Foi a partir das suas instalações em Perafita, na periferia do Porto, que a Adamastor trabalhou no desenvolvimento do primeiro supercarro português. Conheça o FURIA.
Um estudo recente sobre o mercado global de supercarros, citado pela Adamastor num comunicado de imprensa, revela que este atingiu um valor de cerca de 16 mil milhões de euros em 2022. Espera-se que, até 2028, este valor atinja os 20 mil milhões.
Com base nesta previsão de crescimento, é igualmente previsível que a concorrência se torne, também ela, cada vez mais intensa, com todos os desafios técnicos e de capital a conduzirem a uma grande concentração de mercado, nunca esquecendo o longo processo de conceção e desenvolvimento de um supercarro até à sua produção.
É por via do rigor de construção, da experiência de condução, e do design e tecnologia de alto nível que a Adamastor quer destacar-se, começando a jornada com o novo supercarro FURIA.
Ficha técnica – Adamastor Furia
Chassis:
- Fibra de carbono
Dimensões exteriores
- Comprimento: 4.560 mm
- Largura: 2.212 mm
- Altura: 1.098 mm
- Peso: 1.100 kg (dry na versão Race)
Largura de vias
- Dianteira: 1.755 mm
- Traseira: 1.705 mm
- Distância entre eixos: 2.800 mm
Suspensão
- Geometria: triângulos duplos desacoplados, mola helicoidal sobre amortecedor
- Afinações possíveis: toe, camber, caster, altura ao solo, roll stiffness, bump stiffness
Motor
- Arquitetura: 6 cilindros em V, biturbo, de origem Ford Performance
- Cilindrada: 3.5 litros
- Potência máxima: + 650 cavalos
- Binário máximo: + 571 Nm
- Combustível: Gasolina; compatível com combustíveis sintéticos
- Velocidade máxima: superior a 300 km/h na versão de estrada
- Aceleração de 0 a 100 km/h: cerca de 3,5 segundos
- Aceleração de 0 a 200 km/h: cerca de 10,2 segundos
Downforce máximo
- Race: 250 km/h – 1.800 kg
- Road: 250 km/h – 1.000 kg
Travões
- Discos de 378 mm à frente e de 356 mm atrás. Pinças de 6 êmbolos à frente e de 4 êmbolos atrás. Variação da força de travagem disponível na versão Race.
Equipamento de série
- ABS e TC
Opções de personalização:
- A Adamastor permite uma grande liberdade de personalização do Furia, inclusivamente no design interior.
Produção prevista:
- Série limitada de 60 unidades
Preço da versão de estrada (road legal):
- Estimado em 1,6 milhões de euros + impostos
Furia: Em estrada, mas também nos circuitos mundiais
Com uma equipa de trabalho que reúne catorze elementos com formação académica e profissional nas áreas da engenharia, produção e design, a par de uma rede internacional de parcerias que lhe proporciona o acesso às mais recentes tecnologias, a Adamastor está a impulsionar e materializar a sua visão de um moderno supercarro a partir da sua fábrica e centro de engenharia na zona de Perafita, no Porto.
Um supercarro é, na sua essência, um automóvel desportivo exclusivo de elevado desempenho, sendo composto por componentes específicos de superior qualidade, oferecendo mais potência e tecnologia de ponta a entusiastas e colecionadores de todo o mundo. É precisamente neste segmento, também ele “super” ao nível da exclusividade, que a Adamastor se quer posicionar.
Foi aproveitando todo o know how da equipa e a experiência entretanto acumulada nas mais variadas áreas de produção industrial que conduziu a Adamastor ao lançamento do primeiro Supercarro nascido em solo português.
Seja ao percorrer uma das melhores estradas do planeta ou ao fintar a física sobre o asfalto de qualquer circuito mundial, a aerodinâmica desempenha um papel absolutamente crucial na eficiência e performance do supercarro da Adamastor.
O primeiro supercarro português nasceu de uma folha em branco e o processo de design foi integralmente liderado pelo responsável pela aerodinâmica. É esta a importância da aerodinâmica na performance de um supercarro e a Adamastor sabe-o bem.
Com base no software CAD Siemens NX, o departamento de design desenvolveu, com total liberdade criativa, a elaborada carroçaria do novo Adamastor com vista à melhor eficiência e superior desempenho em condução desportiva.
Lê-se, na mesma comunicação.
O primeiro supercarro português é natural do Porto
Numa segunda fase, e depois de concebida a configuração base, a equipa do centro de engenharia da Adamastor dedicou-se a definir os espaços ocupados pelos principais componentes. Neste aspeto, foi essencial o trabalho dos restantes departamentos – dinâmica, powertrain, interior, estruturas – os quais criaram as soluções necessárias para otimizar o espaço de instalação, bem como a melhor performance dos respetivos componentes.
As superfícies aerodinâmicas em fibra de carbono, o fundo com efeito Venturi – conceito responsável por uma grande parte do downforce gerado, permitindo prescindir de componentes como ailerons – e o design global foram igualmente otimizados através de simulação CFD – Computational Fluid Dynamics (125 casos diferentes, incluindo safety cases).
