Ao longo dos últimos meses temos vindo a acompanhar com particular interesse alguns projetos de desenvolvimento de videojogos feitos em Portugal e que se têm revelado bastante interessantes. Conforme podem ver aqui, aqui ou aqui, a ETIC tem estado na linha da frente a incentivar esses mesmos projetos e agora chega-nos ao conhecimento, Rise of Zoulth.
Trata-se de um jogo de estratégia bastante promissor. Venham conhecê-lo.
Rise of Zoulth encontra-se em desenvolvimento pelos estúdios indie Blue Lamp Studios e é um Tower Offense Game, um jogo de estratégia em tempo real cujo objetivo do jogador é o de conquistar instalações inimigas.
O enredo criado para o jogo é bastante interessante e conta-nos a história dos Zoulth’An, uma raça alienígena que se vê sob ataque atacada no seu planeta natal.
Outrora uma espécie dominante no Universo com um império gigantesco, os Zoulth’An veem-se agora sob ataque da GFC (Galactic Forces Coalition), uma coligação de várias outras raças que temem os Zoulth’An.
À beira da extinção, conseguem enviar uma jovem Rainha (Zoulth’Kro) para um distante planeta e tentar reconstituir a civilização. Uma curiosidade que se revela crucial para o jogo reside no facto das Zoulth’Kro terem um poder mental parasítico que lhes permite assimilar as unidades dos inimigos.
De forma a perceber melhor Rise of Zoulth assim como conhecer melhor os elementos da Blue Lamp Studios, mantivemos uma conversa com eles. Fiquem com o essencial dessa conversa.
Pplware: Quem são os elementos da Blue Lamp Studios?
Blue Lamp Studios: A Blue Lamp Studio é composta por André Santos e Ianis Arquissandas. Temos também a participação ocasional de Francisco Ornelas e Leonardo Rita, no som, e Pedro Bezerra na modelação 3D.
Pplware: Rise of Zoulth é um jogo de estratégia (um Tower Offense Game) em tempo real, que retrata a luta pela sobrevivência duma civilização, os Zoulth’An, que se vê obrigada a um “renascimento” noutro planeta. Um enredo bastante interessante. Onde foram buscar inspiração para o jogo?
Blue Lamp Studios: Houve diversas inspirações de ambas as partes.
André: Desde pequeno que tenho um gosto imenso por videojogos. Sempre me deparei com jogos em que somos os heróis, em que temos de derrotar x ou y para salvar o mundo ou uma princesa. E, porque não jogar na pele do inimigo? Porque não querer destruir tudo em vez de salvar? Inspirando na raça Zerg (universo StarCraft), consegui responder a essas questões, uma raça que é comandada por uma rainha e utiliza hivemind para o fazer.
Ianis: No meu caso, o enredo, criou-se através de uma mistura de inspirações resultantes de outros jogos. A raça alienígena foi baseada nos Zergs do universo StarCraft, já a conquista das bases e dos planetas, veio do jogo Stellaris, Endless Space e outros de estratégia semelhantes.
Pplware: Forçada a fugir para outro planeta pela GFC (Galactic Forces Coalition), a nossa Rainha vê-se forçada a reanimar a sua civilização. A nossa missão termina aí, ou vamos poder levar a guerra também ao Espaço e aos planetas da GFC?
Blue Lamp Studios: Neste momento, ainda não temos intenção que haja uma vingança da raça. O objetivo da personagem é garantir a sobrevivência da mesma e preparar-se para a eventual batalha. No entanto, numa sequela…quem sabe.
Pplware: O jogador vai “vestir a pele” de uma Zoulth’Kro (Rainha) com poderes mentais parasíticos capazes de assimilar os inimigos. Ficámos intrigados sobre o uso desses poderes. Sem levantar em demasia o véu, esses poderes serão ilimitados ou terão de ser “alimentados” de alguma forma?
Blue Lamp Studios: O poder da rainha vai crescendo conforme a conversão das tropas. Quanto mais tropas forem assimiladas mais poderosa ela fica. Os poderes são ilimitados, contudo os mesmos variam de acordo com a quantidade de seres assimilados.
Pplware: Essa assimilação funciona apenas sobre seres vivos, certo? Poderão os veículos e edifícios ser assimilados?
Blue Lamp Studios: Sim, apenas sobre os seres vivos.
Pplware: Por falar em veículos, nas imagens veem-se veículos estacionados espalhados por alguns mapas. O jogador vai ter veículos ao seu dispor no ataque às cidades inimigas?
Blue Lamp Studios: Não, apenas pode atacar com diferentes tipos de unidades.
Pplware: Uma curiosidade interessante do jogo é a da rainha poder assimilar unidades inimigas para o seu próprio exército. Essa assimilação será em tempo real durante os combates?
Blue Lamp Studios: Sim, e após a conclusão do nível com as unidades capturadas.
Pplware: Em Rise of Zoulth, existirão diferentes tipos e unidades. Quais os diferentes tipos de unidades e principais diferenças que iremos encontrar?
