Need for Speed é uma série de jogos que jamais passará despercebida. Já com um historial antigo e vasto de títulos lançados é, uma das mais mediáticas e bem sucedidas no reino do desporto automóvel.
Recentemente chegou às lojas a mais recente incursão de NFS nos asfaltos das nossas consolas, e tentando de certa forma voltar a alinhar a série com aquela atitude mais rebelde com a qual se iniciou nestas andanças. Voltaram os bloqueios de estradas, as fugas à policia, street racing a alta velocidade, nitros em quantidade … condimentos mais que necessários para altas cilindradas.
Será, no entanto que consegue atingi-las?
Bem … começando pela história por detrás deste The Run, apercebemo-nos logo a equipa de desenvolvimento se preocupou com outros aspectos em detrimento dum enredo mais elaborado. Aliás a história além de se tornar num lugar comum, sendo uma temática bastante batida, acaba por se perder um pouco no meio da acção.
A nossa aventura começa então assim. Personificamos Jack Rourke, um tipo que tem problemas muito graves com uma Máfia local, devendo-lhes muito dinheiro. Aparecendo miraculosamente e como solução para o nosso problema conhecemos Sam (amiga de Jack) que nos convence a entrar numa corrida que atravessará os EUA de costa a costa e que lhe poderá render uma pipa de dinheiro (10% do prémio de 25 milhões de dólares).
E assim começa a nossa corrida.
Gráficos: 8,2
The Run apresenta-nos os melhores cenários que um Need for Speed já trouxe aos nossos monitores. É realmente notável a forma como a equipa da BlackBox conseguiu recriar os cenários e ambientes das diversas localizações por onde o jogo nos transporta. Desde San Francisco a Nova Iorque (ricamente detalhadas) passando por Death Valley, ou Yosemite ou mesmo Las Vegas a riqueza visual com o que o jogo nos presenteia é bastante agradável.
Também os modelos dos veículos se encontram bastante bem recriados, embora com menos brilho que em outros jogos, como por exemplo GT ou Forza.
Durante os diversos trechos da nossa viagem de Oeste para Leste vamos também sendo surpreendidos por alguns fenómenos atmosféricos que conseguem mesmo fazer-nos sentir que estamos a atravessar os grandes USA. Corridas nocturnas, tempestades de neve, tempestades de poeira … são alguns exemplos do que podemos ir encontrando pelo caminho e duma forma realista.
Nos intervalos das diversas secções de condução existem, habitualmente algumas animações que acima de tudo nos vão tentando manter a par da (fraca) história à medida que se vai desenrolando. Essas animações, embora estejam interessantes acabam por pecar por falta de profundidade e por nos apresentarem algumas novas personagens que acima de tudo se podem caracterizar por uma quase total falta de interesse. Até aqueles momentos que poderiam ser mais entusiasmantes, como por exemplo, num Evento em que fazemos temos de ganhar uma race a duas moçoilas e que supostamente trariam alguma …. sensualidade … à animação, falham.
Enfim … no entanto, e no resto que é o que interessa, The Run não falha. O motor gráfico Frostbite 2 está em grande no jogo.
Sons: 7,7
The Run vive bastante dos sons dos motores e aí podemos dizer que estamos perante uma boa representação da realidade. De resto os efeitos sonoros decorrentes das colisões, dos acidentes, das travagens, derrapagens são um pouco mais do mesmo sendo todos muito semelhantes.
No entanto, as vozes emprestadas pelos actores ao jogo, deveriam ter um pouco mais de adrenalina, que acho que se exigiria num jogo deste tipo.
A banda sonora é adequada apresentando também algumas faixas a altas rotações.
Jogabilidade: 6,9
Need for Speed sempre se destacou por uma jogabilidade muito arcade e que, por vezes, roça o exagero. Pois bem, em The Run, temos isso mesmo. Condução vertiginosa, desprezo pelo bem estar de tudo e de todos, adrenalina ao máximo, velocidade furiosa …
O modo The Run consiste numa sucessão de 10 Etapas desde San Francisco até Nova Iorque. Cada etapa por sua vez encontra-se dividida em várias secções. Em cada secção é que a acção de passa. Ao inicio de cada uma é-nos apresentado o perfil da mesma, e no arranque é-nos apresentado o objectivo para essa secção. E podemos começar por aí mesmo … pelos objectivos. Creio que uma das coisas que poderão ser apontadas a The Run é precisamente a falta de variedade dos diversos objectivos, variando entre corridas contra outros 9 adversários tendo de os ultrapassar a todos, bater o cronómetro para chegar de ponto X a ponto Y, fugir à policia, ultrapassar 3 adversários, um de cada vez, com um tempo limite para cada. Na realidade estes são os principais tipos de missões que temos. Embora funcionem bem, acabam por se tornar repetitivas.
No entanto, e como forma de minimizar essa sensação de repetitividade o jogo apresenta-nos, à medida que vamos avançando, novos obstáculos, tais como mudanças drásticas de piso, fenómenos climáticos e claro está … a policia.
