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Análise A Plague Tale Requiem (Playstation 5)

Os estúdios da Asobo Team lançaram recentemente, a sequela do jogo de 2019, A Plague Tale Innocence que aqui revelámos.

Requiem, acompanha novamente a história dos dois irmãos Amicia e Hugo na sua demanda pela descoberta de uma cura para a Macula, uma doença que os afeta (e não só) e, por outro lado, os fortalece também.

Já experimentámos Requiem e… bem… venham ver.


Uma das mais interessantes e bem contadas histórias do passado recente dos videojogos, está de volta com A Plague Tale Requiem. Os principais protagonistas, que deliciaram no primeiro jogo, Amicia e Hugo, regressam desta feita acompanhados por mais alguns personagens igualmente interessantes.

A luta contra a Mácula prossegue nesta aventura que decorre alguns meses após os eventos do jogo original. Hugo, Amicia e a sua mãe pensaram encontrar finalmente a paz e sossego algures no Sul de França, após os eventos do primeiro jogo, no qual lutaram contra a doença mas também contra a Inquisição.

No entanto, foi sol de pouca dura e após uma sucessão de eventos iniciais, apercebemo-nos de que Hugo se encontra a ser fortemente atacado pela doença de novo. Acompanhados por Lucas, partem para uma cidade próxima para procurar a ajuda junto de uma Organização de Alquimistas de renome que ali tem sede. Aí encontram esperança mas por pouco tempo e Amicia é identificada pela Ordem como sendo a Protetora e Hugo o Portador.

Contudo, a cidade encontra-se em grande convulsão e com o aparecimento da doença, surgem também as marés negras dos roedores que tão bem conhecemos do primeiro jogo. É uma altura complicada e a salvação de Hugo parece estar longe dali, numa ilha paradisíaca, com a qual sonha variadas vezes. Essa ilha, que é geralmente apresentada como sendo um local paradisíaco e onde surge uma fénix que guia Hugo até uma lagoa onde as águas reluzentes têm poderes milagrosos… curativos.

Na procura pela salvação de Hugo partem numa demanda pela misteriosa ilha, e com o passar do tempo Requiem vai mostrando novamente a força e união que os dois irmãos possuem e que fez do primeiro jogo, um ponto emocional de interesse.

Efetivamente, essa ligação entre Hugo e Amicia foi um dos pontos fortes do jogo original que, de uma forma emocional, conseguiu criar a cola que mantinha unida a história e a ação do jogo. Em Requiem, assistimos à sequência lógica desses laços e ao fortalecimento dos mesmos. Laços esses que ultrapassam o simples sangue, interligando a alma de ambos.

De uma forma simples, Amicia vive, mata e morre pelo irmão mas, por outro lado, Hugo também desenvolveu uma enorme ligação (e dependência) com a irmã, querendo a todo o custo protegê-la do perigo.

Ao longo da aventura, Requiem vai apresentando várias personagens novas que, sejam aliadas ou não, conquistam claramente os seus espaços na história e dão uma densidade narrativa bem definida. Neste capitulo, A Plague Tale Requiem pode-se considerar um jogo bastante bem escrito e com um enredo bastante bem conseguido e que merece a pena seguir.

Os jogadores podem esperar encontrar em A Plague Tale: Requiem uma história bastante bem contada sobre a amizade profunda entre os dois irmãos, sobre a sua determinação para encontrar a cura da Macula e também, sobre vingança.

Um dos pormenores que desde cedo se verifica no jogo é que Requiem apresenta um ritmo muito característico, semelhante ao do original, ou seja, algo lento e mais compassado.

No entanto, essa “lentidão” acaba por servir os propósitos do jogo, pois também exige uma grande atenção a todos os pormenores. Especialmente para a resolução dos diferentes puzzles e obstáculos que nos vão surgindo.

É necessário analisar bem o ambiente circundante, assim como e principalmente, o comportamento e rotinas dos inimigos. Só dessa forma, se conseguirá avançar na história sem se ter de recorrer muitas vezes ao Savegame.

Relativamente a este ponto e, mesmo no nível de dificuldade mais baixo, o jogo incentiva constantemente a uma jogabilidade furtiva. É claro que os jogadores podem optar por seguir de forma mais aberta mas, a escassez de munições, a quantidade de inimigos, a imensidão das marés de ratos e a forma impiedosa como os inimigos nos atacam, fazem com que a melhor abordagem seja a mais cuidadosa.

E, verdade seja dita, essas secções de furtividade são bastante interessantes e tensas. Muitas vezes não teremos apenas de analisar os hábitos dos inimigos, como o ambiente circundante para perceber pontos de esconderijo, ou locais para criar distrações.

