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Análise – A Plague Tale: Innocence (Xbox One)

Um dos jogos que temos acompanhado com maior interesse e curiosidade acaba de chegar (ver aqui, aqui ou aqui). Estou-me a referir ao jogo dos Asobo Studios, A Plague Tale: Innocence.

Um dos principais motivos que nos captou interesse desde o inicio foi a sua história e principalmente, os seus dois protagonistas principais: Amicia e Hugo.

Já embarcámos na aventura dos dois irmãos…


Tal como viemos a acompanhar ao longo dos últimos meses, A Plague Tale: Innocence (distribuído pela Focus Home Interactive e desenvolvido pelos Asobo Studios) relata a história emotiva de Amicia e Hugo, dois irmãos órfãos (os seus pais são mortos pela Inquisição no inicio do jogo) e que se vêem numa desesperada corrida contra o tempo para encontrarem um porto seguro.

Passado na Idade Média, numa altura em que a Inquisição tudo controlava com mão de ferro, a população humana sofria ainda de outra calamidade: a Peste. É neste cenário de desolação que os dois irmãos (da aristocracia) fogem de casa após assistirem ao assassinato dos seus pais e tentam encontrar a cura para uma estranha condição que Hugo sofre (denominada Prima Macula).

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À semelhança de The Last of Us, em A Plague Tale o jogador sente desde o inicio uma constante urgência em proteger Hugo e a relação entre os dois irmãos acaba por ser a peça central do jogo. E isso demonstra-se em inúmeros pormenores durante o jogo.

Jogando principalmente com Amicia, é frequente observarmos o irmão mais novo abraçado à irmã ou a correr para ela em procura de conforto. É interessante verificar a forma como os Asobo Studios conseguiram criar de forma tão intima esta relação entre os dois irmãos e os receios de ambos.

Aliás, Amicia ao longo do jogo vai crescendo também como protectora de Hugo e se num primeiro momento a vemos como demasiado sensível mais à frente já se nota uma certa dureza na sua expressão. Tudo isto com o custo pessoal de ser o exemplo que tem de dar ao irmão mais novo (matar alguém é, em A Plague Tale, um acto mau, brutal e que deixa marcas nos irmãos).

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É também a inocência dos dois (em particular de Hugo) que faz jus ao nome do jogo. Tendo estado fechado em grande parte da sua vida por causa da sua condição, Hugo desconhece o mundo exterior e durante o jogo, mesmo passando por tantas situações terríveis, ainda consegue ter momentos de pura Inocência onde apanha flores para a irmã, por exemplo. Trata-se de uma relação cativante e apaixonante, talvez como ainda não tenhamos visto num outro jogo anterior.

E é também por isso que desde o inicio nos sentimos com uma constante sensação de vulnerabilidade e inferioridade em relação a tudo o que nos rodeia.

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No entanto, a Inquisição não é o único problema dos irmãos. Neste mundo criado pelos Asobo Studios, uma invasão (quase sobrenatural) de ratos transportadores da peste encontra-se a devastar tudo e os irmãos durante a fuga irão deparar-se por diversas ocasiões come eles.

Aqui reside um outro ponto forte do jogo. Os ratos surgem aos milhares, criando autênticas marés negras e numa manobra inteligente os criadores do jogo lembraram-se de que os roedores tendem a fugir da luz, abrindo assim caminho a dinâmicas bastante interessantes no jogo. Por exemplo, se com uma tocha acesa podemos abrir caminho por esta nuvem de pelos. Ou se lançarmos fogo a fardos de palha, afugentamos os roedores.

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Mas mais… os próprios ratos podem ser usados como uma possivel arma contra os soldados da Inquisição. Basta para isso partir uma tocha que tenham na mão e assim deixá-los indefesos no meio dos ratos. Trata-se sem dúvida de uma forma extremamente inteligente e interessante de criar dinâmicas de interacção com os ratos.

Apenas um reparo no toca aos roedores, que é o facto de ficar a sensação de que estas marés são muito confusas. Falta um pouco mais de diferenciação parecendo apenas uma massa de olhos brilhantes.

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Apesar de controlarmos Amicia, existem algumas tarefas que podemos pedir a Hugo para fazer. Como é um puto pequeno, consegue passar por locais estreitos e assim roubar uma chave ou um conjunto de tochas do outro lado dum muro, por exemplo.

Quanto a Amicia a rapriga de 15 anos é, além de Alquemista, uma hábil utilizadora de fisgas e como tal, esta é a sua arma preferida. Contudo, é ineficaz contra soldados com armadura e é neste ponto que surgem as poções de alquimia (e outras substâncias). Tratam-se de algumas receitas de substâncias que quando misturadas podem construir compostos químicos que permitem criar pequenas explosões incendiárias ou lançar fumos tóxicos para obrigar os soldados a tirarem os capacetes (e aí a fisga já é eficaz).

No entanto, não deixa de ser algo estranho e deslocado ver uma adolescente a criar este tipo de químicos…

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Sendo duas crianças, A Plague Tale incentiva-nos muito frequentemente a não entrar em combate. Na maior parte das ocasiões o passar despercebido é a melhor das soluções. Apesar de ser possivel qualquer abordagem, é demasiado castigador tentar enveredar pelo combate. Duas crianças contra adultos vestidos de armaduras não será difícil antecipar o resultado.

Assim sendo, Amicia tem ao seu dispor algumas ferramentas para a ajudarem a passar despercebida. Espalhados pelos cenários existem vasos para atirar ou peças metálicas que podem ser usadas como iscos para atrair os soldados. São mecânicas simples mas que funcionam bem no universo do jogo mas que ganham bastante com alguma estupidez dos NPCs…

Ao longo da aventura (na terceira pessoa), os dois irmãos vão encontrando outros personagens que os ajudam. Sejam pessoas isoladas pela peste ou outras crianças foragidas, estas personagens não só nos vão dando contexto sobre a Época retratada no jogo (Idade Média, Inquisição, ratos, Peste) como também vão sendo importantes para ultrapassar certos obstáculos.

Chega mesmo a ser necessários “controlar” esses outros personagens como por exemplo quando temos de passar num moinho de água mas precisamos de 3 pares de mãos e, além das de Amicia e de Hugo ainda precisamos de uma amiga recém-encontrada.

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Uma palavra final para o trabalho gráfico (exceptuando as ondas de ratos) que a Asobo fez em A Plgue Tale. O jogo encontra-se soberbo e com uma atenção a detalhe assombrosa. Mas mais… o trabalho de pesquisa que foi feito, permitiu-lhe inclusive retratar o Século XIV de uma forma extraordinariamente realista, seja nos cenários exteriores, interiores, roupagens, construções,…

Quanto aos nossos dois irmãos Amicia e Hugo, a Asobo criou-os de tal forma que é, logo desde o inicio, extraordinariamente fácil criar-se uma grande empatia com ambos. Para muito contribui, não só o grafismo, como também a extraordinária representação dos actores que lhes deram voz. Dessa forma a ligação do jogador com o jogo fortalece-se, tornando-se num dos melhores jogos do género que tive oportunidade de jogar nos últimos tempos.

A Plague Tale: Innocence

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