Blue Lamp Studios:De momento as unidades bases são as seguintes:
- Scout: unidade rápida, mas fraca;
- Soldier: unidade base, todos os seus parâmetros são medíocres;
- Guardian: Lenta, mas com bastante resistência;
- Sniper: Range e dano aumentado, ataca lentamente;
- Infiltrater: sabotagem das defesas inimigas;
- Support: Providencia?? diferentes bónus às unidades em redor;
- Healer: Cura tropas aliadas;
- Zeal: assimila uma unidade de cada vez, fraca e lenta;
- Queen: Poder avassalador com uma única habilidade, assimilação em grupo
Futuramente poderão ser adicionadas mais.
Pplware: Essas unidades (e edifícios) poderão receber upgrades e melhorias?
Blue Lamp Studios: Todas as unidades e edifícios recebem upgrades na Homebase. Encontra-se disponível através de um SkillTree, trazendo benefícios distintos para cada unidade/edifício.
Pplware: E como será o combate? Será possível a criação de formações táticas distintas, por exemplo?
Blue Lamp Studios: É possível combinar diferentes tipos de unidades no mesmo esquadrão. Esquadrão esse que é necessário criar antes de enviar para o caminho desejado.
Pplware: Já sabemos que com os despojos de guerra vamos poder recrutar novas unidades e inclusive de fazer upgrade aos edifícios da nossa capital. Irá haver também algum city building em Rise of Zoulth?
Blue Lamp Studios: Não, todos os edifícios já se encontram construídos na base. Apenas é possível dar upgrade aos mesmos.
Pplware: Rise of Zoulth será lançado, ao que sabemos, também para mobile (Android), certo? Quais os principais desafios que já depararam no desenvolvimento para mobile?
Blue Lamp Studios:O grande desafio foi elaborar uma interface visual, que funcionasse bem para todas as plataformas, em que o jogo se encontra a ser desenvolvido. Outro grande obstáculo é a otimização, que é necessária para conseguir “correr” em dispositivos móveis, sem perda de performance.
Pplware: O mercado de videojogos em Portugal está numa curva ascendente e os últimos anos têm mostrado isso mesmo, com muitos jogos a serem lançados e muitos projetos a aparecerem (com várias iniciativas de apoio associadas). Segundo a vossa perspetiva, o que falta ainda para os voos serem ainda maiores?
Blue Lamp Studios:Existe ainda uma mentalidade retrograda em relação à indústria de videojogos. Infelizmente esta indústria não é levada a sério, nem pelos consumidores nem pelos investidores. Grande parte dos jogos que saem para o mercado, não têm o investimento necessário, fazendo com que a qualidade dos mesmos baixe, influenciando as críticas em relação aos mesmos.
Outra razão, é o facto de muitos Game Developers, com talento, escolherem trabalhar no estrangeiro, devido ao sucesso económico e profissional que obtêm. Esta escolha, é influenciada devido ao mercado de videojogos em Portugal, que como já referimos não existe a credibilidade necessária.
Pplware: Que a Blue Lamp Studios produz jogos de estratégia, já sabemos, mas… o que gostam vocês de jogar? O que andam a jogar neste momento?
Blue Lamp Studios: André: Gosto principalmente de uma boa história, algo que me consiga envolver e sentir as personagens. Um dos jogos em que consegui experienciar este tipo de envolvimento, foi com o The Last of US. Sou ainda bastante fã de JRPG, como por exemplo, o Final Fantasy. Neste momento, devido à situação que o país se encontra, aproveitei para experimentar alguns jogos, que até à data não tinha tido tempo para o fazer. São estes o Half Life 2 acabei recentemente o 1) ou reviver jogos da minha infância como o FF IX. Mas sempre que o tempo o permite, mantenho a minha atenção no World of Warcraft
Ianis: A maior parte dos jogos que gosto são de estratégia ou narrativos. Sendo os meus jogos favoritos, Nier:Automata, Rimworld, a saga do Civilization, Stellaris, Xcom, Darkest Dungeon, entre outros. Atualmente, jogo maioritariamente World of Warcraft. Fora este, dispendo de algum tempo em They are billions, Terraria e o The Witcher 3.
Pplware: Por fim, gostaria de passar-vos a palavra, caso tenham algo a partilhar com os leitores do Pplware.
Blue Lamp Studios: Agradecemos desde já a oportunidade que nos estão a dar, ao divulgarem o nosso projeto pelos vossos leitores. Damos também a possibilidade de passarem pelas nossas redes sociais ou o nosso DevBlog para conseguirem acompanhar o desenvolvimento e darem-nos as vossas críticas.
Resta-nos agradecer a disponibilidade da equipa da Blue Lamp Studios e desejar-lhes o maior sucesso com Rise of Zoulth.
Convém relembrar que Rise of Zoulth será lançado para Playstation 4, PC e Android, ainda sem data marcada para o lançamento.