A energia solar é uma promessa para o fornecimento de eletricidade, pelo que têm sido desenvolvidos projetos em vários países, por várias empresas e governos. Indo além do potencial de geração de energia na Terra, a Islândia pode ser o primeiro país a receber energia de uma central solar baseada no espaço.
Empresas e governos têm desenvolvido projetos solares, a par de outros, com o objetivo de cobrir a Terra com painéis e fornecer energia limpa aos cidadãos. Um dos problemas, contudo, é o facto de o Sol não estar completamente disponível, durante todas as horas do dia.
Uma proposta que visa ultrapassar as deficiências da energia solar terrestre, em cima da mesa desde os anos 70, consiste em deslocar os painéis para fora da Terra, colocando-os em órbita geossíncrona.
Painéis solares no espaço são desafiantes
A uma altitude de 35.786 km, uma central elétrica poderia permanecer fixa no céu, num ponto sobre a Terra onde haveria luz solar quase contínua e não filtrada pelo ar, nuvens ou poeiras.
No espaço, por via de painéis solares fotovoltaicos, a luz solar poderia ser convertida em eletricidade e depois em microondas, que seriam transportadas para estruturas recetoras na Terra. Estas converteriam as microondas em eletricidade e alimentariam a rede.
Conforme partilhado, teoricamente, se estes painéis solares fossem suficientemente grandes, apenas três deles poderiam fornecer toda a energia de que a Terra necessita.
Na prática, no entanto, os painéis em órbita teriam de ter uma área de muitos quilómetros quadrados e a antena de receção, instalada na Terra, teria de cobrir a mesma área que a ilha de Manhattan.
Mesmo com a construção mais leve e os custos de lançamento mais baratos previsíveis, o preço de uma instalação orbital deste tipo seria astronómico e exigiria a criação de toda uma infraestrutura de produção espacial para a suportar.
Além disso, implicaria o desenvolvimento de uma tecnologia capaz de funcionar autonomamente com um mínimo de intervenção humana durante pelo menos 30 anos. A estrutura necessitaria, também, de manutenção contínua.
Mais, o sistema basear-se-ia em painéis solares e implicaria muitas conversões, desde a recolha até à entrega ao cliente. Segundo a NASA, essa energia espacial custaria 12 a 80 vezes mais do que as energias renováveis terrestres.
Apesar dos desafios, a Space Solar parece estar suficientemente confiante para conduzir uma estrutura de demonstração, no âmbito de uma parceria comercial com a islandesa Transition Labs.
Startup britânica quer ir além da Terra para gerar energia solar
A Space Solar, uma startup britânica, assinou um acordo com a Reykjavik Energy que poderá tornar a Islândia o primeiro país a receber energia de uma central solar baseada no espaço.
O projeto de demonstração de 30 MW deverá estar operacional em 2030.
Segundo Martin Soltau, co-diretor-executivo da Space Solar, num comunicado, “a energia solar baseada no espaço oferece vantagens sem paralelo, com custos de energia competitivos e disponibilidade 24 horas por dia, 7 dias por semana”.
O reconhecimento por parte da Reykjavik Energy do potencial da energia solar espacial para impulsionar a transição energética é empolgante, e estamos entusiasmados por trabalharmos em parceria para um futuro sustentável.
A empresa britânica confia que será capaz de aumentar a capacidade do seu sistema até 2036 para gigawatts e está já a procurar outros locais recetores na Islândia, Canadá e norte do Japão.