O murmúrio acerca das novidades do Windows 7 tem sido quase constante, mas como é que este novo sistema operativo se compara ao Ubuntu em testes da vida real?
O TuxRadar colocou o Ubuntu 8.10, o Windows Vista e o Windows 7 frente-a-frente (versões 32-bit e 64-bit) para observar a forma como o Ubuntu 8.10 enfrenta o seu novo adversário. E, só para testar, foram feitos testes usando também o novo Jaunty Jackalope com o novo sistema de ficheiros ext4.
Quando os utilizadores de Windows afirmam que a instalação do Windows 7 é mais fácil do que nunca, o que será que querem mesmo dizer? Quando afirmam ser mais rápida, é fruto da sua imaginação, ou a Microsoft terá mesmo melhorado? E talvez o mais importante, quando os benchmarkers de Linux nos mostram o poderio do ext4 face ao ext3, será que isto se traduz em benefícios reais para o utilizador?
Estas são questões que quiseram responder e então, pediram à Dell que fornecesse uma máquina de grande performance, dando asas ao alto desempenho destes sistemas operativos.
Eis os resultados e conclusões apresentados pelo testo levado a cabo pelo TuxRadar:
Máquina de testes:
- CPU Intel Core i7 920, 4 núcleos a 2.67GHz com hyperthreading e 8MB cache nível 3.
- 6GB de RAM.
- 2 discos de 500GB com 16MB de cache.
Os testes executados em todos os sistema operativos foram:
- Tempo de instalação.
- Espaço necessário para a instalação.
- Tempo de arranque e encerramento.
- Tempo de cópia de ficheiros de USB para HDD (disco rígido), e de HDD para HDD.
- Tempo de execução do benchmark Richards.
Contabilizaram também, apenas por curiosidade, qual o número de cliques no rato, necessários na instalação de cada SO (sistema operativo).
Antes de avançar com os resultados, existem uma série de condições a clarificar:
- Para garantir justiça absoluta, o tempo de instalação foi medido desde o momento em que o computador foi ligado até ao momento em que foi atingido o ambiente de trabalho.
- O mesmo hardware foi utilizado para todos os testes e os SO foram instalados de novo para este artigo.
- Usaram-se as versões Ultimate do Windows Vista e do Windows 7, simplesmente porque o Windows 7 foi fornecido apenas nesta versão.
- Usaram-se o Windows Vista com Service Pack 1, para reflectir fielmente a experiência actual da maior parte dos utilizadores.
- A versão do Windows 7, é a Beta distribuída recentemente pela Microsoft. É provável que seja tão ou mais rápida que a versão final.
- Para o Ubuntu 9.04 usou-se a build diária do dia 22 de Janeiro de 2009.
- Todos os SO foram instalados com as opções standard, nada foi mudado.
- Depois de verificar a quantidade de espaço necessária durante a instalação inicial, cada SO foi actualizado com todos os patches existentes, antes de qualquer outro teste ser executado.
- Informaram que o Windows Vista (e provavelmente, o Windows 7 também) tem tecnologia para aumentar a rapidez do sistema ao longo do tempo, à medida que eaprende a colocar inteligentemente os programas em cache.
- O Windows permite também utilizar dispositivos flash para aumentar temporariamente a velocidade do sistema (Readyboost). Nenhum dos testes utilizou esta tecnologia.
- Os testes aos sistema de ficheiros, arranque, enceramento e o teste Richards foram executados 3 vezes cada, e foi feita uma média do desempenho em cada um.
E claro, ter em conta que é muito, mas muito provável que alguns tweaks (afinações) a qualquer um destes sistemas operativos possam fazer uma grande diferença nestes resultados, mas não estamos muito interessados nisso – estes resultados reflectem aquilo que se obtém depois de se instalar apenas o SO, que é a atitude mais comum dos utilizadores.
NOTA: Para ver melhor cada um dos gráficos, clicar para aumentar.
Tempo de instalação
Quantidade de tempo gasto na instalação, desde o ligar da máquina até ao ambiente de trabalho. Medido em segundos. Quanto menor, melhor.
À primeira vista, pode parecer que o Ubuntu se instala muito mais rápido que qualquer versão do Windows, e embora isso seja verdade, existe uma condicionante importante: tanto o Vista como o Seven correm um benchmark de sistema ao longo da instalação para determinar as capacidades da máquina.
Um teste picuinhas… quantos cliques no rato são necessários para instalar o SO com as opções standard?
Surpreendentemente, o Ubuntu fá-lo com metade dos cliques do Windows 7. Notar que, obviamente, isto não faz do Ubuntu duas vezes mais fácil de instalar que o Seven. Medido em cliques, quanto menor, melhor.
Espaço gasto em disco, imediatamente após uma instalação. Medido em GB, quanto menos, melhor.
Embora algumas pessoas possam reclamar o facto de termos usado as edições Ultimate do Vista e Seven, provavelmente esquecem-se que o Ubuntu standard inclui logo software como a suite de produtividade Open Office.
Nota: O Vista falhou na detecção da placa de rede durante a instalação, e portanto sem conexão à Internet até se instalar o driver apropriado.
Arranque e encerramento
O tempo de arranque foi medido também a partir do momento em que a máquina foi ligada, e o temporizador parou assim que o ambiente de trabalho foi carregado. A máquina de testes leva cerca de 20 segundos a passar pelo ecrã POST, mas para evitar dúvidas acerca do momento certo para começar a contagem, foi iniciada assim que o botão da máquina foi premido.
Tempo necessário para o computador arrancar, desde o premir do botão da máquina até ao ambiente de trabalho funcional. Medido em segundos, quanto menos, melhor.
