“Em terra de cegos quem tem um olho é rei”, o conhecido ditado popular pode ser aplicado ao mais recente filme do conceituado realizador Fernando Meirelles. “Ensaio sobre a Cegueira” chega finalmente às salas nacionais e com ele muita expectativa do povo português, não fosse ele uma adaptação do Português Nobel da Literatura, José Saramago.
A Dupla Face Da Lei “A Dupla Face da Lei” (Righteous Kill), tem o condão de juntar dois monstros da representação, Al Pacino e Robert de Niro com 50 Cent, um dos rappers mais famosos da actualidade. Será por ventura interessante observar o desempenho de 50 Cent, uma vez que, com provas mais que dadas, Al Pacino e Robert De Niro assegurarão qualidade interpretativa neste filme. A premissa, à primeira vista, mostra ser interessante, mas o desenvolvimento dado ao guião terá qualidade? A recepção tem sido algo morna por parte das pessoas, mas muito mais agressiva por parte dos críticos, onde muitos referem que não basta ter dois excelentes actores para resultar num bom filme.
A sinopse deste filme realizado por Jon Avnet, é a seguinte: Dois veteranos detectives de Nova Iorque trabalham para tentar identificar a conexão possível entre um recente assassinato e um caso que acreditam terem resolvido anos atrás. Há um assassino de série à solta… Puseram eles talvez a pessoa errada na prisão?
Sobreviver Com os Lobos O próximo filme chega quase um ano após a sua estreia no país de origem. É realizado e argumentado por Véra Belmont, conta com as interpretações de Mathilde Goffart, Yaël Abecassis e Guy Bedos e resulta numa parceria entre a Bélgica, França e Alemanha. Uma menina de 8 anos percorre a Europa nazi à procura dos seus pais. Ela chama-se Misha. É judia.
O seu pai e a sua mãe acabam de ser deportados. Ela apenas sabe uma coisa: que eles estão no leste. Com a ajuda de uma simples e pequena bússola, ela deixa para trás a sua Bélgica natal e vai na direcção da Ucrânia, a pé, atravessando a Alemanha e a Polónia, na esperança de os encontrar. Para sobreviver, ela rouba comida e roupas. Para sobreviver, ela evita os homens e a sua violência. Para sobreviver, ela integra uma alcateia de lobos.
E torna-se “um” deles. A partir de uma narração autobiográfica de Misha Defonseca, um testemunho pungente sobre a animalidade dos homens e a humanidade dos animais. É de esperar belíssimas paisagens e uma ternura recíproca entre lobos e pessoas, que contrastará com a maldade humana. Atentem ao lindíssimo cartaz de “Sobreviver Com os Lobos” (Survivre Avec les Loups) e fiquem com o trailer.
Reviver o Passado em Brideshead A história começa em 1925 em Oxford com o início de uma amizade entre Charles Ryder e o empreendedor e brilhante Sebastian Flyte, filho de Lord e Lady Marchmain. Charles é rapidamente seduzido pelo mundo opulento e glamoroso de Sebastion, ficando contente com o convite para Brideshead, a magnífica casa ancestral dos Marchmain.
Cego pelo mundo que o rodeia Charles começa a apaixonar-se pela lindíssima irmã de Sebastian, Júlia. À medida que aumenta o sentimento que Charles nutre pela jovem Júlia, este dá por si a entrar, cada vez mais, em confronto com a profunda fé católica que une aquela família. O Drama proveniente do Reino Unido é adaptado do livro com o mesmo nome que se tornou num enorme sucesso.É realizado por Julian Jarrold e a recepção tem sido bastante razoável, tanto pelo público como pela crítica.
Um drama que poderá ser interessante e um filme a ter em conta esta semana. É de referir, pela negativa, que é mais um filme que chega às nossas salas muito tempo após ter estreado.
Ensaio Sobre a Cegueira José Saramago chorou ao ver, Fernando Meirelles diz que o filme é como se fosse um filho e na América a polémica gerou-se. A Federação Nacional de Cegos Americana afirma que, “tanto o livro como o filme retratam os cegos como incapazes de fazer seja o que for e até como viciados ou criminosos.
Isto é completamente absurdo” e Saramago responde dizendo que “o pior cego é aquele que, ainda não tendo visto, não quer ver” e ainda que “A estupidez não escolhe entre cegos e não-cegos”. “Ensaio Sobre a Cegueira” (Blindness) é realizado por Fernando Meirelles, interpretado por Julianne Moore, Mark Ruffalo e Danny Glover e adaptado do prémio Nobel. Estes três factores juntos elevam a expectativa de qualquer cinéfilo, podendo afirmar que esta é, sem dúvida, a grande estreia da semana.
Por muitos foi considerado uma obra arriscada, por outros o livro seria impossível de adaptar e de filmar, mas o autor de “A Cidade de Deus”, que afirma que não faz filmes só para vender, e admirador de Saramago com o seu estilo próprio cria algo que poderá não agradar a todos, mas que certamente ficará na memória de quem o vir.
O filme conta a história de uma inédita epidemia de cegueira, inexplicável, que se abate sobre uma cidade não identificada. Tal “cegueira branca” – assim chamada, pois as pessoas infectadas passam a ver apenas uma superfície leitosa – manifesta-se primeiramente num homem preso no trânsito e, lentamente, espalha-se pelo país. Aos poucos, todos acabam cegos e reduzidos a meros seres que lutam pelas suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários.
O foco do filme, no entanto, não é desvendar a causa da doença ou sua cura, mas mostrar o desmoronar completo da sociedade que perde tudo aquilo que considera civilizado. Mais do que olhar, importa reparar no outro. Só dessa forma o homem se humaniza novamente. A mensagem que Saramago pretende transmitir não pode ser mais actual. Um filme muito aconselhado.
NOTA: Este artigo foi escrito por Ricardo Vieira para o Pplware.