A policia faz o seu trabalho de forma minimamente satisfatória tentando empurrar-nos para fora da estrada, travar a nossa progressão no asfalto com brutais colisões ou montando barreiras na estrada. Isso aumenta a emoção das corridas.
As colisões e acidentes estão brutais e podem vir de qualquer lado. Pode ser a policia, um erro na trajectória, um adversário mais agressivo, alterações na estrada … enfim, o mais pequeno erro pode levar a uma colisão ou despiste e, os mais violentos levam na maior parte das vezes a um restart do último checkpoint.
Durante a corrida vamos ganhando pontos de experiência e subindo no ranking a caminho de Nova Iorque. Quase tudo serve para ganhar pontos e essa é uma das belezas do jogo, premiando-nos por variadíssimos aspectos… ultrapassagens limpas, ultrapassagens com “encosto”, corridas perfeitas ou até mesmo o provocarmos um capotanço dum carro policia (digno de se ver).
Existem outras secções de The Run que tentam trazê-lo até patamares e que, de certa forma, tentam trazer uma lufada de ar puro à sua jogabilidade, como por exemplo secções de fugas a pé, mas que acabam por ser um pouco um tiro no pé. Embora estejam bem pensadas e tentem manter a história ligada à acção, o que acontece é que além de quebrarem um pouco a adrenalina da condução a altas velocidades, não trazem grandes motivos de emoção e apresentando-se sem aquele carisma “Need for Speed”.
Existe uma grande variedade de veículos que, acabamos por indo desbloqueando ao longo do The Run e que apresentam, cada um, um comportamento bem distinto, notando-se plenamente isso no asfalto. No entanto no que toca ao comportamento realista dos carros as coisas vão um pouco enviesadas. Os carros embora tenham comportamentos diferentes acabam por parecer demasiado bailarinos e as velocidades estonteantes a que conduzimos por vezes não têm correspondência na dificuldade da condução.
Conforme afirmei, cada veiculo tem as suas características próprias que o tornam mais ou menos adequado a diferentes tipos de terreno ou piso, por isso torna-se essencial a escolha do carro antes do começo de cada evento. No entanto, caso durante a corrida seja melhor trocar de veiculo isto pode ser feito nas estações de serviço que aparecem de tempos a tempos. O problema é quando, em determinada secção de pista não há estação de serviço….
Contudo, uma coisa tem de ser mencionada … a sensação de velocidade é simplesmente brutal … não são muitos os jogos que conseguem transmitir a sensação de velocidade que The Run oferece.
A ausência de opções de tuning aos veículos parece-me ser algo em falta bem como a condução no interior do cockpit, embora este último ponto seja mais questionável.
A seguir ao modo The Run existe o modo Challenges que nos apresentam vários Desafios em determinados circuitos para alcançar, desbloqueando assim, tanto carros, como pistas, como emblemas. Aliás, os emblemas parecem que são o que há mais para desbloquear neste The Run.
Algo que acho bastante chato em The Run são os Loading Times. Acho tanto os tempos de Loading antes das secções de corrida algo demorados em excesso.
Por fim, temos a opção de participar em diversas corridas online que são … simplesmente entusiasmantes. Aquela sensação de estamos a competir com outros humanos, todos a altas velocidades é viciante. Embora o jogo não premeie a boa condução, pois podemos ganhar uma corrida estoirando o carro todo, as corridas online são a grande cereja neste bolo. Não há prémio por uma condução séria e cuidada mas também, é esse mesmo o propósito de FFS. Need for Speed é isso mesmo, e para os que o desejam não é aqui que o encontram. Vale tudo .. desde empurrar adversários para fora do caminho … o que interessa é chegar ao fim e deixar fluir a adrenalina.
Longevidade: 7
Se tivermos em conta que no modo a solo, “The Run” apresenta-nos perto de 5 horas a concluir podemos dizer que o jogo é curto … muito curto.
De qualquer forma há mais e conforme mencionei temos o modo Challenge e as corridas online.
O Modo challenge para se jogar a solo, consiste em percorrer secções do modo Campanha com determinados objectivos e que nos permite ir desbloqueando mais carros e ganhar mais experiência.
As corridas multiplayer encontram-se divididas em tipos de corrida/Playlists (e respectivos carros). Essas Playlists vão sendo desbloqueadas ao longo do nosso progresso na Campanha.
Poderia haver no entanto uma opção de multiplayer na mesma consola.
Nota Final- 7,3
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The Run não será certamente o melhor titulo da série Need for Speed, mas uma coisa é certa … consegue levar-nos duma ponta à outra dos USA, sempre em altas rotações. Apresentando-se algo repetitivo nos objectivos a atingir, consegue camuflar um pouco com a inclusão de elementos extra, como a policia, fenómenos atmosféricos e afins. Contudo consegue presentear-nos com uma jogabilidade frenética, sensação de velocidade estonteante, momentos de alta adrenalina e um bom online. Irá agradar a todos os que gostem de altas velocidades despreocupadas.
The Run é o jogo das Altas Rotações!