Tal como o Natal chega todos os anos a 25 de Dezembro, também FIFA regressa época após época por estas alturas. Trata-se de uma inevitabilidade que todos os fãs de futebol agradecem e anseiam.
Trata-se de um momento de emoções fortes e que traz consigo tanto de satisfação como de preocupação. Se por um lado todos os fãs da série e do desporto-rei em geral, anseiam por este momento para descobrir as novidades e poderem finalmente jogar com as suas equipas e jogadores preferidos, por outro lado há o receio de que o jogo estagne e os desiluda.
FIFA 15 chegou recentemente a acompanhar a nova época desportiva de 2014/15 e trouxe consigo uma boa mão cheia de novidades fazendo esquecer alguns desses receios.
Serão essas novidades capazes de relançar FIFA e de o manter no topo, que tem ocupado nos últimos anos?
O Pplware teve o prazer de testar FIFA 15 para Xbox One e tirou algumas conclusões.
O Pplware recebeu recentemente uma Xbox para testes, conforme podem ver aqui o Unboxing e nada melhor que iniciar as hostilidades que com o novíssimo FIFA 15.
Deixem-me dizer-vos que a sensação de pegar na Xbox One pela primeira vez é especial, dada a potência da consola. Mais do que isso … a Xbox One é tão multifacetada e abrangente que facilmente sentimos assombro a operar com a consola. Imaginem por exemplo, o que é estar a ver o Dinamarca – Portugal na TV e em simultâneo jogar o Dinamarca – Portugal no FIFA 15.
Enfim … mas voltando ao FIFA 15.
Como todos sabem a série volta todos os anos e para grandes expectativas (ansiedade por ver as melhorias implementadas) vêm também os grandes receios (medo que a evolução abrande ou estagne).
FIFA 15 não representa um passo gigante evolutivo na série mas também não representa uma estagnação pelo que FIFA 15 sai como uma sequência normal e natural para a versão do ano transacto.
Com FIFA 15 regressam todos os modos já sobejamente conhecidos por quem anda nestas lides de videojogos há muito tempo, mas apresentando algumas nuances (algumas mais interessantes que outras). Antes de passar para o jogo dentro das quatro linhas em concreto, creio que será justo realças algumas das alterações levadas a cabo nos modos de jogo.
Os modos Torneio, Singleplayer e Carreira voltam em FIFA 15 e apesar dos primeiros se apresentarem sem grandes evoluções o modo Carreira apresenta algumas afinações (nomeadamente ao nível da evolução dos jogadores ou do funcionamento do mercado). Seja como fôr, a base desses modos de jogo mantem-se inalterada, o que por um lado é bom pois mantem uma certa familiaridade para quem joga, por outro pode ser encarado como falta de inspiração ou imaginação para criar novos processos e ou possibilidades. O que interessa é que funcionam bem e como diria um amigo meu, não se mexe no que funciona bem.
Outro modo que recebeu atenção e, neste caso, redobrada, foi o Ultimate Team.
Apesar de manter a mesma ideia base, foram acrescentados alguns novos conceitos que se podem tornar interessantes.
O primeiro dos quais corresponde à inclusão das Concept Teams. Estas equipas, não são mais que ideias-base de tipologia de jogo que poderemos adoptar para a nossa equipa. Por exemplo, podemos adoptar uma Concept Team com a filosofia Bundesliga e assim é-nos disponibilizado uma equipa tipo que respeita essa filosofia com jogadores e estratégia à medida. A Concept Team funciona então como um ponto de referência para a construção da nossa equipa real.
A outra grande introdução em Ultimate Team respeita á inclusão do conceito de Empréstimos (Loans) de jogadores. Na prática é agora permitido ao jogador ter no plantel um atleta emprestado que de outra forma seria impossível adquirir.
Estes empréstimos têm uma certa duração, tal como os contratos dos jogadores pelo que quando terminados, o jogador ruma ao seu clube de origem.
Não se tratam de alterações de fundo mas são inovações bem-vindas e que alteram um pouco a forma do jogador enfrentar a sua equipa no Ultimate Team, tornando assim mais vasto o leque de opções à sua escolha.
Bem, creio que está na altura de começar na analisar aquilo que a maior parte dos jogadores quer efectivamente saber. A jogabilidade de FIFA 15.
Uma das primeiras coisas que salta à vista quando partimos para os relvados virtuais de FIFA 15 é que o decorrer do jogo está a evoluir numa direção quase que diria cinematográfica. É claro que refiro-me às repetições ou a lances que pontuam no decorrer de um jogo. Para quem gosta de ver jogos de futebol na televisão, vai sentir-se à vontade num jogo de FIFA 15, pois os momentos mortos são aproveitados para inúmeras repetições (remates, defesas, cortes, encorajamento entre jogadores) ou simplesmente panorâmicas do público a exultar com o jogo.
Como disse ao início do artigo, os tempos que antecedem o lançamento de um FIFA são caracterizados pela criação de um estado de ansiedade e expectativa acerca das melhorias e inovações que a nova versão vai trazer.
FIFA 15 não desaponta os jogadores e no capítulo do “jogo jogado” traz bastantes novidades.
Creio que a primeira que salta à vista é a presença de guarda-redes mais presentes em jogo. É notório que os guarda-redes receberam especial atenção pela equipa da EA Canada e surgem agora bem mais activos e expeditos.
Mais … os guarda-redes encontram-se agora mais inteligentes, tal como a EA Sports tinha prometido.