A Adamastor realizou mais de 30.000 voltas para afinar, ao detalhe, e evoluir a performance do seu supercarro, validando o comportamento do chassis e a sua dinâmica sob as condições mais exigentes de utilização.
Foram inclusivamente definidos objetivos em termos de tempos por volta em simulador, registos que foram facilmente superados pelo supercarro da Adamastor. A equipa definiu, também, metas específicas em termos do desempenho dinâmico, focando-se em áreas como a essencial rigidez estrutural, o peso e a localização do centro de gravidade.
Os componentes foram ainda alvo de uma otimização estrutural com recurso a simulação FEA – Finite Element Analysis, bem como a algoritmos específicos. Só o chassis passou por mais de 100 iterações, considerando elementos como o design e, por exemplo, a definição do laminado.
Todo o trabalho efetuado ao nível da aerodinâmica traduziu-se, segundo a empresa, em resultados – em ambiente de simulação – muito encorajadores, com o supercarro da Adamastor a impor-se, em termos de downforce, aos monolugares de Fórmula 2 e Fórmula 3 das temporadas de 2021, bem como a modelos das categorias GT3 e LMP2. Isto sem o recurso à habitual asa traseira de grandes dimensões.
Já em termos de coeficiente de arrasto, os resultados obtidos foram, igualmente, animadores, tendo sido possível, inclusivamente, superar o desempenho de um monolugar de Fórmula 1 da época de 2021.
O preço estimado de uma unidade de estrada é de 1,6 milhões de euros, antes de impostos. O plano da Adamastor prevê entregar em 2025 dois carros de estrada e dois em versão de competição. Segundo estimativas da marca, a capacidade de produção de 25 carros por ano deverá ser atingida em 2026.
Conheça a Adamastor, o nome por detrás do primeiro supercarro português
A história contada pela própria empresa…
No Porto, já bem dentro do Século XXI e a atravessar mais uma das tantas crises que temos vivido, o objetivo era dar forma a um projeto que envolvesse empresas e universidades em torno de uma paixão: os Automóveis.
Foi assim que tudo começou, corria o ano de 2010! Ricardo Quintas e Nuno Faria, sócios e fundadores da Adamastor, decidiram concretizar o desejo de aproximar estas duas realidades que, por motivos diversos, nem sempre têm uma relação tão próxima quanto deveriam ter, o mundo académico e o meio empresarial.
O automóvel foi, assim, assumido como o caminho para esse objetivo, o apaixonante elo em comum que permitiria unir dois âmbitos tão próximos e, ao mesmo tempo, muitas das vezes, igualmente distantes. Para tal foi posto em prática o desenvolvimento de um projeto de um veículo de competição e, em colaboração com universidades nacionais de engenharia, gestão e marketing, motivar a construção do mesmo, potenciando as capacidades dos alunos envolvidos, num processo devidamente sustentado por um empresário que serviria como mentor do projeto.
Numa primeira fase, a Adamastor, representada pelos seus dois “pais” deslocou-se a Birmingham, a uma feira de automóveis, de forma a fazer um reconhecimento de potenciais modelos que pudessem ser interessantes de incluir no projeto, tais como uma réplica do Lotus Seven.
Todavia, ainda que, já em Portugal, o projeto não tenha tido a adesão esperada, a Adamastor viu nesse obstáculo no caminho uma verdadeira oportunidade: a de construir, pelas suas próprias mãos, automóveis.
Mas para isso, havia que ganhar experiência, colocar as mãos ao trabalho e atrair engenheiros para a família Adamastor. Assim, após algumas experiências iniciais com automóveis de produção comprados especificamente com o propósito de desenvolver as suas capacidades, entra na equipa Frederico Ribeiro com o intuito de se começar a trabalhar num automóvel completamente novo que pudesse, por exemplo, vir a servir de base a uma competição destinada a alunos das universidades. A Adamastor quis, desta forma, lançar novamente a primeira pedra de uma colaboração entre as empresas e o meio académico e, assim, concretizar a sua visão inicial de aproximação entre ambos.
Estavam, também assim, definidos os pilares sobre os quais assentaria a Adamastor do futuro, tendo os trabalhos da pequena equipa recentemente formada começado na casa de um dos fundadores, com a construção das primeiras maquetes em esferovite. Mais tarde, ocuparam então o seu primeiro atelier de trabalho, numas pequenas instalações alugadas no Porto.
É nesta altura que nasce o primeiro chassis da Adamastor, o P001 – desenhado por Ricardo Ribeiro – estrutura que veio mais tarde a ser redesenhada, já com o contributo de Frederico Ribeiro, de forma a proporcionar um habitáculo mais espaçoso ao condutor e passageiro. O chassis P001 evolui para o P002, estrutura que utilizava uma mecânica Volkswagen/Skoda comprada para esta fase inicial de desenvolvimento, e que permitiu à equipa, uma vez mais, validar as suas capacidades e desenvolver ainda mais os conhecimentos necessários para tornar o seu chassis cada vez melhor e mais evoluído.
