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Análise Lost Planet 3 (Xbox 360)

Uma das minhas temáticas preferidas de filmes ou séries, é a ficção científica. Nomes como Galactica, Buck Rogers, Espaço 1999 ou mais recentemente Star Wars, Aliens ou Avatar são alguns dos nomes de filmes/séries que se encontram entre os meus preferidos.

Tal como na 7ªArte, também o reino dos videojogos é terreno fértil para títulos desta temática e, recentemente foi lançado para o mercado o terceiro capítulo de uma das séries que mais sucesso obteve aquando do lançamento dos seus dois primeiros jogos. Refiro-me a Lost Planet 3.

Sendo um jogo de ficção científica é curioso que na sua história principal toque em alguns aspectos contemporâneos e bem próximos da nossa realidade.

O Pplware já viajou até EDN III e encontrou o Lost Planet 3.

Conforme tive a oportunidade de referir na introdução, Lost Planet 3 tem uma história que assenta numa situação que na actualidade leva muitos portugueses a deixarem as suas famílias e amigos e partirem para o estrangeiro, a procura de melhores condições.

No jogo, que tem uma perspectiva na terceira pessoa, encarnamos Jim Peyton, um técnico especializado de exploração e mineração que aceita deixar a sua esposa e filho recém-nascido em troca de um ou dois anos no longínquo planeta EDN III onde a NEVEC (empresa que o contratou) tem uma base de exploração e recolha de Energia (T-Energia).

Esta sensação saudosista de Jim, em relação à mulher e filho deixados para trás é algo que nos vai acompanhando ao longo do jogo, através de gravações e recordações e que torna Jim Peyton como um dos personagens de videojogos com o qual se torna mais fácil nos identificarmos e vestirmos a pele. Jim, deixa os seus familiares para trás para poder proporcionar-lhes melhores condições de vida (semelhante com o que se tem passado em Portugal, não é??)

Entretanto a história que inicialmente mantém Jim concentrado na exploração dos recursos do planeta e luta contra os seres nativos (Akrids), bem cedo nos revela que EDN III tem alguns segredos bem antigos indicando que existe algo mais naquele planeta, do que o que se pode ver à superfície. Neste capitulo a história chega a assemelhar-se a um conhecido filme de ficção científica.

Creio que já devem ter-se apercebido mas, uma das coisas que em Lost Planet 3 me fascinou foi a trama que o envolve. Sem dúvida que um enredo forte ajuda em grande parte um jogo, e em Lost Planet 3 isso verifica-se na perfeição.

Além de um enredo bastante forte, encontra-se salpicado com uma dose equilibrada de humor, seja nos diálogos com Gale o mecânico das Mecanitrizes, ou  outros NPCs, como por exemplo numa circunstância em que estamos no laboratório e um cientista nos explica como é que o frio extremo nos dá vontade cada vez maior de urinar.

O jogo centra-se na base de Coronis, que é o ponto de partida para todas as missões do jogo. É aí que fica o Centro de Comando da missão de exploração, que ficam as oficinas, as lojas de armamento, os laboratórios, …e é da base de Coronis que partimos para a generalidade das nossas missões.

Como principal ferramenta de trabalho, Jim tem à sua disposição a sua Mecanitriz, um robot gigante para deslocação e trabalho nas condições extremas de EDN III e que apresenta nos seus braços algumas ferramentas (perfuradora, garra, …) de extrema utilidade para as nossas missões.

Gostei do pormenor da bailarina dançante no tablier da Mecanitriz.

Dadas as condições extremamente hostis de EDN III saímos da base de Coronis sempre montados na nossa Mecanitriz pela saída da base tal e qual como a nossa ida matinal para o trabalho e é precisamente disso que se trata. É algo repetitivo mas, é a rotina normal de trabalho.