Isto pois, tal como acontece com o original, os inimigos que vamos encontrando (não sendo muito variados), apresentam um forte desafio. Em particular porque passamos por zonas infestadas por soldados e armas não abundam (apesar de Amicia ter uma funda com munições ilimitadas). Sendo que muitos desses guardas usam armadura, não serão derrotados apenas com a funda e as munições para a besta ou para criação de projeteis alquímicos, são limitados.

E por referir o tema da Alquimia, Amicia encontra-se mais madura e com competências novas na criação de produtos alquímicos, como o crude, por exemplo. E isto, torna-se extremamente interessante pois Requiem incorpora esses produtos alquímicos em novas mecânicas de jogo.

Essas munições alquímicas tanto podem ser usadas em combate como para resolver quebra-cabeças, por exemplo e são usadas no decorrer do jogo de maneira muito inteligente.

Por exemplo, uma das substâncias que poderemos produzir, permite apagar as tochas ou lareiras, pelo que, quando um soldado se encontra no nosso caminho na segurança de um archote, se o apagarmos abrimos porta aos ratos para que o eliminem e possamos avançar. Isto para não falar nos próprios ratos que também serão uma arma de outra forma mas que gostaria de deixar para que os jogadores descubram por eles próprios.

Também Hugo e Lucas, por exemplo, são agora mais ativos na aventura, ajudando em vários momentos e de várias formas, para ultrapassar obstáculos, puzzles e inimigos. Hugo terá um papel muito mais importante, especialmente pela sua ligação com a horda de ratos… isto pois Hugo ganhou uma nova habilidade crucial para o jogo, que não quero adiantar mas que pode ser usada quando existem soldados e ratos por perto.

Um dos aspetos que os jogadores vão gostar e que é uma abordagem bastante positiva, é o facto das habilidades de Amicia, serem automaticamente melhoradas consoante ela as usa. Ou seja, se tiver uma atitude mais furtiva, aumenta a sua capacidade furtiva, por exemplo. Se for oportunista, torna-se melhor automaticamente consoante aplicar manobras oportunistas…. a evolução nessa árvore não depende de gasto de pontos de XP, mas evolui automaticamente de acordo com o comportamento que usamos em combate.

É uma forma simples e eficaz de garantir a evolução da Amicia que, mesmo retirando liberdade de escolha aos jogadores, encaixa bem pois não se trata de uma árvore de evolução muito grande ou dispersa.

As bancadas de melhorias de equipamento, alquimia e instrumentos são abundantes qb mas o sistema evoluiu também no sentido de Amicia poder fabricar itens sem ter de recorrer a elas. Continuam a necessitar, claro, dos recursos, peças e ferramentas que encontramos nos baús espalhados pelos mapas.

Mapas esses que variam tanto em tamanho, como em liberdade de movimento. E é nos maiores que por vezes sentimos a falta de um mapa.

Quando não estamos a escapar dos soldados ou das marés de ratos, estaremos a resolver quebra-cabeças, certamente. É claro que pelo meio temos algumas cutscenes, também elas bastante bem incorporadas que nos vão dando o guião da história.

Um outro aspeto importante em Requiem é o facto de, quando somos atacados por um soldado, não morrermos de imediato. Existe ainda uma oportunidade de contra-atacar, que pode fazer com fique temporariamente atordoado, dando-nos tempo para fugir ou até apunhalá-lo.

Algo que me apanhou um pouco de surpresa foi a existência de tempos de loading mais lentos que o que seria de esperar.

Graficamente, e como podem ver pelas imagens que vos enviamos, Requiem traz uma qualidade superior não só nos personagens como também nas paisagens, construções e detalhes. Existem momentos em que temos de passar por locais mais asquerosos e o grafismo está de tal forma, que quase dá para sentir o cheiro.

Quanto às marés de ratos, e tal como se assinalou também no primeiro jogo, por vezes revelam demasiada confusão visual e criando alguns bugs gráficos estranhos.


A Plague Tale: Requiem traz um vasto conjunto de melhorias em relação ao original, fazendo dele, uma sequela com uma sensação real de evolução.

o jogo apresenta uma jogabilidade mais livre em relação à prequela, e um ritmo igualmente lento mas que serve devidamente a narrativa. As novas inclusões criam uma história bastante interessante e empolgante de seguir.

Por fim, e não por último, a relação entre os dois irmãos é algo de bastante intenso de acompanhar, apesar de não atingir a emotividade de The Last of Us, é uma história que merece a pena ser descoberta.

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