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Análise Rise of Tomb Raider (Xbox One)

Aventureiros desse Portugal fora … rejubilem, pois Tomb Raider está de regresso!

Uma das mais importantes séries de jogos de aventura, imortalizada também pela 7ª Arte, regressa após 2 anos de ausência. Lara Croft, que anteriormente tínhamos aqui revelado, continua … diferente, pelo que Rise of Tomb Raider vem confirmar que a partir de agora é assim mesmo. E, aqui entre nós … ainda bem!

Será que Rise of Tomb Raider consegue manter alta a bitola a que Lara Croft nos tem habituado? O Pplware já partiu na Xbox One, à descoberta de Kitesh com a menina Lara Croft… venham ver como correu.

Lembram-se daquela sensação agridoce que temos quando antecipamos algo que esperamos e desesperamos há imenso tempo mas que por outro lado tenhamos um imenso receio de ser uma desilusão?

Pois, foi precisamente com esse estado de espírito que peguei em Rise of Tomb Raider. Por um lado estava perante o regresso de uma das melhores e mais carismáticas sagas de aventura que o mundo dos videojogos já viu. Por outro, pairava o receio que fosse mais do mesmo … uma aventura com vários quebra-cabeças mais ou menos exigentes por resolver, os mesmos inimigos de sempre a importunar e após várias horas cíclicas de jogo … The End.

Bem, a descrição que fiz pode bem ser uma descrição possível do jogo, é verdade. No entanto, e como diz o ditado “Muitas vezes a caminhada é bem mais importante que o destino.” Rise of Tomb Raider surpreende ao longo de toda a aventura, confirmando esse ditado de forma categórica.

E começa cedo, com a revelação de que esta nova jornada de Lara Croft se revela uma forte homenagem ao seu falecido pai, revelando aqui uma certa densidade emocional em torno do jogo. Em Rise of Tomb Raider, Lara Croft parte à descoberta dum artefacto intitulado “Divine Source” (Origem Divina em português) que segundo a lenda possibilita Vida Eterna. Foi essa mesma demanda que levou à desgraça e suicídio do pai de Croft e assim Lara envereda pela descoberta do derradeiro tesouro: cumprir os desejos de seu pai.

 

No entanto, um artefacto de tamanho poder atrai a atenção de olhos alheios e surge no horizonte uma organização de nome Trinity que também tenta encontrar a “Divine Source“, recorrendo a todos e quaisquer métodos para tal. Esta entrada em cena da Trinity acaba por fugir ao cliché de organizações malévolas de outros jogos pois, Rise of Tomb Raider vai nos dando a conhecer ao longo da aventura um pouco mais sobre a organização bem como sobre os seus dois principais mentores (que não revelo para evitar spoilers) e as suas reais motivações para obter o “Divine Source“. Resta afirmar que toda a trama encaixa bem e de uma forma tão solida como o argumento de qualquer filme de Hollywood, havendo inclusive revelações e surpresas inesperadas pelo caminho.

Lara Croft é assim lançada numa aventura em redor da Sibéria e da Siria na tentativa de encontrar a “Divine Source” e desde cedo se vê envolvida em algo mais. No entanto, a resolução com que Lara deseja alcançar o seu objectivo é forte criando alguns momentos de ênfase emocional ao longo do jogo.

Por falar em emoções, Rise of Tomb Raider apresenta-nos uma Lara Croft na continuação daquela Lara que vimos no último jogo Tomb Raider. Pode-se dizer que Lara apresenta agora uma maior beleza mas de certa forma pouco ortodoxa. Se por um lado vemos uma bela rapariga jovem, atlética e ainda algo verdinha, por outro conhecemos uma Lara que é uma verdadeira máquina de matar. É um daqueles casos em que os opostos se atraem.

 

Tal como qualquer jogo Tomb Raider, temos inúmeros desafios a ultrapassar e Rise of Tomb Raider não foge à regra. É claro que existem alguns mais lógicos e exigentes que outros mas que acabam por impelir o jogador a pensar como a Lara Croft em qualquer momento. Realmente esse é um dos pontos fortes do jogo, obriga-nos a pensar como Lara Croft pensaria.

Esses diferentes tipos de desafios que encaramos podem passar por simplesmente descobrir uma forma de prender uma corda a um poste e prendê-lo a outro à distância (com recurso a uma seta), utilizar roldanas e cordas para poder controlar barcaças e atravessar um canal de correntes fortes, … existe muita variedade e a todo o momento o jogador tem de tomar atenção, muita atenção, ao meio que o rodeia.

Uma das mais-valias de Rise of Tomb Raider é o facto de conseguir apresentar um resultado final no qual os quebra-cabeças se encontram perfeitamente imiscuídos no jogo, sem qualquer exagero ou défice. Encontram-se no ponto certo, tal como também está no ponto certo a componente de combate.

O que quero dizer com isto é que apesar de podermos entrar a matar, o jogo permite-nos e incita-nos a usar abordagens mais stealth. Aliás, é muito mais gratificante esta abordagem, sendo delicioso poder eliminar dois inimigos apanhando-os desprevenidos por detrás e usando o arco para os estrangular.

E convém referir que até o combate acaba por exigir, em determinadas alturas, uma certa capacidade de análise. Por exemplo, em determinada altura vi-me numa pequena arena a lutar contra um soldado da Trinity protegido com armadura e armado com lança-chamas. Na minha posse tinha, o grapple, o arco, a pistola e caçadeira. Ainda deu luta e alguns ecrãs de Load descobrir que a solução seria a de o apanhar pelas costas e disparar contra a botija de gás.