Contudo, se as nossas incursões para o exterior se podem considerar repetitivas mas fazendo todo o sentido (há a possibilidade de saltos automáticos para o local de destino), já o mesmo não poderemos afirmar das mecânicas das próprias missões. Apesar de algumas variantes interessantes, sejam as missões principais ou nas atribuídas por NPCs que vamos encontrando, muitas delas repetem-se nas suas mecânicas mais básicas.

Basicamente teremos de ir ao ponto A consertar algo, ou ter com algum elemento da base, encontrando pelo caminho doses e doses de Akrids. Contudo existem ainda assim, algumas missões acessórias que ajudam a manter uma certa diversidade na história. Por exemplo uma das missões é a de armazenar ADN de diversas espécies de Akrids para o laboratório estudar.

Ao início do jogo, os Akrids são o nosso principal inimigo nas suas mais variadas formas e tamanhos. Na sua maior parte são apenas chatos e conseguimo-nos livrar deles com alguma facilidade com recurso a alguma das armas que temos ao nosso dispor (caçadeiras, metralhadoras, pistolas ou granadas). Contudo os maiores (bosses) são mais complicados. Pelo menos até descobrirmos a principal falha do jogo no que toca ao combate com os bosses. É pena que assim seja mas, a melhor forma de combater os bosses é quase sempre a mesma (quando investem desviamos-nos, e depois disparamos contra as suas partes vulneráveis, identificadas a cor de laranja). É pena, pois retira grande dose de emotividade e de desafio.

Apesar do combate contra os Akrids mais pequenos ser pouco desafiante, há ocasiões em que nos conseguem derrubar e nessa altura surgem quick time events nos quais temos de carregar no botão A repetidas vezes para evitar sermos mortos e depois, enquanto estamos imobilizados pelo Akrid, surge-nos uma mira bamboleante que temos colocar em cima do Akrid de forma a espetar-lhe com a faca e assim o matar.

Há ainda as secções interiores, em túneis, corredores e salas escuras são frenéticas e excitantes o suficiente. Muitas vezes apanhados de surpresa num túnel por um Akrid que mais se assemelha a uma centopeia e que lança descargas de veneno a nossa melhor opção é a de, procurarmos abrigo atrás de uma caixa e essa opção de procurar cobertura é uma grande mais-valia. É estranho no entanto, que os próprios Akrids usem a mesma técnica de se procurarem cobertura.

A ausência da opção de saltar é, no mínimo, contestável.

De volta à nossa Mecanitriz, convém referir que a mesma também pode ser usada como arma contra os Akrids, especialmente os maiores. Um dos momentos mais deliciosos do jogo acontece quando nocauteamos um Akrid Aracnideo gigante e depois com a garra esquerda o agarramos pelo pescoço e o perfuramos até à morte na zona laranja vulnerável com a broca do braço direito.

No entanto, a Mecanitriz é uma ferramenta de trabalho e no decorrer das nossas missões por vezes teremos de arranjar uma conduta, ligar uma antena, … e esse tipo de manobras leva-nos a usar a garra da Mecanitriz como ferramenta, que é. Essas mecânicas geralmente são feitas rodando em simultâneo e de forma rápida, os dois analógicos.

Enquanto estamos perto da Mecanitriz estamos dentro do “Umbilical Range” que nos possibilita ter uma regeneração mais rápida, bem como mais munições e a opção de termos um radar que nos ajuda a “ver” o que se passa nas redondezas.

Espalhados pelo cenário encontram-se ainda diversos Audio e Text Logs que vão contando um pouco da história de EDN III e dos eventos que lá se passaram. Isto seria mais interessante se os mapas fossem maiores ainda ou se houvesse um real Open-world, que não é.

Estava à espera de um jogo menos scriptado onde tomássemos inúmeras decisões que afectassem efetivamente o decorrer da história. No entanto, gostei bastante do carácter dinâmico imposto ao meio ambiente e condições atmosféricas de EDN III, constantemente em evolução e que em determinadas ocasiões nos levam a procurar refugio o mais rapidamente possível.

