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Análise Escape Dead Island (Playstation 3)

A série Dead Island, que o Pplware já teve ocasião de analisar aqui, tem vindo a dar cartas nos últimos anos e tem tido algum sucesso no que respeita à forma como consegue criar e consolidar uma história envolvente, repleta de aventura, acção e … terror.

Um dos grandes trunfos de Dead Island assenta no ambiente claustrofóbico e desesperado que gira em seu redor, e no qual o jogador ter de saber aproveitar tudo o que encontra para tentar sobreviver a hordas de mortos-vivos com sucesso.

Enquanto esperamos por Dead Island 2 que sair para o próximo ano, a Deep Silver lançou Escape Dead Island que leva de novo o jogador até à, outrora paradisíaca, Banoi.

O Pplware já voltou a Banoi e … já regressou!

Escape Dead Island começa a sua aventura colocando o jogador na pele de Kilo Two um operacional ninja e que trabalha com Xian Mei (nossa conhecida do primeiro Dead Island e que regressará mais tarde) numa invasão das instalações da Geopharm na ilha de Narapela (parte do Arquipélago de Banoi).

O objectivo é entrar nas instalações, eliminar um determinado cientista e roubar informações da companhia e dos seus planos futuros, que se vêem a revelar perigosos uma vez que estariam a tentar criar um vírus para lançar um ataque terrorista.

No entanto Kilo Two não consegue completar a missão pois, após adquirir os dados numa pen drive algo enorme ataca-o e força-o a esconder a pen algures em Narapela. Este é o preâmbulo para tudo o que vem a seguir, ou seja, para o próprio jogo.

Passados 6 meses, vemos-nos em pleno oceano na popa de um veleiro de passeio e na pele de outro personagem, Cliff Calo. Cliff é filho de um magnata da Comunicação Social e aspirante a jornalista na empresa do pai. No decorrer do jogo vamos conhecendo um pouco melhor Cliff, e encontramos nele um espirito rebelde (e sarcástico também) tentando ser algo mais que apenas o “filhinho do papá”.

Com dois outros amigos jornalistas Cliff avança na direcção de Banoi onde foi imposta uma quarentena sobre a ilha. Na tentativa de obter uma boa reportagem, avançamos então para Narapela onde desembarcamos para descobrir a ilha aparentemente vazia. Entretanto, algo afunda o nosso barco e acabamos por ficar presos na ilha … e assim começa a nossa epopeia para fugir de Banoi.

 

Pouco tempo após o afundar do navio, começamos a encontrar os primeiros sinais de algo estranho, e os primeiros mortos-vivos e enquanto investigamos a ilha, a nossa amiga é mordida por pelo que iniciamos então uma corrida contra o tempo, não só para a conseguir salvar, como para fugir da ilha.

A esta altura temos também uma primeira visão de algumas alterações impostas a Escape Dead Island.

Primeiramente apercebemos-nos de um grafismo mais cartoonesco (cell-shaded) a apelar ao anime (em alguns momentos). Apesar de não desgostar completamente, considero essa abordagem demasiado … fora do contexto, especialmente quando enquadrada com os jogos anteriores.

Seja como for, a ilha de Narapela encontra-se deliciosa em muitos aspectos. As praias, as habitações, as selvas … encontram-se com alguns pormenores bem-criados e onde reina conteúdo e indícios de vida. É normal entrar em casas com secretárias repletas de computadores, molduras, cadernos, material de escritório, …

Um outro aspecto que se nota após algumas horas de jogo (que podem ascender a 10 ou mais), é o facto de o jogo apresentar uma jogabilidade na terceira pessoa, comportando-se ao longo da decorrer da acção mais como um jogo de aventura que um puro jogo de horror.

Aliás, um responsável da Deep Silver revelou isso mesmo numa entrevista onde mencionava que queriam dar com Escape Dead Island, uma “perspectiva nova e diferente do Universo Dead Island universe.”.

Ao longo do jogo, Cliff vai sendo afectado por pesadelos, alucinações e a partir de certa altura é fácil perdermos a noção do que é real e do que é imaginação e isso leva-nos a um outro mistério que rodeia Escape Dead Island acrescentando um pouco de mistério ao jogo.

 

Mais frequentemente do que seria de esperar e desejar, surgem alguns problemas de quebras de frames. É normal acontecer que quando atingimos determinadas zonas mais densamente populadas com objectos ou personagens notarmos que o jogo se engasga um pouco. E quando atingimos os checkpoints então bloqueia completamente. É chato … estamos a passar por um zona e de repente o ecrã para completamente apenas para gravar … durante uns 3 ou 4 segundos.

Ao longo do jogo, Cliff vai sendo afectado por pesadelos, ou alucinações e a partir de certa altura é fácil perdermos a noção do que é real e do que é imaginação. Este aspecto poderia ter sido melhor explorado mas deixa o jogador na dúvida sobre o que se passa.

Quanto à jogabilidade de Escape Dead Island, não há nada de extraordinário a dizer, receio.

Os comandos são simples e não existem combos complexas para os ataques. Quadrado para ataque normal, triangulo para ataque poderoso, e L2 + R2 para apontar e disparar armas de fogo. (de estranhar a impossibilidade de saltar ou escalar obstáculos que leva a situações caricatas)

Tal como nos outros jogos, podemos utilizar armas de fogo mas num jogo com esta mecânica esse deveria ser um caminho alternativo, ou seja, não deveria ser frequente. Acontece que em Escape Dead Island existe uma grande abundância de munições para as pistolas ou caçadeiras que podemos equipar o que retira algum carisma ao jogo.

