Pplware

Análise Diablo III (Playstation 3)

Pouco mais de 1 ano passado sobre o lançamento para PC de mais um dos grandes ícones dos RPG, eis que Diablo III regressa e, desta feita, para as consolas.

O jogo que, na sua versão PC conseguiu valores simplesmente astronómicos, chegando aos mais de 3,5 milhões de unidades vendidas em apenas 24 horas, foi assim lançado para Playstation 3 e Xbox 360, saindo do conforto do seu habitat natural e lançando-se numa aventura que muitos receavam poder vir a ser desastrosa.

Os obstáculos apresentados eram muitos e a migração de uma plataforma tradicionalmente melhor preparada para RPGs (graças ao uso do rato e teclado) para as consolas, tipicamente mais viradas para jogos de ação e desporto foram um risco bastante forte que a Blizzard adotou.

No entanto, Diablo III provou que é possível conquistar as consolas e fê-lo de uma forma que merece todo o nosso destaque … que Diablo de jogão!

A aventura que a maior parte de vós já deverá conhecer, começa com a queda de um objecto estranho em Tristam. Esse fenómeno é apenas o inicio e encontra-se relacionado com algo muito mais profundo que afetará o Mundo, funcionando como um aviso para a sociedade que os poderes das Trevas e do Fogo estão a renascer das entranhas mais obscuras da terra.

Cabe-nos a nós, como heróis do jogo, defrontar esses poderes e os seres maléficos comandados pelo Demónio Belial.

A imersão e importância da história no jogo é algo que vamos nos apercebendo à medida que avançamos no jogo e traz realmente outro tipo de conectividade com o jogador.

Começamos então por escolher uma das classes (Barbarian, Demon Hunter, Monk, Witch Doctor ou Wizard) à nossa disposição, e caracterizamos o nosso guerreiro que iremos encarnar ao longo dos capítulos do jogo.

O início surge de uma suave de forma a nos ir apresentando os comandos e menus do jogo e, apesar de admitir que ao início podem parecer algo estranhos aos jogadores PC, também é certo que ao final de pouco tempo, mal se lembrarão do rato e teclado.

Aliás, gostaria de dar enfase a este pormenor pois foi a grande vitória de Diablo III nas consolas. A substituição do rato e das possibilidades múltiplas do teclado por um comando com meia-dúzia de botões e alguns gatilhos nem sempre é pacífica e exige uma grande dose de sensatez e análise mas a Blizzard conseguiu e de forma excecional. Houve uma real preocupação em levar ao jogador um comando simples e prático de usar, com acessos rápidos e fáceis às funcionalidades mais comuns.

Ora vejamos. O analógico esquerdo é o que controla o movimento, enquanto o direito permite ao jogador fazer manobras de fuga repentinas. Esta capacidade é muito bem-vinda e extremamente útil.

Por outro lado, os botões X, Triangulo, Circulo e Quadrado funcionam como botões de armas/magias enquanto as setas direcionais permitem aceder a outras opções como por exemplo ao Mapa.

Os gatilhos foram muito bem pensados também e tanto o L1, como L2 e R1 servem para ataques e capacidades ativas da personagem. Por fim o Select funciona como botão do Inventário e estamos prontos para a aventura.

Contudo, existe algo que pode se tornar um pouco mais complexo de usar, o Inventário. É-nos apresentada uma roda com a nossa personagem ao meio, com várias categorias em redor, correspondendo a armadura, arma principal, escudo, capacete, botas, … e para aceder aos itens de cada um dessas categorias temos de usar o analógico esquerdo e pressionar o X. De seguida surgem duas colunas, uma com os equipamentos disponíveis para essa categoria e outra com o que está equipado. Com o botão Quadrado podemos comparar cada item disponível com o equipado e se pretendermos, usando o X podemos equipa-lo.

Uma outra diferença será a forma como o personagem se movimenta e como ataca. A Blizzard encontrou uma solução simples e credível para esse problema. Quanto ao controlo direto do nosso personagem não há nada a dizer, encontra-se perfeito. Quanto ao sistema de ataque, houve um trabalho que teve de ser feito pela equipa de desenvolvimento e que é de louvar. Basicamente apontamos para o inimigo e atacamos, fazendo o jogo um auto-aim. Mas atenção, não é um auto-aim facilitista. É um sistema equilibrado que exige da nossa parte um mínimo de direcionamento para que seja bem-sucedido.

Há contudo algumas situações em que o auto-aim não funciona da melhor forma, quando por exemplo, usamos armas de proximidade (espadas ou machados) e estamos rodeados de inimigos. Por vezes o auto-aim faz pontaria ao inimigo errado … mas nada que uma nova machadada não resolva.

E … machadadas não vão faltar. O jogo impulsiona-nos constantemente para um frenesim de pancadaria à grande e francesa. Para quem já jogou a versão PC pode-se dizer que se encontra ao seu melhor nível.

À medida que avançamos os inimigos tornam-se cada vez mais difíceis, especialmente os bosses o que é salutar pois exige ao jogador que vá também evoluindo e conhecendo melhor os seus ataques e forças. O posicionamento da câmara pode ser por vezes infeliz, especialmente em cavernas e locais fechados.