Na base de Coronis, que é o centro nevrálgico da operação da NEVEC, temos a oportunidade de melhorar a nossa Mecanitriz ou o nosso armamento e isto é feito com base em créditos que nos são disponibilizados pela quantidade de T-Energy que apanhamos no decorrer das missões.

O gancho que passamos a ter desde cedo e que nos permite aceder a zonas mais altas/baixas em modo slide também apresenta as suas mais-valias em pleno multiplayer onde podemos deslizar por cima do palco de combate e aceder a zonas mais privilegiadas ou apanhar um inimigo de surpresa.

Gostaria ainda de referir que não considerei Lost Planet 3 um jogo exigente no que toca a dominar a sua jogabilidade. A curva de aprendizagem é pouco acentuada e tornando-se relativamente simples desde cedo, dominar a o próprio jogo. Por um lado é bom, pois pisca o olho a novos jogadores, no entanto para os mais resistentes fãs da série, pode ser encarado como uma falha grave.

Por fim, gostava de escrever umas palavras sobre a componente sonora. O trabalho de vozes está irrepreensível e criando a imersão adequada a cada situação. Também a banda sonora foi bem escolhida e enquanto nos comandos da Mecanitriz temos constantemente a sensação que estamos ao volante do nosso carro à vinda do trabalho.

Outro momento em que se nota o bom trabalho neste capítulo sonoro é precisamente quando nos encontramos num túnel escuro ou numa sala deserta e o jogo começa a passar uma melodia mais tenebrosa ajudando assim a criar uma atmosfera mais propícia.

No entanto, é de lamentar que as legendas estejam em brasileiro perdendo-se muito nas traduções.

 

Nota Final- 7,7

[0…....10]

 

Conforme mencionei ao inicio gosto e sempre gostarei de filmes de ficção cientifica. Como nos filmes, um bom jogo de ficção tem de ter um enredo minimamente cativante e credível que consiga manter o jogador agarrado à história enquanto os acontecimentos se sucedam. Neste capitulo, Lost Planet 3 tem nota máxima, presenteando-nos com uma história forte, densa, com surpresas mas acima de tudo, sólida e com carácter e um personagem, que é um simples operário com os seus próprios problemas pessoais mas uma forte determinação e carisma. É claro que não basta ter uma história forte e como tal, Lost Planet 3 peca apenas por dois aspectos. Primeiro pela mecânica demasiado repetitiva das suas missões e em segundo pelo facto do combate ser pouco exigente, não conseguindo, por exemplo, atingir os níveis de Mass Effect. É, sem dúvida, um jogo que apreciadores de filmes (e jogos) de ficção cientifica irão gostar e cuja história os irá deixar viciados no jogo até ao final.

 

Gráficos: 8,2

EDN III é um planeta bastante hostil e isso nota-se quer no meio ambiente e nas tempestades de gelo e neve, como nos seus habitantes nativos. Gostei do pormenor do vidro da Mecanitriz começar a embaciar em dias mais frios. No entanto, nota-se em alguns momentos, uma texturação fraca. Cenários que ganhariam se fossem mais variados e abertos à exploração.

Som: 8,8

Excelente trabalho de vozes dos intérpretes do jogo. Música muito bem conseguida que consegue acompanhar os diferentes ritmos da acção. Restantes efeitos sonoros, como explosões ou sons de Akrids, convincentes.

Jogabilidade: 6,5

Repetitividade exagerada nas missões e no combate. Quick Time Events bem integrados na jogabilidade. Comandar a Mecanitriz é uma experiência repleta de Força e Power.

Longevidade: 7,7

Além da campanha Singleplayer existem variados modos Multiplayer para explorar, no qual gostaria de salientar o Akrid Survival no qual temos de sobreviver em cooperativo a hordas de Akrids.

 

Género: Third Person Shooter Plataforma Analisada:  Xbox 360 Outras Plataformas:  Playstation 3, Windows PC Homepage Lost Planet 3

 

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