Quem não conhece Lara Croft? Quem desconhece Tomb Raider?
Pois, poucas pessoas, nos tempos que correm poderão dizer “Eu!”. Lara Croft é já uma das mais conhecidas heroínas do nosso panorama internacional, seja na 7ªArte, seja no Mundo dos Videojogos.
Agora o que é mais certo é que a grande maioria das pessoas não conheça esta Lara Croft. Sim, este Tomb Raider apresenta-nos uma Lara Croft completamente diferente da que hoje conhecemos, em pleno inicio da sua vida de aventura.
Foi no inicio deste mês de Março que saiu este Tomb Raider e o Pplware teve a oportunidade de o testar e de conhecer a Lara Croft que até hoje ninguém conhecia…
Conforme mencionei ao inicio, neste Tomb Raider, Lara Croft apresenta-se de uma forma como nunca a tínhamos visto ainda. Neste jogo, ao inicio, Lara Croft é-nos apresentada como uma menina, frágil e indefesa, repleta de dúvidas e receios. O completo oposto da Lara Croft que conhecemos hoje e à qual estamos habituados, a transbordar de confiança, força e carisma! Mas isso é apenas no inicio …
A história começa após o navio cientifico onde Lara viajava, naufragar numa ilha misteriosa, a qual se encontra repleta de perigos, mistérios, desafios, dificuldades e habitada por um povo hostil, que parece ter vindo da série televisiva Lost.
É, portanto neste ambiente que o jogo se vai passar e onde vamos experienciar na primeira pessoa, o nascimento de Lara Croft como a heroína que todos conhecemos.
Desde o primeiro minuto do jogo que uma coisa sobressai à vista, o grafismo estonteante do jogo. Desde os primeiros momentos numa gruta onde acordamos aprisionados, que sentimos que estamos perante um assombro de jogo neste capitulo e a verdade é que à medida que o jogo evolui esta sensação apenas se vai confirmando. É de louvar a qualidade gráfica que a equipa de design trouxe ao jogo e a ilha e tudo o que nela reside, encontra-se simplesmente perfeita.
Toda a ilha respira realismo. Das selvas repletas de vegetação e vida, às montanhas com os seus gigantescos desfiladeiros, às aldeias dos locais e as suas casas em madeira, passando pelos riachos e quedas de água onde molhamos os pés, o jogo transmite-nos constantemente a sensação de que estamos realmente na ilha e que a ilha é real.
Até pormenores como os pingos de água estão soberbos. Creio que foi o primeiro jogo que me conseguiu realmente dar a ilusão perfeita de pingos de água no ecrã (parecem realmente pingos no vidro do carro após uma chuvada).
À medida que vamos avançando na história, vamos descobrindo um pouco mais sobre o seu passado e cedo descobrimos da existência de um culto antigo, os Yamatai, que a habitaram no passado. Por toda a ilha, restam vestígios dessa civilização (Templos, Tumbas ou outros tipos de artefactos).
Toda a ilha transmite muito a sensação estranha de sobrenatural e a existência de inúmeros navios e aviões ali despenhados só vem confirmar isso. Aliás, algures a meio do jogo um avião de socorro vem em auxilio de Lara Croft e amigos mas, acaba se despenhando misteriosamente. Algo de muito estranho se passa naquela ilha e a solução está por detrás dos habitantes que nela habitam … e não só. O jogo apresenta-nos algumas surpresas neste capitulo. O ambiente está criado!
Desde cedo somos confrontados com a sensação de que Lara começa este jogo de uma forma muito sensível, frágil e inocente.Tudo nela transmite-nos a ideia de que somos um coelho no meio de uma alcateia de lobos mas o que é certo é que desde o inicio também, que começamos a adquirir experiência e, tal como vamos ver mais adiante, é precisamente isso que faz toda a diferença.
A primeira morte de Lara Croft no jogo é um desses momentos, no qual vemos claramente o momento em que, após eliminar o seu inimigo, vemos no seu olhar aquele click que se faz, quando ultrapassamos determinada linha. Tratam-se de momentos inteligentemente colocados pela equipa de desenvolvimento e que nos traduzem a qualquer momento uma sensação de crescimento, de evolução.
Até na própria forma como Lara enfrenta os desafios indicam uma evolução e desde cedo que temos de descobrir como, escalar, saltar, fazer slide e outras acrobacias importantes no jogo. Ao longo de toda a aventura Lara vai precisar de todas as suas habilidades nestes capítulos pois são inúmeros os desafios deste tipo que se vão surgir no seu caminho.
