Por Guilherme de Sousa para o PPLWARE Ao contrario do que muitas pessoas pensam, Linux não se resume a Ubuntu, e é por isso que hoje vos venho apresentar a minha distribuição de eleição, o ArchLinux.
O Arch é uma distribuição desenvolvida com o objectivo de ser o mais simples possível, dando ao utilizador o poder de tomar o maior numero de decisões possíveis quanto à sua configuração.
A simplicidade do Arch não deve no entanto ser interpretada de forma literal, pois o simples neste caso é ter acesso aos ficheiros de configuração do sistema directamente e de forma clara, e não através de GUI’s que segundo a visão dos Dev’s do Arch, apenas complicam o Sistema Operativo, ocultando tudo o que esta por trás!
Como já devem estar a ver, este sabor de Linux não é o mais indicado para utilizadores menos experientes, ou para pessoas que apenas queiram utilizar o computador de forma mais ‘leiga’. No entanto a instalação desta distro, trás muito conhecimento pois obriga o utilizador a perceber o seu funcionamento.
A instalação é feita via uma interface Ncurses, e é muito rápida, pois esta visa apenas a dar ao user uma linha de comandos para que a partir dai possa instalar todos os pacotes necessários(é portanto uma instalação minimalista). Depois da instalação base do sistema então ai podemos dar asas à imaginação e construir quase do zero o nosso ‘ambiente’! Desktop Environment, ou apenas um WindowManager, ou ate mesmo sem X server, é tudo uma opção de escolha, já que o Arch interfere deixando-nos a nós o poder de decidir.
Como instalar?
A configuração é típica de BSD’s, e que pode ser também encontrada nas tão conhecidas distribuições de Linux, Gentoo e Slackware. Esta para quem não sabe é feita maioritariamente a partir do rc.conf que se encontra na directoria /etc.
Neste simples ficheiro muito bem comentado são configurados os seguintes pontos:
- Local
- Timezone
- Keymap
- Módulos do kernel a serem arrancados com o sistema
- Daemons a serem arrancados com o sistema
- Networking
Como podem ver é basicamente todo o tipo de configurações necessárias para ter um SO operacional, sem complicações de andar a procura da GUI certa para tomar esta ou aquela ‘decisão’.
Outra vantagem do Arch, e que é comum em distros mais complexas, é que conforme esta complexidade/simplicidade vai aumentando, a documentação vai também aumentando. Arrisco-me portanto a dizer que o Arch é provavelmente a distribuição de Linux com a melhor Wiki! Esta contem todo o tipo de informação que possam algum dia precisar, deixando o fórum livre apenas para questões mais complicadas!
Um screen da minha máquina
Ao contrario do Ubuntu/Debian, que utiliza o Aptitude como gestor de pacotes, o ArchLinux utiliza o Pacman.
É difícil dizer qual deles o melhor, pois ambos fazem um excelente trabalho, mas o pacman tem a vantagem de ser bastante mais rápido o que o faz na minha opinião um melhor package manager do que o Aptitude.
Uma grande vantagem desta distro para muitos utilizadores, é também o facto de ser uma rolling distro! Uma rolling distro para quem não sabe é basicamente uma distribuição que não tem um ciclo de releases de X em X tempo(como por exemplo o Ubuntu que sai de 6 em 6 meses). Assim, as rolling distros estão sempre com os repositórios super actualizados com as ultimas versões dos pacotes, permitindo um sistema mais bleeding edge.
Ao efectuarmos um update no arch, estamos então a garantir que temos um sistema totalmente actualizado com tudo o que há de novo por ai!
Os repositórios oficiais são muito completos, e contêm praticamente qualquer aplicação, no entanto existe também o AUR(Arch User Repository), que não é mais que um repositório para os utilizadores do Arch, contendo pacotes com builds feitas pelos users, sendo então este um complemento dos repositórios oficiais.
É importante também focar o facto de que o Arch é compilado para apenas duas arquitecturas, i686, e x86_64, ao contrario do ubuntu que vai desde o i386 ate ao x86_64 (entre outras mais exóticas). Para utilizadores menos conhecedores podem ficar já assustados pois começam a pensar que esta distro abrange menos CPU’s e que se calhar não funcionara em algumas relíquias que tenham guardadas, no entanto é preciso ver a vantagem que isto trás!
Os processadores i386 são processadores muito antigos, e que já ninguém hoje em dia possui praticamente, e ter uma distribuição que é compilada para uma arquitectura muito antiga não trás vantagem nenhuma, pois não se esta a tirar partido de novas tecnologias que o processador pode ter, e que no entanto não estão a ser utilizadas por o binário ser ‘ultrapassado’.
A compilação para arquitectura i686(arquitectura que começou com o primeiro Pentium Pro, introduzido em 1995 pela intel) tem então a vantagem de poder tirar mais poder de processamento da vossa maquina, aproveitando-a mais do que com o Ubuntu e grande parte das distros.
Despeço-me com os principais comandos do pacman para que possam ver como é simples a sua utilização, espero que tenham gostado desta pequena introdução do Arch e se tiverem alguma duvida sobre a sua instalação/configuração, falem comigo no IRC(canal do pplware), ou apareçam no fórum da excelente comunidade do ArchLinux (http://bbs.archlinux.org/):
Update à database dos repos:
pacman -Sy
Update à database e posterior instalação do pacote ‘app’:
pacman -Sy app
Simples instalação do pacote ‘app’
pacman -S app
Remover o pacote ‘app’:
pacman -R app
Remover o pacote ‘app’ e ficheiros de configuração respectivos:
pacman -Rs app
Update total ao sistema:
pacman -Syu
