A Volkswagen enfrenta um momento de complexas decisões, à medida que os sindicatos exercem pressão sobre os executivos. Uma das alternativas em cima da mesa é a venda de duas fábricas alemãs.
A administração e os representantes dos trabalhadores da Volkswagen iniciaram, hoje, uma terceira ronda de negociações salariais, em Wolfsburg, onde a empresa tem a sua sede.
De ressalvar que a estrutura empresarial da Volkswagen confere uma voz relevante aos trabalhadores nas principais decisões, tornando processos como este mais demorados e complexos.
A partir de agora, faltam apenas dez dias para encontrarem uma solução antes de os sindicatos concretizarem greves em todas as fábricas alemãs.
Volkswagen mantém negociações com sindicatos de trabalhadores
As negociações dizem respeito aos salários de 120.000 dos 300.000 trabalhadores da Volkswagen, na Alemanha, funcionários em seis fábricas regidas por um acordo coletivo de trabalho separado do resto da força de trabalho.
A Volkswagen exigiu um corte salarial de 10%, argumentando que precisa de reduzir os custos e aumentar os lucros, de modo a defender a sua quota de mercado face à concorrência chinesa e à queda da procura de automóveis na Europa. Além disso, ameaçou encerrar fábricas, na Alemanha, pela primeira vez em 87 anos de história.
Agora, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, que não quiseram ser identificadas porque as negociações são privadas, a Volkswagen sugeriu a venda das fábricas de automóveis em Osnabrück e Dresden, bem como a utilização das suas instalações de Emden para o fabrico por contrato.
Em cima da mesa das negociações, os líderes sindicais colocaram a renúncia a bónus, durante dois anos, bem como a criação de um fundo para financiar uma redução temporária do horário de trabalho em áreas menos produtivas da empresa. Segundo eles, estas medidas evitariam despedimentos.
Este fundo seria financiado por um aumento salarial de 5,5% para a força de trabalho, que os trabalhadores alocariam, como um ato de solidariedade para com os colegas das áreas da empresa que sofrem de excesso de capacidade e cujos empregos estariam em risco.
Os sindicatos não forneceram pormenores sobre a forma como estas poupanças seriam geradas. Além disso, esta proposta dependia do facto de a administração excluir o encerramento de fábricas, mas a Volkswagen recusou-se a fazê-lo.
Se a administração rejeitar as propostas dos sindicatos, estes exigirão um aumento salarial de 7% e o não encerramento de fábricas. Os membros do sindicato farão greve a partir de 1 de dezembro em todas as instalações alemãs, as primeiras greves em grande escala no negócio alemão da fabricante – VW AG – desde 2018, quando mais de 50.000 trabalhadores saíram às ruas devido aos salários.
Na Alemanha, os sindicatos organizam frequentemente greves de aviso, ou seja, suspensões temporárias que servem para pressionar a administração quando as negociações salariais estão num impasse.
Vendas baixas deixam fábricas sem trabalho
A fábrica de veículos elétricos da VW, situada na cidade portuária de Emden, no norte do país, prevê uma redução da produção no próximo ano devido à fraca procura de veículos a bateria.
Por sua vez, a fábrica de Osnabrück não tem contratos para produzir para além de 2026. Atualmente, constrói os Porsche Cayman e Boxster, bem como o T-Roc Cabriolet da Volkswagen. No entanto, a Porsche anunciou planos para construir as próximas gerações destes dois modelos na sua fábrica de Estugarda, e Volkswagen vai parar a produção do T-Roc Cabriolet no próximo ano.
E a pequena fábrica da Volkswagen em Dresden não oferece a escala necessária para uma produção económica.