Esse é outro ponto do jogo. Lara Croft, aparece em Tomb Raider em excelente forma física, apesar de ao inicio do jogo, ficar um pouco mal tratada pelos acontecimentos iniciais. No entanto, o que gostaria de realçar é a qualidade dos seus movimentos. Quer seja em escalada, quer seja de para-quedas, em saltos, ou em corrida … todos os movimentos corporais de Lara estão perfeitamente representados e de forma muito natural e realista.
Conforme indiquei ao inicio, Lara é acompanhada por alguns amigos e colegas quando o seu navio naufraga e é bastante salutar apercebermos-nos de que esses mesmos companheiros são personagens importantes na história e que, apesar de aparecerem pouco, acabam por ter os seus pesos no desenrolar da aventura.
São elementos importantes e que se vão mantendo activos e presentes ao longo da história.
Aliás, este é um jogo que, apesar da sua forte vertente de acção e aventura, necessita de uma boa componente narrativa. E essa mesma narrativa acaba por nos ser apresentada de uma forma inteligente e eficaz. Através de vários diálogos, em cutscenes, ou no decorrer do próprio jogo através de walkie-talkies os restantes personagens vão-se mantendo em contacto e acrescentando aqui e ali maior emotividade ao jogo.
O trabalho de vozes está irrepreensível e sente-se as emoções e o ambiente. Sente-se o desespero quando Sam é aprisionada, por exemplo, sente-se a mágoa e dor de Lara quando se despenha de para-quedas, sente-se no desespero quando descobre …. enfim, os actores por detrás das vozes estão de parabéns e o resultado apresenta-se perfeito.
O jogo apresenta-se tão sério e sóbrio que a própria banda sonora cai que nem uma luva no meio da jogabilidade. A composição musical que acompanha o jogo, apesar de passar despercebida grande parte do tempo, acaba por se tornar numa peça fundamental por isso mesmo, pois aparece e desaparece consoante o nível de emotividade da acção e isso é o que de melhor se pode querer para ajudar a criar o ambiente.
Conforme mencionei mais atrás, o jogo apresenta-nos uma ilha com muitos ambientes variados. Essa variedade de tipos de terrenos, acabam por acrescentar duas mais valias ao jogo.
Primeiro, porque possibilita um conjunto de cenários e paisagens fantásticas. Por outro lado, proporcionam a Lara a hipótese de colocar na prática várias habilidades distintas. Escalada, slide, para-quedas, saltos, equilibrismo ….
O jogo aposta claramente em manter essa noção de realismo e não entrar em grandes euforias ou efeitos demasiado abusivos o que é bom para manter a credibilidade. Contudo, a utilização dessas habilidades é muitas vezes, sensitiva ao cenário em que estamos. Por exemplo, o X será para praticarmos escalada com o nosso machado num cenário, mas noutro pode efectuar outra acção.
Uma das secções menos conseguidas a meu ver foi numa determinada altura em que Lara cai à agua num rápido. Basicamente estamos a deslizar pelo rio abaixo e temos de nos ir desviando de pedras, árvores caídas e outros obstáculos. Pareceu-me algo exagerado, especialmente se tivermos em conta que estamos num turbilhão de água.
Creio também, no entanto, que em determinadas alturas o jogo poderia ser menos scriptado. Por exemplo, existem variados momentos que nos obrigam a pressionar os botões em determinada ordem. Apesar de encaixar perfeitamente na cena que estamos, acaba por não nos permitir decidir o que queremos realmente fazer. Por exemplo, quando somos atacados por alguém, temos breves momentos para contra-atacar com o X. No entanto, se o fizermos estamos limitados a um contra-ataque pré-definido não podendo escolher qual o ataque que queremos.
Durante o jogo vamos ganhando experiência e essa mesma experiência permite-nos atribuir à nossa Lara Croft pontos em diferentes habilidades. Por exemplo, podemos melhorar a sua pontaria no uso de arco e flecha, ou de aumentar as suas skills como caçadora. Apesar de se tratar de uma forma muito normal de evolução, assenta perfeitamente na mecânica do jogo pois corresponde na realidade à evolução que mencionei ao inicio da jovem e assustada Lara Croft, para a destemida e resistente aventureira que conhecemos nos dias de hoje. É como se fossemos nós os responsáveis pela evolução psicológica de Lara Croft, começando com uma menina sozinha e frágil e terminando o jogo com a Lara que todos conhecemos.