A versão 32-bit do Windows 7 é a única que bate a fasquia de 1 minuto apenas, mas essa vantagem é rapidamente perdida na mudança para os 64-bit. O Linux sempre foi mais lento a arrancar, mas reconheceu-se que reduzir o tempo de arranque é um dos objectivos da nova versão Ubuntu 9.04.
Tempo requerido para encerrar, desde o premir do botão da máquina até a mesma desligar-se. Medido em segundos, quanto menos, melhor.
O Windows fica um pouco para trás dos Linuxes, com os 64-bit a revelarem-se mais uma vez uma fraqueza – agora para o Windows Vista.
Sistema de ficheiros
Para testar o desempenho dos sistemas de ficheiros, a equipa de testes correu 4 testes: copiar ficheiros de grande dimensão de USB para o HDD (disco rígido), copiar pequenos ficheiros de USB para o HDD, e copiar pequenos ficheiros do HDD para o HDD. Os testes entre HDDs copiaram dados desde uma parte do disco para outra, de forma a simular a cópia para um disco diferente.
Para referência, o teste de grandes ficheiros foi constituído por 39 ficheiros numa pasta, perfazendo um total de 399MB. O teste de pequenos ficheiros compreendia 2.154 ficheiros em 127 pastas, perfazendo um total de 603MB. Cada um destes teste foram executados com a cache de escrita desabilitada, para garantir a escrita completa de ficheiros.
Tempo gasto na cópia de pequenos ficheiros de um dispositivo flash USB para o disco rígido. Medido em segundos, quanto menos, melhor.
Tempo gasto na cópia de pequenos ficheiros de um local para outro no mesmo disco rígido. Medido em segundos, quanto menos, melhor.
Não esquecer que o Windows 7 está pelo menos a 9 meses do seu lançamento.
Tempo gasto na cópia de grandes ficheiros de um dispositivo flash USB para o disco rígido. Medido em segundos, quanto menos, melhor.
Tempo gasto na cópia de grandes ficheiros de um local para outro no mesmo disco rígido. Medido em segundos, quanto menos, melhor.
Com a excepção do Windows 7, enquanto se copiava grandes ficheiros no disco rígido, o Windows sofria geralmente comparando-o com o Linux em todos estes testes. Obviamente que o Windows tem de se preocupar com coisas que o Linux não tem, como por exemplo verificações de DRM, mas este teste mostra o quão drástica é a diferença de performance entre estes dois.
Nota: O Windows Vista e o Windows 7 parecem ter dificuldade com a cópia de imensos pequenos ficheiros, mas claramente que isto é muito mais que um driver descuidado pois algumas das velocidades de cópia de grandes ficheiros são incríveis no Windows 7.
Tanto o Vista como o Windows 7 parecem introduzir atrasos aleatórios aquando a eliminação de ficheiros. Por exemplo, uma em cada três vezes, quando se pretende apagar ficheiros, este ecrã mostrado abaixo aparece, e não acontece nada durante 25-30 segundos, até começar subitamente em acção e apagar os ditos ficheiros. De qualquer forma, isto não constava nos testes, por isso não foi incluído nos números abaixo.
Benchmark Richards
Nota: Este teste foi executado usando o Python multi-plataforma. Para futura referência, o Ubuntu 8.10 usa o Python 2.5.2, o Ubuntu 9.04 usa o Python 2.5.4, e usou-se o Python 2.5.4 nos testes em Windows. Embora os resultados dos 64-bit para o Linux e Windows não pareçam muito diferentes, a equipa de testes admitiu estar impressionada com os testes do Windows – o desvio entre os testes foi de apenas 3 milissegundos no Vista, e 5 milissegundos no Seven, comparados com os 20 milissegundos do Linux.
Tempo levado na execução do benchmark em Python de Richards. Medido em milissegundos, quanto menos, melhor.
É claro que se pode concluir a partir deste gráfico que ter um SO de 64-bit pode fazer grande diferença em tarefas de grande computação, mas não é muito agradável ver o Windows ultrapassar (positivamente) o Linux em quase todos os resultados.
Mudando para ext4 (sistema de ficheiros)
Todos os benchmarks Linux abaixo indicados foram executados usando o sistema de ficheiros ext3, mas o que será que acontece quando mudamos para ext4? Bem, não muito!
Arranque, encerramento e testes ao sistema de ficheiros para o Ubuntu 9.04/x86-64 usando ext3 (azul) e ext4 (vermelho). Medido em segundos, quanto menos, melhor.
Embora não houvesse diferença entre o tempo de encerramento, o tempo de arranque usando ext4 caiu 8 segundos, que é já uma melhoria considerável.
Provavelmente pode-se descartar os testes entre USB e HDD, pois devem estar próximo dos testes anteriores. Desta forma, restam os testes entre zonas diferentes do disco rígido, e é aqui que se encontra uma saudável melhoria: 3,7 segundos foram suprimidos do teste de pequenos ficheiros, tornando o ext4 cerca de 25% mais rápido que o seu predecessor.
Os testes mostraram uma melhoria na transferência de grandes ficheiros, mas não tão considerável.
Conclusões
Os benchmarks são sempre inundados com questões, incertezas, margens de erros e outras complexidades, e é por isso que não iremos olhar profundamente para as mesmas.
Embora o Linux tenha vindo a ganhar terreno ao Windows, os testes mostram que existem algumas situações em que o Windows 7 mostra grandes melhorias e isso é óptimo para uma competição a longo termo.
De qualquer forma, o Linux não está parado: com o novo sistema de ficheiros ext4, agora estável, espera-se que seja adoptado pelas distribuições em pouco tempo. Infelizmente parece que o Ubuntu 9.04 não será das primeiras distribuições a fazer esta troca, por isso os utilizadores ou ficarão pelas performances habituais ou saltarão para o Fedora, que fará a troca para o ext4 já no lançamento da próxima versão.