Um reinado sem oposição durante 14 anos transformou a Nokia em sinónimo de telemóveis, sobretudo na Europa. Com efeito, a tecnológica finlandesa dominou grande parte da década de 90 bem como a primeira década do século XXI. Entretanto, o mercado rendeu-se aos smartphones Samsung, até aos dias de hoje.
Uma transição conturbada que resultaria na queda da Nokia e cujos primeiros se sentiram há 7 anos.
Foi no final do primeiro trimestre de 2012 que a sul-coreana ultrapassou a rival finlandesa. Desde então, os smartphones Samsung tornaram-se num sinónimo de Android, ao passo que os telemóveis Nokia se tornaram em sinónimo de tempos idos. Mais ainda, os seus smartphones nunca viriam a singrar no mercado.
O fim da era dos telemóveis Nokia
Nos últimos anos da Nokia tal como a conhecíamos, a constante recusa em aceitar o novo formato – smartphones – viria a ditar o seu fim. Contudo, esse não foi o seu único erro. Em 2012 já o sistema operativo Android se tornava na figura dominante, a par da alternativa desenvolvida pela Apple, o iOS.
Em síntese, o público já estava completamente envolto na nova era dos ecrãs touch e dos telemóveis inteligentes que, desde então, se passaram a chamar smartphones. Aliás, nenhuma outra empresa se dedicou tão a fundo ao novo conceito como a tecnológica sul-coreana. Entretanto, a Nokia trabalhava no Symbian.
Era uma alternativa ao Android e iOS na qual a finlandesa trabalhou até uma fase tardia. Até que, surpreendentemente, descartou esse trabalho e firmou a ruinosa parceria com a Microsoft. A partir daí, a sua prioridade passaria pelos smartphones e o Windows Mobile seria o seu ADN.
Houve bons smartphones Nokia
Ainda que a plataforma – Windows Mobile – estivesse condenada, aqui repartindo as culpas com a Microsoft, tivemos alguns bons smartphones Nokia. Em comum todos eles partilhavam uma coisa, as proezas fotográficas numa altura em que os smartphones Android e iOS utilizavam módulos fotográficos limitados.
Seria, porém, o seu canto do cisne, um último raiar até que o lançamento do Samsung Galaxy S3 viesse ofuscar tudo e todos. Aliás, numa nota estritamente pessoal, o S3 foi o primeiro dispositivo da marca que me fez olhar duas vezes para o então estranho conceito – smartphone. Até então era um jovem perfeitamente feliz com o meu Nokia N81, já com alguns anos e acabaria por adquirir um telemóvel Nokia X3-02.
Em 2012, o mercado ficou a conhecer o verdadeiro potencial dos smartphones Samsung bem como da Apple e o seu iPhone. Assim que o Galaxy S3 chegou ao mercado, em meados de 2012, ninguém ficou indiferente à sua presença. Afinal, esta “coisa” dos smartphones Samsung tinha as suas qualidades e foi o S3 a pedra basilar.
Os smartphones Samsung firmaram-se com o Galaxy S3
Até então eram peculiares, mas passavam despercebidos ao grande público. Não eram propriamente o dispositivo mais bonito do mercado, ou o mais barato, e nessa altura o sistema Android era sinónimo de frustrações, lag e lentidão – em grande parte devido à disponibilidade de imensos modelos de gama baixa.
Nessa altura também a Apple se estava a sair muito bem no mercado. Aliás, já em 2011 havia ultrapassado temporariamente a Nokia, em 2011, com o lançamento do iPhone 4. Foi a última cartada de Steve Jobs. A partir daí a era dos telemóveis Nokia havia chegado ao fim e todas as rivais se tinham apercebido.
Debatendo-se com divisões internas, má gestão e uma teimosia incrível, o seu destino estava traçado. Em última análise, foi a sua grandeza e os maus hábitos adquiridos no caminho que a levaram a quase desaparecer. Foi uma das maiores quedas em toda a história do mercado de dispositivos móveis.
Uma nova esperança com a HMD Global
Em 2016 um grupo de antigos executivos da tecnológica finlandesa, agora numa nova empresa, ficariam encarregues do legado da Nokia. Desde então a grande prioridade são os smartphones Android, apoiados em toda a nostalgia que ainda envolve a marca.
Foi também a HMD Global que envergonhou as outras fabricantes ao colocar o dedo na questão das atualizações de software. A empresa sabia que para ter alguma chance neste mercado competitivo não poderia repetir os erros do passado, nem deixar que o orgulho lhe tolhesse a razão. Assim o fez e desde 2017 venderiam mais de 70 milhões de dispositivos.
Os seus esforços seriam reconhecidos em 2018 pela Counterpoint Research, voltando a fabricante ao Top 10 global. Sensivelmente ao mesmo tempo, a Canalys anunciaria o regresso desta mesma empresa ao Top 5 da Europa, o seu antigo bastião.
Agora, o presente consiste na batalha diária com vista a ganhar a confiança dos consumidores. Nesse aspeto, a HMD Global continua a fazer um ótimo trabalho, ainda que recentemente tenha tido um ligeiro infortúnio. Já para 2019 temos um novo dispositivo móvel topo de gama, o Nokia 9 PureView.
Com o mercado atualmente liderado pela Samsung, a principal “ameaça” à tecnológica finlandesa são as fabricantes chinesas. Num mercado altamente competitivo, a principal dificuldade é a competição oriunda da China. Até aos dias de hoje, a queda aparatosa da Nokia continua a ser um caso de estudo.