Por várias alturas mencionei o arco e flecha e essa é apenas uma das armas que temos ao nosso dispor Ao longo do jogo podemos também usar pistolas, armas automáticas e caçadeiras. E qualquer uma delas poderá ser melhorada com base em itens que vamos descobrindo.
Apesar de termos as armas de fogo disponíveis, o uso do arco e flecha reveste-se de particular importância e isto pois permite-nos ataques silenciosos ao longe. Pessoalmente, acabei por usar mais o arco e flecha do que as armas. Podemos inclusive usar flechas com fogo para atear os esconderijos dos nossos inimigos em fogo e depois matá-los enquanto fogem.
Por outro lado o jogo também nos sugere frequentemente, as silent kills. É extremamente gratificante (apesar de ter animações algo repetitivas) aparecer por detrás de um inimigo sorrateiramente e de, após pressionar X e depois Y, o eliminarmos de forma silenciosa.
Por falar nos nossos adversários, é de louvar a preocupação da equipa de desenvolvimento em não repetir demasiado os seus modelos dando a ideia de que a qualquer momento estarmos a defrontar indivíduos distintos.
Por outro lado, os nossos adversários encontram-se bastante bons no que toca a Inteligência. Muitas vezes tentam cercar-nos enquanto nos lançam cocktails molotovs para nos forçar a sair do nosso esconderijo.
Uma das coisas que Tomb Raider tenta e com sucesso fazer é, evitar a monotonia. Para adicionar mais diversidade ao jogo, vamos encontrando pelos cenários variados itens, alguns deles bem escondidos e que acabam por ser importantes, quer para a história, quer para a nossa evolução. Por exemplo, podemos ir descobrindo localizadores GPS, páginas de diários (que nos vão indicando a história dos habitantes da ilha), artefactos (que nos vão indicando a história da ilha).
Em Tomb Raider existe o botão “Instinct” (gatilho 1) que evidencia, no ambiente circundante, os elementos com os quais podemos interagir. De qualquer forma na maior parte dos casos não necessitamos dessa ajuda pois o jogo está tão inteligentemente criado e tão fluído e instintivo que facilmente deduzimos o que temos de fazer.
Conforme mencionei atrás, vamos também encontrando várias tumbas ao longo dos cenários que basicamente nos oferecem novos desafios a serem ultrapassados. geralmente tratam-se de desafios de lógica ou de puzzles e que, têm o condão de representar de uma forma muito clara, o nascimento de Lara Croft como Tomb Raider.
Nota Final- 9,2
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Tomb Raider é um jogo inteligente e que sabe como cativar o jogador. É impressionante a forma como consegue manter o jogador interessado e viciado desde o primeiro momento até ao final, graças a uma jogabilidade rica e intuitiva e assente numa história muito bem contada, rica e intrigante. É fácil gostar deste Tomb Raider e não apenas por amantes do Universo Tomb Raider ou fãs de Lara Croft. Qualquer jogador que goste de títulos de aventura, ou de uma história bem contada facilmente encontrará motivos para o jogar até ao fim e para voltar a jogar mais um pouco. Em 2013, a aventura terá um nome, Tomb Raider. Certamente, um dos Jogos do Ano.
Gráficos: 9,5
Grafismo soberbo. Lara Croft mais real que nunca. Com uma beleza cada vez mais cativante e movimentos naturais. A água, as florestas, o vento, o fogo, a água, as aldeias … a ilha é real?? Ambiente do jogo credível e que se mantém do inicio ao fim. Um autêntico filme de aventuras interactivo.
Som: 9,0
Representação dos actores digna de oscares, transmitindo a qualquer altura as emoções que se passam no ecrã. Banda sonora que acompanha a acção e o ritmo do jogo. restantes efeitos sonoros à altura do jogo.
Jogabilidade: 9,0
Jogabilidade simples e intuitiva. Ritmo bem ponderado entre acção e aventura acompanhando o enredo de uma forma suave e natural. Evolução da Lara Croft passa-se de uma forma perfeita, passando da evolução das suas habilidades para a sua maneira de ser. Peca um pouco por situações demasiado scriptadas.
Longevidade: 8,5
Campanha singleplayer bastante longa e repleta de motivos para se prolongar ainda mais após terminar o jogo. Multiplayer com modos de jogo normais e que adicionam um pouco mais de variedade.