No entanto, para os saudosistas e perfeccionistas continua a ser possível utilizar a tradicional forma da espadeirada e machadada. Existem espalhados pelos cenários variadas armas corpo-a-corpo que vamos podendo encontrar, desde chaves de fendas, facas, paus, espadas, machados, moto-serras, … o que nos impulsiona a uma melhor exploração de todos os cantos na tentativa de encontrar uma arma ainda mais espectacular e potente. Isto leva-nos à melhor parte do jogo … matar e desmembrar zombies.

Sim, é a melhor parte do jogo pois sempre foi e será extremamente divertido dilacerar e obliterar hordas de mortos-vivos à pazada ou machadada. Continua a haver um “não sei o quê” de divertimento visceral em matar mortos-vivos e Escape Dead Island ele está lá, não retirando nem um ponto a esse divertimento mas … infelizmente, também não acrescentando nenhum.

Talvez a situação mais evidente é quando podemos aplicar um finish num zombie em que a animação é sempre a mesma. É pena … haveria muito por onde criar e inovar mas … se calhar não houve tempo. Outro pormenor que se sente falta é o de podermos equipar uma arma (espada por exemplo) mas podermos manter outra(s) e alternar entre elas. Não, Escape Dead Island não nos permite isso …. Aliás, nem existe inventário.

 

Seria interessante a inclusão de uma mecânica de criação de armas, uma vez que matérias-primas há com abundância na ilha…

Bem conseguido também foi a inclusão de elementos de distracção, ou seja, podermos usar itens espalhados no cenário para distrair os zombies, como telefones, rádios ou computadores. Os zombies não são particularmente inteligentes como todos sabem e não é em Escape From Dead Island que ficam mais inteligentes.

Há ainda a possibilidade de podermos esgueirarmos-mos para passar despercebidos e em algumas circunstâncias é a melhor opção mas isso leva a outros problemas do jogo. Por vezes, basta irmos agachados e passar mesmo ao lado dos zombies que eles nem notam. Bolas, os zombies são mortos-vivos mas serão assim tão estúpidos?

Felizmente, existe alguma variedade de zombies o que faz com que a forma de lutar tenha de evoluir um pouco também de acordo com isso. Existem os normais mortos-vivos que apenas se arrastam na nossa direcção, mas existem outros mais ameaçadores tais como os Spitters que cospem veneno ou os Butchers que têm lâminas nas mãos e com um grande poder de ataque….

A ilha de Narapela é grande e não fosse um sistema de transporte rápido (semelhante ao da série The Lost) seria fácil perdermos horas apenas a andar de um lado para o outro.

Seja como for, o jogo apresenta um sistema de apoio ao jogador minimamente bem conseguido. Por exemplo, em várias alturas temos de adquirir uma chave magnética que se encontra em posse de determinado zombie e o jogo ajuda-nos a saber qual a direcção certa a tomar. Com o recurso a R1 o ecrã vira-se automaticamente na direcção onde se encontra esse zombie. É uma ajuda útil especialmente quando estamos longe do alvo e não sabemos por onde ir. Não quer dizer que haja muita variedade de caminhos, pois o jogo não nos dá tamanha liberdade assim, mas é uma ajuda bem conseguida.

 

Como disse ao início, Cliff e os amigos são jornalistas e como tal, além de tentarem fugir da ilha também tentam captar algo de extraordinário para fazer uma artigo interessante sobre o que se passa lá. Gostei particularmente da decisão de manter essa premissa ao longo do jogo, fazendo com que hajam determinados pontos estratégicos na ilha (edifícios, locais, mortos-vivos, … ) que podemos fotografar. Apesar de não ter um objectivo prático no desenrolar do jogo, esse pormenor traz algo de novo e interessante, para além de ser mais um objectivo paralelo a cumprir.

Por falar em objectivos alternativos, em Escape Dead Island encontramos espalhados pelos cenários inúmeros itens escondidos (cassetes, postais, cartas, ..) através dos quais vamos conhecendo um pouco mais do que se passou em Narapela e aos seus habitantes. É novamente, uma forma de incentivar os jogadores a explorar os cenários mas acima de tudo, acaba por dar um pouco de contexto ao jogo.

 

Nota Final- 6,7

[0…....10]

Um misto de sensações, é no que este Escape Dead Island se revela. Se por um lado quebra o elo com a série e transforma-se num survival com pouco horror, por outro adquire características dum jogo de aventura mas pouco denso e imersivo. Indica apenas que se trata de um jogo diferente e que por tentar atingir dois mundos distintos acaba por não ser nem muito bom num, nem muito bom noutro. Para os amantes da saga Dead Island, haverá uma forte sensação de desilusão. Enquanto aventura o jogo permanece num patamar interessante com boas ideias, com a da reportagem fotográfica, por exemplo. O grafismo cell shaded tem alguns pontos altos mas parece que perde a mística e carisma. Seja como for, Escape Dead Island apresenta alguns bons momentos nos quais se destaca o dilacerar e destroçar as resmas de zombies. Isso é sempre de louvar. Apresenta ainda na diversidade de inimigos algum ponto de interesse mas padece de problemas complexos que minam a jogabidade e imersão.

Género: Acção/Aventura/Survival Horror Plataforma Analisada: Playstation 3 Outras Plataformas:   Xbox 360, PC Homepage  Escape Dead Island

 

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