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PIGGE, um jogo português sobre o Estado Novo

Apesar de haver poucos jogos sobre a nossa História nacional, de lés a lés, vão surgindo alguns títulos que se debruçam sobre ela.

PIGGE é precisamente um desses jogos e encontra-se ainda em fase inicial de desenvolvimento.


A nossa História de Portugal, é rica e bastante diversificada pelo que tem mais que matéria-prima para jogos, livros, filmes ou séries televisivas.

Recentemente, chegou-nos às mãos um projeto português sobre o Estado Novo.

PIGGE, é um jogo em desenvolvimento pelos estúdios independentes da Seaward Studios. Trata-se de uma equipa de desenvolvimento criada em 2019, e composta por alunos finalistas do curso de Animação e Videojogos na ETIC:

O jogo é um projeto edutainment (entretenimento educativo) de ação furtiva que se encontra em desenvolvimento para PC e PlayStation 4 e que abraça a temática dos tempos de Ditadura e Estado Novo em Portugal.

Neste jogo educativo, seguimos Filip, uma raposa estudante de artes, que pretende inspirar o povo contra as forças totalitárias da PIGGE (Pig International Guard that Guards Everything). Nesta luta pela liberdade, Filip terá que obter pistas e esquivar-se dos agentes que o perseguem pela noite, à medida que pinta murais por um ambiente inspirado na cidade de Lisboa.

Guiado pelo diálogo das personagens, em PIGGE, o jogador irá navegar por este ambiente repleto de pistas, ferramentas e elementos de história visual, pertencentes a um passado marcado por uma das mais longas ditaduras da Europa.

Para André Loureiro, “o marco da revolução dos cravos é ainda pouco conhecido pela nossa geração“, acrescentando que, “sentimos que é necessário expo-lo aos mais novos e acreditamos que os videojogos como PIGGE são a ponte ideal para o conseguirmos“.

No seguimento do anúncio de PIGGE, colocámos algumas questões à equipa da Seaward Studios.

Pplware: Como surgiu esta ideia de usar uma temática tão específica para o jogo, abrangendo os tempos do Estado Novo? Vai haver algum tipo de ligação entre as personagens do jogo e algumas individualidades reais da época?

Seaward: O nosso objetivo é criar um videojogo tendo o género edutainment em conta, tentando ensinar algo através de uma experiência interativa. A temática do Estado Novo foi bastante enraizada em nós depois de termos visitado o Museu do Aljube em Lisboa. Percebemos o quão pouco nos foi dado na escola sobre um passado tão recente e, através deste projeto, queremos inspirar a curiosidade da nossa geração e outras. Temos algumas personagens pensadas e inspiradas em individualidades da época, mas que ainda estamos a debater a sua implementação.


Pplware: O objetivo do jogo enquanto meio de comunicação cultural está bem identificado, mas, em relação ao objetivo concreto do jogo. A ideia é derrubar o regime? Vai haver um 25 de Abril virtual em PIGGE?

Seaward: Sim, a ideia é derrubar o regime opressivo. Em relação a um “25 de Abril” em PIGGE, ainda estamos a debater potenciais resultados da campanha.


Pplware: O jogo vai decorrer numa perspetiva de Terceira Pessoa, correto? Vai haver combate? Se sim, quais as mecânicas que pensam incluir?

Seaward: O jogo é em terceira pessoa, mas não irá ter qualquer tipo de combate. PIGGE é à base de ação-furtiva e exploração fazendo com que o jogador tenha que arranjar maneiras e caminhos alternativos para chegar aos objetivos.


Pplware: Qual vai ser a dinâmica do jogo. PIGGE vai ser uma aventura com um guião e com missões que seguem esse guião?

Seaward: O jogador terá que explorar a cidade e interagir com as personagens para encontrar pistas de onde podem estar as latas de tinta que o permitirão progredir na sua missão. Os murais serão em locais específicos e cabe ao jogador encontrar uma maneira de os pintar sem ser visto/capturado pelos agentes da PIGGE que patrulham essas zonas. As tintas e colecionáveis estão igualmente colocados em cantos da cidade, portanto o jogador terá mesmo que explorar para progredir no jogo.


Pplware: Multiplayer? Está previsto?

Seaward: Não temos planos imediatos.


Pplware: O áudio será em português?

Seaward: Não temos planeado incluir vozes de personagens em PIGGE, no entanto, estamos a ponderar se haverá algo como narrações introdutórias ao mundo do jogo. Se existirem, sim o Português será incluído.


Pplware: Já percebemos que os elementos da Seaward são 4 no total, e gostaria de saber se já têm alguma experiência prévia no desenvolvimento de videojogos.

Seaward: Visto que somos alunos finalistas, a experiência ainda não é muita, mas temos vários projetos desenvolvidos, dentro e fora do âmbito académico. Um com mais destaque será o Prism Seekers, vencedor de um dos prémios playstation da 5ª edição, que foi desenvolvido pelo nosso colega Rui Barata. Também estamos presentes muitas vezes em eventos de criação de videojogos como game jams, onde tentamos fazer jogos em espaços de tempo muito reduzidos.


Pplware: Quais são os vossos gostos pessoais? O que andam a jogar neste momento?

Seaward: Esta pergunta é bastante engraçada para a equipa porque não tem havido muito tempo para jogar, infelizmente. Como somos finalistas temos imenso trabalho para as nossas disciplinas. Para além do projeto PIGGE e dos trabalhos da escola, alguns membros da equipa também são trabalhadores-estudantes, portanto tem sido complicado arranjar tempo.

Em termos de gostos preferidos, eu (André Loureiro) gosto imenso de aventura e tenho andado a jogar Tomb Raider II. O Francisco (Francisco Domingues) gosta mais de metroidvanias. A Rita (Rita Macedo) tem andado a jogar Final Fantasy VII Remake, gosta bastante de RPGs e metroidvanias também. Finalmente o Rui (Rui Barata) tem andado a jogar Company of Heroes 2, gosta bastante de jogos de estratégia e sobrevivência.


De referir que a Seaward Studios tem como objetivo a criação de várias experiências interativas na área do entretenimento e videojogos.

Resta-nos desejar uma continuação de bom trabalho, certos que iremos acompanhar a evolução de PIGGE nos próximos tempos.

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