O Android é, de longe, o sistema operativo móvel mais usado pelos dispositivos móveis e completa este ano a sua primeira década de vida, tendo sido lançado em 2008.
De modo a celebrar este marco, reunimos um conjunto de factos e curiosidades que darão a conhecer mais sobre o sistema operativo pertencente à Google.
Fundação e primórdios
O Android não foi inicialmente concebido pela Google. A empresa Android Inc. foi fundada por Andy Rubin, Rich Miner, Nick Sears e Chris White, em 2003. Andy Rubin era a principal figura da empresa, tendo trabalhado 10 anos antes na Apple e atualmente é associado à Essential Products, que desenvolveu um dos maiores fiascos de 2017, o Essential Phone.
O objetivo da Android Inc. era desenvolver um sistema operativo para máquinas fotográficas, mas aperceberam-se que esse mercado era algo pequeno e restrito e decidiram investir no desenvolvimento de sistemas operativos para dispositivos móveis, de modo a competirem com a BlackBerry, Microsoft e Palm.
A empresa foi, em 2005, adquirida pela Google e a partir daí começaram a acelerar o desenvolvimento do projeto. Criaram concepts, entre os quais o “Sooner”, um dispositivo muito idêntico aos BlackBerry, sem um ecrã tátil e um teclado QWERTY.
Em 2008 foi lançado, finalmente, o primeiro smartphone Android de sempre: o HTC Dream ou T-Mobile G1 (nos EUA).
Recheado com o Android 1.6 (Donut), 256MB de RAM e um processador Qualcomm single-core com uma frequência de 528MHz, é um smartphone com hardware inimaginável para os tempos atuais. Recebeu críticas positivas, especialmente por já ter um ecrã tátil e pela integração com os serviços da Google.
Curiosamente, não tinha teclado virtual nem entrada jack 3,5mm. O teclado QWERTY deslizável estava situado sob o ecrã, estando numa posição horizontal que impedia os utilizadores de escreverem com uma só mão.
Nomenclatura das diferentes versões
É do senso comum a típica designação das diferentes versões do Android. A Google costuma atribuir nomes de sobremesas e doces às versões do seu sistema operativo, como as mais recentes Oreo e Nougat. Contudo, nem sempre foi assim…
As primeiras versões do Android, 1.1 e 1.2, não tiveram nenhuma designação específica, sendo que apenas a terceira versão do sistema operativo, a 1.5, é que já recebeu a designação de uma sobremesa, Cupcake, que se tem vindo a observar até hoje.
Primeiras reações dos críticos e concorrência
Primordialmente, o Android foi algo subvalorizado e desprezado pelos críticos e concorrentes tecnológicos. O domínio do Symbian e da BlackBerry, ao qual se soma a recente aparição do iPhone neste mercado, levaram a que algumas personalidades duvidassem da capacidade da Google criar impacto e domínio neste segmento.
Apesar de a Google ser uma empresa inovadora e com meios para levar avante o projeto, a ideia de uma empresa responsável por um motor de busca e um serviço de e-mail decidir avançar no mercado dos smartphones era algo surreal.
Tal foi publicamente expresso por Tom Conrad, executivo da Pandora Radio, numa “conferência mesa redonda” em 2008, em que afirmou que o Android era irrelevante e que ninguém queria saber dele… Uma confissão e opinião que se veio a verificar completamente errada.
Android 3.0 existiu, mas não em smartphones
São imensos os utilizadores que desconhecem a existência do Android 3.0. Em boa verdade, tal é absolutamente normal visto que o Android 3.0 (Honeycomb) apenas foi disponibilizado num reduzido número de dispositivos, todos inseridos no segmento dos tablets. Foi a resposta da Google ao aparecimento e sucesso do iPad da Apple.
Eram dispositivos bastante caros e algo limitados, devido ao reduzido número de aplicações desenvolvidas para estes. Do ponto de vista comercial, o Android 3.0 pode ser considerado um fiasco, mas trouxe várias novidades que estão presentes ainda hoje, nas mais recentes versões do sistema operativo.
WebOS foi apontado como o carrasco do Android
Como já abordámos, os tempos primordiais do Android não foram fáceis. O mercado enraizado no Symbian, BlackBerry OS, Windows Mobile e o aparecimento do iOS dificultavam a penetração de outros concorrentes neste mercado.
A Palm, na mesma altura do aparecimento dos primeiros dispositivos com Android, apresentou o sucessor do seu PalmOS, o webOS. A indústria e crítica aguardavam com entusiasmo este sistema operativo, colocando sobre este um enorme potencial, capaz até de superiorizar largamente o Android.
Contudo, certas decisões da Palm levaram a que o webOS não fosse muito bem sucedido e em 2010 foi adquirida pela HP, que passou a ser a responsável pelo desenvolvimento do sistema operativo. Atualmente, o mesmo está entregue à LG que o usa nas suas SmartTV. Apesar de todo o potencial que lhe foi atribuído, o webOS acabou por ser um fiasco comercial.
CEO da Google foi afastado do conselho de administração da Apple
Apesar de serem duas das maiores empresas do mundo e, atualmente, rivais diretas no segmento dos smartphones (e não só), a Apple e a Google já tiveram colaborações bem próximas, de modo a que Eric Schmidt, na altura CEO da Google, chegou a fazer parte do conselho de administração da Apple.
Contudo, devido à ascensão do Android e a consequente ameaça ao iOS, Steve Jobs impôs-se e exigiu a retirada de Eric Schmidt do conselho de administração da empresa de Cupertino, por conflito de interesses.
Tal como foi referido por Steve Jobs:
Unfortunately, as Google enters more of Apple’s core businesses, with Android and now Chrome OS, Eric’s effectiveness as an Apple board member will be significantly diminished, since he will have to recuse himself from even larger portions of our meetings due to potential conflicts of interest.
Primeiro smartwatch Android apareceu muito antes do Android Wear
O Android Wear foi lançado a 18 de março de 2014 e desde então temos assistido ao lançamento de diversos modelos de smartwatches com este sistema operativo. A lógica levar-nos-ia a concluir que até esse momento não existiam relógios com o sistema operativo da Google… Todavia, a Sony Ericsson lançou o LiveView em 2010.
Era um smartwatch bastante limitado para os padrões atuais, mas tendo em conta a data de lançamento, foi pioneiro neste segmento. Permitia, através de uma conexão Bluetooth, ler SMS, aceder ao Facebook e Twitter, calendário, recebia notificações de chamadas, etc.