Deste trabalho efetuado e dos inerentes e muito valorizados erros de aprendizagem, nasce o terceiro chassis, o P003.
O nascimento deste novo chassis é, como se compreende, um dos momentos de viragem da história da Adamastor, em que a empresa sentiu inclusivamente a necessidade de ampliar o investimento em tecnologia que permitisse atingir o nível de execução e precisão desejado, evitando, cada vez mais, a dependência de fornecedores exteriores que pudesse atrasar o cumprimento dos prazos estabelecidos internamente.
O chassis P003 foi, assim, integralmente concebido pela Adamastor, com base em todo o know-how adquirido até ao momento, com as tolerâncias e precisão milimétrica exigidas pelo projeto. A terceira estrutura concebida pela Adamastor foi a única que veio a receber uma carroçaria, com um design que resulta de um conjunto de ideias da equipa e que visam reproduzir as linhas de vários modelos por si apreciados.
Foi escolhida uma mecânica Toyota para propulsionar o P003 e foi entregue a Alfredo Matos a responsabilidade de afinar o chassis Adamastor de forma a potenciar o seu desempenho dinâmico. No traçado do circuito de Braga, o P003 reduziu, desta forma, o tempo da sua melhor volta em cerca de 4 segundos, deixando a Adamastor numa posição confortável para se assumir como uma empresa com capacidade própria para a produção de um automóvel de elevada performance.
A rede de parceiros desenvolvida ao longo de todo o processo de crescimento da Adamastor é, igualmente, outra das suas mais-valias, atraindo para si a excelência e competência técnica de profissionais com vasta experiência no mundo da competição, inclusivamente da disciplina rainha, a Fórmula 1 e de estruturas de inquestionável reputação como a M-Sport.
Mais do que meros fornecedores de componentes e serviços, começava a reunir-se uma equipa que dá o contributo, a experiência e os conhecimentos que o projeto exige e que hoje acaba por constituir a espinha dorsal da empresa e que lhe permite encarar com todas as ferramentas os desafios futuros inerentes à sua enorme ambição de crescimento.
O objetivo a que a Adamastor se propôs foi alcançado, é verdade, mas todos o sabiam, essa ambição de crescer e a paixão partilhadas por todos os envolvidos não permitiam que ficassem por ali. Uma decisão tinha de ser tomada e a Adamastor viu-se num momento crucial do seu crescimento.
À sua frente, dois caminhos a seguir, nenhum deles fácil, mas um, assumidamente mais desafiante, exprime na perfeição a sua visão, os seus valores e, acima de tudo, a sua paixão pelos automóveis.
Em cima da mesa, uma primeira possibilidade, a de continuar a evoluir o P003 com o objetivo de entrar no mercado dos kit cars, dos veículos recreativos apontados aos track days, um nicho dominado pelas marcas britânicas, que se alimentam num mercado em permanente ebulição e que, naturalmente por isso, conseguem aniquilar a concorrência; ou, mais em linha com a ambição transversal a todos os envolvidos, assumir um maior desafio e passar à fase seguinte, dando o salto para o desenvolvimento de um novo automóvel que pudesse inclusivamente competir sob a regulamentação da categoria de automóveis GT.
A 19 de junho de 2019 dá-se, assim, uma viragem crucial na empresa. Reunidos os investidores e chamada a equipa técnica, na casa de Ricardo Quintas é tomada a decisão final de se avançar para a produção de um veículo de competição GT.
Neste que foi o dia D para a Adamastor, o projeto ganhava, e após aturada discussão, um novo rumo, uma nova vida e o sonho da empresa e dos seus criadores começava a ganhar forma. Nesta fase, e com o contributo de Alfredo Matos e Frederico Ribeiro, são elaborados estudos de engenharia, de posicionamento de negócio, bem como outros que visavam analisar os mercados de competição dos GT.
A equipa cresce e, obrigatoriamente, as instalações também, com a Adamastor a mudar-se para a zona de Perafita onde atualmente dispõe de uma área de trabalho de cerca de 2225 metros quadrados, com potencial de expansão para 5000 metros quadrados, espaço que lhe permite cumprir o seu plano de crescimento, sustentado pelo fortalecimento dos meios humanos e departamento técnico.
Depois da reformulação do projeto, iniciam-se os trabalhos de desenvolvimento do novo automóvel da “nova” Adamastor, um veículo construído em fibra de carbono, à volta do seu elevado e eficiente desempenho aerodinâmico. Por um lado, dada a sua importância no âmbito da competição, por outro, evitando assim uma dependência tão grande da mecânica, simplificando a receita e a abordagem, mas mantendo, sempre, o foco na máxima performance e competitividade. A aerodinâmica ditou as leis e o ar ditou a forma e as linhas do design exterior do novo Adamastor.
O projeto arrancou, assim, com base numa mecânica de origem Ford e evoluiu de uma forma tão positiva, com resultados em software CFD tão animadores e motivadores, que a médio prazo a equipa viu-se obrigada a ponderar a reformulação do plano inicial e uma possível decisão de se elevar ainda mais a fasquia.