Além de inúmeras novas animações que receberam, provocando defesas autenticamente cinematográficas, receberam ainda um pouco mais de neurónios e fazem agora uma ponderação bem mais realista das suas acções em cada lance.
Ora saem e fazem a mancha de forma mais coerente, ora saem a socar nas bolas mais chegadas à baliza, ora saem para jogar com os pés fora da área.
No entanto, uma equipa não se resume ao guarda-redes e também os restantes 10 jogadores receberam mais algumas doses de inteligência…. em determinados aspectos, pelo menos.
Se por um lado a equipa agora tem uma consciência colectiva que reage efectivamente a um golo sofrido ou golo marcado, também é verdade que apresenta algumas deficiências, algumas já bem antigas.
De qualquer forma é inequívoco que esta consciência colectiva é um bom passo no caminho certo e funciona de forma simples e lógica. A Inteligência Artificial da equipa controlada pelo CPU tem agora uma capacidade de decidir a reacção aos eventos do jogo e a sua urgência.
Por exemplo, se marcamos um golo, a equipa da IA tem uma tendência a ir aumentando gradualmente o nível de agressividade e pressão sobre os nossos jogadores. No entanto, se marca um golo primeiro, então à medida que os 90’ se aproximam, os seus jogadores começam a optar mais por queimar tempo. É uma aproximação realista ao que se passa nos relvados reais e transporta FIFA 15 para um nível mais próximo da simulação.
Contudo, há alguns velhos fantasmas que aparecem para assombrar FIFA 15 e um dos mais visíveis é a falta de uma maior consciência táctica nas equipas a defenderem.
É certo que os jogadores (e equipa como um todo) ganharam uma maior awareness ao resultado em termos de reacção / postura / atitude mas persistem alguns problemas no capítulo táctico.
Há posicionamentos tácticos individuais que muitas vezes não têm razões de ser e em algumas ocasiões parece que os jogadores têm um raio de acção limitado e que, se a bola não entrar nessa zona, nada acontece.
O futebol é um jogo de equipa mas no qual cada jogador tem de “entender” o jogo à medida que este vai decorrendo e compreendo que a simulação deste “entendimento” é complicado de passar para a I.A. dos jogadores. Acredito no entanto, que para lá caminha e que num futuro próximo, com as novas capacidades de processamento, se comece a atingir níveis de verdadeira Inteligência Artificial nos jogos.
Conforme disse acima, os guarda-redes receberam variados novos movimentos mas os jogadores de campo também não foram esquecidos. Os seus movimentos estão ainda mais realistas e cada colisão, cada salto, cada ressalto demonstra uma física muito mais próxima da realidade.
Aliás, o jogo encontra-se agora bem mais físico e os jogadores lutam com mais intensidade usando o físico para tentar desequilibrar o adversário e roubar assim o esférico.
Esférico esse que está cada vez melhor. A cada versão de FIFA a bola encontra-me mais solta, mais despegada e, tirando algumas excepções (Messi, CrisRon) a sente-se que a bola é um elemento completamente separado do jogador fazendo com que o jogo flua de forma mais realista, com mais ressaltos, mais oportunidades de corte.
Derivado da maior apetência dos jogadores de se imporem fisicamente no um-para-um torna-se mais frequente a ocorrência de faltas (e penalties) assinalados contra a IA o que também demonstra o trabalho feito nesse capítulo. (a possibilidade de desactivas as bolas na mão como falta, era desnecessária)
Essa maior agressividade transposta para o jogo foi também acompanhada por um conjunto vasto de novas animações nas quais os jogadores mostram visivelmente um pouco de emoção. O jogo está cada vez mais cinematográfico e é perfeitamente normal assistir a repetições após os lances capitais onde podemos ver efetivamente o estado anímico dos jogadores, seja a refilar com o árbitro por um cartão amarelo, seja a rejubilarem por uma grande defesa do seu guarda-redes. Estes flashes a meio do jogo poderiam ser interpretados como quebras na jogabilidade/imersão mas surpreendentemente acabam por estar perfeitamente encaixados de tal forma que sucedem de forma perfeitamente natural no calor do jogo.
E por falar em calor do jogo tenho de referir que o ambiente em redor das quatro linhas está cada vez mais quente. É quase palpável a adrenalina virtual no ar e um público mais detalhado (cada adepto distingue-se individualmente) e com reações bem ponderadas ao jogo trazem uma outra dimensão a FIFA 15.
Os menus e ecrãs de gestão da equipa foram trabalhados, tornando-se agora bem mas práticos e simples de usar, e tornando agora a tarefa de delinear tácticas de equipa e dar instruções aos jogadores (por exemplo, jogar no limite, abrir mais nas alas) bem mais fácil e imediata.
Não posso deixar de mencionar a qualidade dos replays que ainda conseguem trazer mais brilhantismo e beleza ao pós-jogo.
De referir a gravação automática dos melhores golos que após avaliação da equipa da EA Sports poderão aparecer nas reportagens semanais lançadas na blogosfera.
Nota Final- 8,7
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Se já era fácil de gostar de FIFA 14, mais fácil ficou de gostar de FIFA 15. A edição deste ano pega no que de bom fez no passado e melhorou alguns aspectos menos bons, de onde se deverá realçar todo o trabalho na atribuição de mais inteligência e dinâmica aos guarda-redes ou na criação das novas mecânicas de Ultimate Team. Fiquei no entanto com a estranha sensação de que o jogo poderia ter usufruído ainda mais das potencialidades da Xbox One, tanto em grafismo como em processamento. Seja como for, este ano e como tem sido apanágio dos últimos, FIFA 15 coloca a fasquia bem alta.