogadores que controlam os infetados, podem escolher o local de respawn, desde que nenhum Cleaner tenha uma linha de visão direta.

A mecânica do Swarm é bastante interessante, mas tenho de confessar um certo desapontamento no controlo de alguns dos Ridden. Com efeito, e apesar de existirem vários Ridden distintos com os respetivos poderes, alguns apresentam uma jogabilidade bastante limitada, como por exemplo, o Tallboy que é lento e demasiado vulnerável a ataques à distância.


E por falar em Ridden, existem de vários tipos e que concluir a campanha, vai conhecê-los a todos. Todos são diferentes na sua ação, modus operandi e ataques.

Os Tallboy apresentam um braço marreta que quando ataca atinge uma área e pode causar muito dano com um ataque só. Outro exemplo, é o do Exploder que ao se aproximar da vitima, explode. Por outro lado, o Stinger é um Ridden especial que se pode agarrar às paredes, e lança uma teia que nos prende, sendo necessário o apoio dum companheiro para nos libertar. Os Sleeper são Ridden que se encontram meio adormecidos em casulos nas paredes e quando passamos por perto atacam…

Há muitos mais, como o Ogre ou o Breaker por exemplo, mas será melhor serem vocês a descobrirem por vocês mesmos….


Tirando o Swarm, a mecânica de Back 4 Blood, quer seja no modo campanha, quer seja nos restantes modos multiplayer, é simples.

No início de cada missão, um grupo de 4 jogadores encontra-se numa Safehouse e aí poderá fazer as suas compras de equipamentos, armas, acessórios para as armas, granadas, molotovs e munições que pretender. Após a abertura da porta, os jogadores partem para a ação na tentativa de completar os objetivos atribuídos e conseguir chegar são e salvo até outra Safehouse.

Uma palavra para o facto das munições serem finitas e, como tal, devem ser usadas sensatamente. Apesar de pelo caminho encontrarmos caixas de munições, nem sempre são para as armas que equipamos.

No modo campanha, são mais de 30 missões que, consoante a dificuldade escolhida, poderão ser mais ou menos demoradas e exigentes.

Jogabilidade simples e que, na sua simplicidade se torna extremamente viciante.


Outro dos pontos mais importantes de Back 4 Blood, é a introdução do conceito de Cartas e Decks. Trata-se de um sistema muitíssimo bem pensado e misturado na jogabilidade.

Quando arrancamos para uma missão podemos escolher o nosso Deck. Deck esse que será composto por um máximo de 15 cartas que já tenhamos adquirido.

Como se adquirem as cartas? É simples! Por cada missão (apenas online) que se complete e consoante a nossa performance, recebemos Supply Points. Estes pontos são usados para adquirir Cartas que nos são apresentadas em Supply Lines. Cada Supply Line tem várias Cartas e quando adquirimos todas, surge uma nova Supply Line.

Uma vez que os Supply Points só são adquiridos em modos online, somos incentivados ao jogo multiplayer.

Existem cartas de ataque, de defesa, de mobilidade e auxiliares (como, por exemplo, maior rapidez na troca de arma, ou haver mais moedas nos cenários,…). E algumas delas são coletivas, trazendo benefícios a toda a equipa.

São dezenas de Cartas o que quer dizer que a variedade é imensa. Por um lado é bom, pois transmite-nos criar Decks ao nosso belo prazer e com táticas diferenciadas. No entanto, com tantas cartas à disposição, a construção de decks é um processo demorado e que requer constante atenção. Uma vez que muitas cartas são complementares em relação a outras, ainda mais complexa se pode tornar a criação do melhor Deck.

Com tal variedade de Cartas e de Armas, é justo afirmar que Back 4 Blood oferece uma gigantesca liberdade de experimentação de diferentes combinações.


Back 4 Blood apresenta um sistema de IA que é controlado por aquilo que a Turtle Rock chamou de AI Game Director.

Este é um sistema que gere em tempo real, a horda de Ridden e os seus comportamentos durante cada missão. Tal como no caso dos jogadores, também ao inicio de cada missão o AI Game Director lança as suas cartas para cima da mesa (as Corruption Cards).

Esta mecânica pode funcionar um pouco como um tiro no pé, pois os jogadores podem escolher Decks que depois não estejam muito preparados para as Corruption Cards que a AI Game Director lança mas, na sua génese, é um sistema bastante competente.

E ajuda a criar um efeito de novidade em cada ronda, pois o impacto das Corruption Cards e da gestão da AI Game Director em tempo real, pode representar coisas muito distintas. Tanto pode apenas acrescentar mais inimigos em número, como pode fazer aparecer um denso nevoeiro sobre o mapa ou tornar os Ridden Especiais ainda mais duros de roer.

Nota de advertência… quando virem um bando de corvos… não os inquietem…

Graças ao sistema de cartas que tanto o utilizador usa como a Game Director lança por cada missão, cada Run(missão) de Back 4 Blood apresenta algo de diferente.


Veredicto:

Back 4 Blood não se trata de um mero jogo de Zombies. Com a introdução da complexidade do sistema de Cartas e de um AI Game Director intenso e competente, a Turtle Rock conseguiu criar uma camada de estratégia que confere ao jogo uma jogabilidade diferente e que exige ponderação aos jogadores.

Back 4 Blood é um jogo que, mesmo com o sistema de Decks, apresenta na sua essência uma jogabilidade simples e, por isso mesmo, se torna tão viciante.

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