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Análise Warriors: Legends of Troy

Uma das obras literárias mais antigas que desde sempre reclamou a si particular atenção de estudiosos, aventureiros e arqueólogos é sem dúvida a Iliada de Homero. Nessa grande obra, Homero retrata a Guerra de Tróia, na qual um fenomenal (para a época) exército grego de mais de 1000 barcos repletos de tropas, atravessa o Mar Egeu e cerca a florescente cidade-estado, Tróia. Por detrás desse ataque, e como será certamente já conhecimento de quem lê estas palavras, encontra-se uma história de amor impossível, protagonizada por Páris, filho de Tróia e por Helena, esposa de Menelau, culminando com a fuga dos dois amantes para Tróia e dando assim origem aos eventos que se sucederam.

Warriors: Legends of Troy começa aqui … tal como o filme com o mesmo nome e protagonizado por Brad Pitt, o jogo começa precisamente com o desembarque das tropas de Menelau e Agamémnom e a tomada das praias e subida em direcção a Tróia. Colocando-nos na pele de alguns dos heróis da altura (gregos e troianos) o jogo vai evoluindo na história, levando-nos ao desfecho já nosso conhecido, mas com algumas surpresas.

Será que Warriors: Legends of Troy consegue agradar a Gregos e a Troianos?

Gráficos- 8,3

Warriors: Legends of Troy pode-se orgulhar, mesmo não tendo os cenários mais deslumbrantes do mundo dos videojogos, de conseguir através de animações competentes transmitir toda a história duma forma altamente imersiva. Antes do inicio de cada missão é-nos mostrada uma animação que faz um breve resumo do que se passou entre a missão anterior e a que se inicia duma forma bastante fluida e que nos capta a atenção. Através destas animações e de outros flashbacks ao longo do jogo, vamos também assim conhecendo a história da Guerra de Tróia, o que a originou e os seus principais intervenientes. É de louvar este carácter didáctico do jogo que acaba por ser uma mais valia.

Quanto ao jogo propriamente dito, em termos gráficos não compromete. Não sendo deslumbrante, também não deixa de estar à altura da história que narra e do tipo de acção que tenta colocar no ecrã.

Os cenários encontram-se genericamente bem detalhados, sejam eles ambientes campestres, ou em vilarejos ou cidades. No entanto existem diversos elementos nesses mesmos cenários, tais como barracas, casas, tendas, … que poderiam ser melhor usados pois são meramente decorativos não nos permitindo interacção com a grande maioria deles. Seria interessante, permitir que no calor da batalha pudéssemos entrar dentro duma tenda e continuar a contenda aí, em vez de batermos constantemente numa barreira invisível à entrada da tenda.

Quanto ao detalhe dos heróis gregos e troianos que encarnamos, pode-se dizer que estão devidamente equipados para o combate. O nível de detalhe é bastante grande, e em diversos casos muito semelhantes (quase colagens) dos intérpretes do filme “Tróia” como por exemplo Achilles e Brad Pitt.

Os diferentes bosses adversários que vamos encontrando ao longo da aventura, também tiveram direito a especial atenção estética, no entanto, as doses maciças de soldados que combatemos nos entrementes parecem saídos da Guerra de Clones. Seria bem mais gratificante a inclusão de personagens mais diversificados dentro das tropas inimigas. As armas que cada nosso herói tem ao seu dispor encontram-se razoavelmente bem-criadas, mas com alguma tendência para o exagero nos seus ataques, com especial atenção aos ataques especiais.

Som- 7,7

Para um jogo com estas características podia-se esperar uma banda sonora e um tratamento do som e efeitos sonoros cuidado, e Warriors: Legends of Troy não desilude. Embora os efeitos sonoros dentro do calor do combate sejam algo repetitivos e limitados, a grande mais-valia encontra-se, sem dúvida na banda sonora que a equipa de desenvolvimento incluiu no jogo e nas vozes dos actores nas diversas animações que nos são apresentadas.

A banda sonora, desde os menus de apresentação ao decorrer do jogo coloca-nos automaticamente em sintonia com o jogo e com a história. Durante o decorrer do jogo, vai aumentando de intensidade à medida que nos aproximamos de inimigos o que ajuda a criar aquele ambiente de tensão antes do clash. As vozes emprestadas pelos actores aos personagens do jogo, estão a um nível bastante elevado e consoante a animação, conseguem transmitir toda a intensidade do que se passa no ecrã.

Jogabilidade- 6,5

O jogo começa duma forma bastante interessante e satisfatória com os primeiros combates mal se desenrola o desembarque nas praias de Tróia, mas à medida que vamos avançando na história, vemos que, salvo algumas excepções, as mecânicas se vão mantendo e repetindo em demasiado. Este será o ponto fraco dum título que tinha tudo para brilhar ainda mais.

