O dia de ontem ficou marcado com o “Não” da Grécia à Europa. Os gregos querem renegociar a dívida que têm para com os credores e, se as semanas que passaram foram de incerteza quanto ao futuro do país e quanto ao futuro da própria União Europeia, os próximos tempos não serão melhores.
Há muito que os investimentos do país estão “congelados” face à austeridade vivida mas, ainda assim, há uma área que se destaca como a mais inovadora de todas em tempos de profunda crise: as tecnologias da informação.
A Grécia é hoje um país completamente desorientado. Os investidores deixaram de acreditar nas potencialidades do país e, quem olha para ele, vê-o como um país parado no tempo, culpa da crise, impulsionada pela má gestão de décadas.
Ainda assim, ao nível da tecnologia, a Grécia tem tentado acompanhar o Resto do Mundo e é a área das Tecnologias da Informação que mais tem vingado.
Tecnologias da Informação, um dos sectores em maior desenvolvimento
Este é o sector mais inovador de todos, graças às sinergias que o envolvem. A mão-de-obra é altamente qualificada e empreendedora, como aliás, caracteriza este sector em qualquer parte do mundo.
As empresas de microelectrónica são as que mais vingam no país, sustentadas por grandes grupos internacionais como CERN, Intel, Motorola, NASA, entre muitos outros. O serviço prestado a estas empresas internacionais é de tal ordem que correspondem a 80% das receitas totais do sector de microeletrónica grego. São também empresas como a Lancon, que actuam no mercado das IT, data center e serviços cloud que mais estimulam a economia afundada do país.
De notar, que esta era uma das áreas que mais usufruía nos últimos tempos de incentivos públicos, através de fundos da UE, parcerias público-privadas e investimento directo do estado.
O serviço de Internet na Grécia
Uma das questões importantes para a evolução do sector das tecnologias e para o próprio desenvolvimento da economia é a qualidade de infra-estruturas adequadas ao seu desenvolvimento.
A Grécia, segundo dados do Net Index do Ookla, encontra-se na 96ª posição no que toca a velocidades de Internet por agregado familiar. Este valor ganha mais expressão quando observamos os valores de Portugal, que ocupa a 30ª posição.
Enquanto que a velocidade média de Download registada na Grécia no último mês foi de 10,7 Mbps, em Portugal foi de 32,3 Mbps. No caso do Upload os valores para a Grécia registaram 1,9 Mbps, enquanto que Portugal foram de 7,1 Mbps. No caso da Internet móvel, a Grécia registou valores melhores que Portugal com velocidades médias registadas de Download de 21,2 Mbps, contra 16,7 Mbps no nosso país. É importante perceber que estes valores resultam de testes realizados por aproximadamente o mesmo número de IPs únicos, no mesmo período de tempo, nos dois países.
Os dispositivos móveis
De uma forma geral, em toda a Europa, é o Android que reina na maioria dos dispositivos móveis utilizados e na Grécia não é excepção, com mais de 66,2% dos gregos a utilizar Android e apenas 28,93% iOS. A utilização de Android face ao iOS tem sido uma tendência que tem vindo a aumentar ao longo do último ano.
A forte presença do Windows XP
O Windows 7 é o sistema operativo para computadores que ainda domina o mercado mundial. No entanto, de uma forma geral, a adopção do Windows 8.1 foi feita de forma crescente ao longo do último ano. Em Portugal, por exemplo, a adopção do Windows 8.1 em detrimento do Windows 7 foi feita de uma forma bastante expressiva.
No caso da Grécia, o panorama é bastante distinto. Mesmo sendo um país onde o Windows 7 domina, é o Windows XP que se destaca por não ter ainda sido ultrapassado pelo Windows 8.1. Este facto poderá revelar que os equipamentos na Grécia estão obsoletos e que o gregos não são tão propensos ao desenvolvimento tecnológico quanto o resto dos países europeus.
Além do mais, outro dado relevante nesta análise é a pouca expressão que o OS X tem no país. Até o Windows Vista e Linux estão mais presentes nos computadores gregos.
Esta é apenas uma pequena visão do panorama tecnológico de um dos países mais falados em todo o mundo nos últimos tempos, um país que há muito que parou enquanto assiste às negociações de um futuro que se prevê difícil e, sem dúvida, que a tecnologia terá um papel fundamental na sua recuperação económica.