 

Uma das promessas que tinham sido feitas há alguns meses atrás era a de que Rise of Tomb Raider iria permitir ao jogador abordagens mais abrangentes e essa promessa foi cumprida. Não só pelas novas capacidades de Lara mas também pelo facto do jogo assentar sobre um open world que se vai abrindo à medida que vamos evoluindo na história.

Os Base Camps estão de volta e, uma vez que vamos desbloqueando novas áreas, vão ganhando grande importância pois podemos a qualquer momento viajar até eles de forma a completar algo que ficou inacabado. De realçar o tamanho dos mapas e que são bastante generosos o que também traz o perigo da dispersão, se tivermos em conta a quantidade de side quests ou conteúdos a explorar e desvendar.

Deixem-me dizer-vos que qualquer jogador minimamente perfeccionista poderá gastar mais de 30 horas com o jogo e mesmo assim não encontrar todos os artefactos, documentos, caches escondidos, … para mim é o paraíso!

Pelos diversos cenários por onde vamos passando, existem inúmeras missões paralelas ou desafios adicionais a serem resolvidos. Dezenas de Masmorras a serem exploradas e que, convém dizer, vão aumentando de dificuldade ao longo do jogo … aliás, a quantidade de conteúdos que se podem encontrar é tal que é fácil darmos por nós a vasculhar cada canto à procura de mais (seja uma peça de cerâmica, seja um manuscrito, …).

 

Lara à medida que evolui na história vai evoluindo também … quer como pessoa, quer como combatente, quer como sobrevivente ou mesmo como arqueóloga (incluída uma mecânica nova que permite a Lara aprender novas línguas e assim ter acesso a mais side quests e novas recompensas).

Essas side quests têm como principal recompensa, o facto de nos permitirem ganhar Skills Points que por sua vez nos possibilitam a evolução de Lara. Conforme mencionei a árvore de evoluções assenta sobre três categorias principais: – Survivor (sobrevivente), – Hunter (caçadora), – Brawling (combatente) tendo cada uma, um conjunto de cerca de 20-25 habilidades especificas a serem aprendidas.

Apesar de todas serem importantes em determinadas alturas, o que é certo é que algumas são mais importantes que outras como por exemplo na categoria Brawling a possibilidade de triplos disparos de flechas, eliminando assim 3 inimigos em simultâneo ou a possibilidade de realçar um animal raro nas proximidades, na categoria Hunter.

Por seu lado, a maior parte das habilidades de Survivor aponta para a recolha de matérias-primas usadas na construção ou melhoria das armas. Por exemplo, a recolha de osso e couro dos veados e ursos pode melhorar o fabrico de arco e flechas, garrafas para construir cocktails molotov, latas para criar armadilhas venenosas … Isto leva-me às armas … Rise of Tomb Raider tem um leque pouco variado de armas (pistola, caçadeira, rifle além do arco e flecha e do próprio grapple) e todos podem ser melhorados, com base nos recursos apanhados. Existem variadas melhorias, desde aumentar o dano, aumentar o alcance, maior rapidez de reload e apesar de podermos aqui ou ali ter algumas dúvidas quanto a quais as melhorias a adoptar, o que é certo é que o combate com armas de fogo não é particularmente exigente pelo que estas melhorias acabam por se perder um pouco.

 

Os adversários não constituem na maior parte dos casos, desafios de grande monta, especialmente no combate com armas de fogo. Tentam proteger-se e mesmo ladear-nos mas em muitas ocasiões de forma pouco inteligente. Dei por mim inúmeras vezes a eliminar soldados da Trinity que se tentavam esconder por detrás de caixotes/paredes mas com a cabeça de fora.

É claro que existe um outro aspecto que tem de ser mencionado e que, apesar de controverso e de poder ser desligado acaba por ser importante, o regresso dos Lara Senses. Importantes pois ajudam-nos nas mais diversas ocasiões em que estamos confusos ou precisamos de orientação. Controverso pois é algo, quase de sobrenatural e como tal uma ajuda extraordinariamente vantajosa. Seja como for, os Lara Senses estão de volta e ajudam a dar luz quando o caminho se torna mais escuro.

Palavra final para o grafismo que está absolutamente estonteante. Desde as grutas mais escuras, aos picos mais altos, passando pelas antigas instalações soviéticas do pós-guerra, Rise of Tomb Raider transpira e respira beleza gráfica, rica e povoada de detalhe. Um assombro para o olho.

Neste capitulo convém ainda referir a forma soberba como o jogo funde com as cutscenes com a própria jogabilidade que acaba por dar ao jogo uma sensação de continuidade bem importante para não se perder a emoção e imersão.

 

 

Veredicto

Lara Croft tem em Rise of Tomb Raider um regresso em grande, apoteótico diria eu. Tudo aquilo com que o jogo de compromete, cumpre. Uma aventura cativante com uma história sólida e interessante, com adversários credíveis e que apresentam motivações próprias, assentando sobre uma jogabilidade diversificada, dinâmica e emocionante que torna o jogo viciante, impulsionando ainda o jogador a explorar com detalhe o que o rodeia. Lara Croft surge mais calejada e experiente, contrastando com uma aparência jovial e emotiva. Com um equilíbrio perfeito entre a aventura, quebra-cabeças e acção, Rise of Tomb Raider é um jogo que facilmente recomendo a todos os fãs de jogos de Aventuras.

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