Em primeiro lugar, não quero que com estas minhas últimas palavras pensem que o jogo tem uma jogabilidade muito má, pois não tem. O que acontece é que aposta em demasia nas mesmas fórmulas e por outro lado apresenta também algumas nuances difíceis de aceitar de ânimo leve. As primeiras missões servem um pouco para antecipar o que aí vem, com um mecanismo de ajuda em runtime bastante aceitável, dando-nos dicas sobre o que fazer em alturas chave, como por exemplo protegermo-nos de chuvas de setas lançadas pelos defensores das praias. Com o decorrer das primeiras cenas de acção vamo-nos apercebendo de duas coisas. Primeiro, o jogo é estritamente virado para a acção, e em segundo não é preciso muita perícia para ultrapassar os enxames de adversários que se nos deparam.

Agradavelmente verificamos também que há variadas combos a usar para não nos limitarmos a martelar violentamente o botão do comando. Aliás, os resultados dessas combos acabam por ser um regalo para a vista e as mortes daí resultantes são agradáveis de ser vistas (atenção que este jogo não é para crianças). Os cenários que o jogo nos coloca, estando na pele dos gregos ou troianos estão bem criados, e embora em alguns casos nos obriguem a ir por um caminho único, noutros permite-nos explorar um pouco mais. No entanto, existe uma obrigatoriedade não visível em palmilhar determinado caminho para atingir o fim.

As missões, conforme já mencionei, acabam por se tornar repetitivas, resumindo-se a ir do ponto A ao ponto B e matar tudo o que se mexer. E sim, é tudo o que se mexe, pois além da água (bastante bem recriada) e do movimento das ervas ao sabor do vento, mais nada se mexe além de nós e dos adversários. Poderia haver um pouco mais de vida nos cenários. De qualquer forma, as missões baseiam-se em conquistar uma vila, atacar um exército, destruir umas catapultas…

Interessante o facto de se poder usar as armas dos inimigos caidos em combate. Acaba por ser engraçado, apanhar uma lança dum inimigo morto para matar um outro que foge desenfreadamente.

Quanto ao combate, duas análises distintas podem ser feitas: contra os bosses e combate contra o resto do mundo. As lutas contras os bosses encontram-se simplesmente fantásticas e exigentes…. Pelo menos até descobrirmos a táctica correcta para os derrotarmos. Os ataques sucedem-se e temos de ponderar bastante bem o momento de ataque e de defesa, e isto porque os bosses têm ataques especiais que usam mais ou menos quando a sua energia vai a meio. Estes combates são, na maioria dos casos, bons desafios, frustrantes por vezes, mas que com o passar do tempo tendem em cair um pouco na monotonia, pois os bosses não aprendem com os seus erros.

Os combates com o resto do mundo, ou seja, com os soldados rasos são um pouco chatos. Desde o primeiro ao último soldado que nos chegue à frente, quase basta premir os botões de ataque ou desencadear algumas combos que é mais que suficiente. Falta um pouco mais, ficando a sensação de que o que interessa é chegar aos bosses o mais rapidamente possível para ver algo diferente e mais exigente. Resumidamente, vamos do ponto A ao ponto B a espadeirar contra tudo e todos e depois apanhamos com um Boss com o qual sabemos que vamos morrer as 3 primeiras vezes (ou mais) até o conseguirmos controlar.

O jogo apresenta um rudimentar sistema de compras de itens que nos permitem aumentar o potencial dos nossos heróis em diversas áreas, como força, resistência, … Esses itens podem ser escolhidos quando encetamos uma missão ou nos combates que podemos fazer fora do Modo História, nas Arenas. Tal compra de itens é possível pois ao longo da aventura vamos adquirindo pontos Kleos, que nos são atribuídos conforme matamos adversários ou bosses tendo especial pontuação as mortes espectaculares.

Longevidade- 6,8

Warriors: Lengends of Troy apresenta um modo história com largas horas de acção.

Apresenta ainda um modo de combates em Arenas, que vão sendo desbloqueadas à medida que vamos avançando no Modo História e nas quais podemos usar alguns dos heróis, também eles desbloqueados no Modo História. É um modo divertido e acaba por ser uma forma de treinar para os combates mais intensos e desesperantes com os bosses no Modo História.

Face a tudo o que foi dito acima, Warriors: Legends of Troy acaba por ser um jogo que não nos consegue fortemente influenciar a voltar a jogar após o termos terminado.

Nota Final- 7,0

Nunca tão bem foi aplicado num videojogo o ditado popular de ser difícil agradar a “gregos e a troianos”. Com uma narrativa e apresentações cinemáticas muito fortes do ponto de vista didáctico, acaba por apresentar alguns problemas determinantes para a sua jogabilidade (muito importante num jogo de acção) que de certa forma ofuscam todo o restante trabalho de investigação e estudo levados a cabo. De qualquer forma, Warriors: Legends of Troy é um jogo que consegue trazer algum divertimento a quem o joga, e, em particular nos combates com os bosses, exigir alguma destreza ao jogador.

Warriors: Legends of Troy é um jogo que acaba por falhar, de certa forma, o ataque à citadela, o que é pena pois tinha tudo para capturar Tróia.


Plataforma: Xbox 360


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