Apenas sobressai um pormenor. Pessoalmente, gosto de explorar todos os cantos dos cenários … mesmo que já tenha passado por lá. E ao voltar a passar pelos mesmos sítios, vamos encontrando também lá novos inimigos. Contudo isto traz consigo uma mais-valia para nós que é a evolução rápida e que se nota por exemplo, numa terceira vez que se passe por essa zona. Enquanto na primeira e segunda vez os inimigos ainda podem dar luta, à terceira quase não nos arranham. No entanto, os bosses são exigentes o suficiente e geralmente vêm acompanhados o que origina combates bem renhidos.

Mas além da experiência os combates também nos vão trazendo outras regalias, os despojos dos inimigos caídos em terra. Existem três principais tipos de itens/armas/armaduras … os normais (cinzentos), outros que têm algumas mais-valia especiais (azuis) e ainda outros que detém poderes epicamente brutais (dourados). Quando os inimigos caem em combate é assim muito fácil ter uma perceção rápida se o item merece a pena apanhar e colocar no inventário.

É extremamente útil esta adição, bem como o inventário ainda mais alargado.

Cada classe apresenta um conjunto de poderes iniciais e de capacidades específicas. O Barbarian é uma classe mais focada no combate corpo a corpo usando a força bruta como principal característica. Os Demon Hunters baseiam-se na sua maior capacidade de lançar ataques à distância, quer com recurso a arco e flechas e bestas, com diversos projeteis que consoante vamos evoluindo se vão tornando cada vez mais poderosos, além de visualmente brutais. Tem contudo variadas limitações ao nível do combate corpo-a-corpo pelo que convém escolher bem quais os nossos companheiros e equipamento de aventura. Os Monks, por sua vez, são unidades sagradas que usam o poder divino nos seus ataques e que apresentam uma grande capacidade de se regenerar. Os Wizards são, como o nome indica, feiticeiros que usam Magia Arcana para lançar os seus poderosos ataques quer ao perto quer de longe. Por fim os Witch Doctors são feiticeiros espirituais que têm um poder mágico de controlar hordas de soldados mortos-vivos além de outras criaturas ou de lançar feitiços e ataques mágicos.

Cada classe apresenta ainda um conjunto de ataques e skills especificas que vão sendo desbloqueadas e melhoradas ao longo do jogo. São skills que, tanto podem ser ativas e apoiar as nossas armas em uso, como skills passivas que trabalham em background (por exemplo, de x em x tempo regenerar parte da Health).

O facto de termos apenas 5 classes à escolha ao início acaba por se tornar quase irrelevante pois com todas estas potencialidades de customização e upgrades, cada nova aventura será sempre uma aventura nova.

Uma vez que temos bastantes opções de escolha torna-se imperativo que a mesma seja feita de forma equilibrada e de acordo com a evolução do nosso personagem. Podemos ter até 6 skills em simultâneo o que dá grande capacidade de escolhas. Torna-se obrigatório, portanto, uma gestão sensata das skills equipadas. Sejam, ofensivas, defensivas,…

Por outro lado, os cenários de Diablo III, que estão bastante bons apresentam uma qualidade ligeiramente inferior aos de PC. No entanto, não é nada que não estivéssemos à espera e muito menos é algo que minimiza o jogo em grande maneira.

Apenas não gostei de ver algumas salas ou percursos duplicados em diferentes masmorras.

Espalhados pelos mapas encontram-se inúmeros motivos de exploração. Arcas e troncos repletos de tesouros, esconderijos com missões paralelas, corpos que escondem dinheiro, arcas e cofres especiais cheios de tesouros … o que faz com que o jogador se sinta impelido a explorar bem cada centímetro.

Existem imensos tipos de inimigos diferentes e que atacam de qualquer lado… atacam do ar, de debaixo da terra … cada qual com os seus pontos fracos que convém descobrir para, além de equiparmos o nosso personagem com as magias e armas certas, também levarmos connosco o companheiro mais adequado.

Devo confessar … o combate em Diablo III é dos pontos altos do jogo e dos mais viciantes que temos oportunidade de encontrar no mundo dos videojogos. Não só o combate em si, onde temos de usar as nossas armas e skills estrategicamente mas essencialmente pelo facto de cada combate poder nos oferecer itens e armamentos surpreendentes deixados pelas nossos inimigos caídos em combate. Mas existe um outro bom motivo para se jogar mais um pouco, o Multiplayer (local ou online). Permitindo que até 4 jogadores se unam para completar as variadas quests adiciona doses maciças de valor ao jogo, apresentando no entanto um ou outro problemas menores, como por exemplo, quando um jogador fica longe de mais os outros param sem conseguir ver o que está à sua frente, ou então a inexistência de um mecanismo de oferecer itens aos nossos parceiros diretamente.

Enfim, são apenas algumas nuvens no céu de Verão. Diablo III é um jogo que conseguiu transpor a barreira do PC para as consolas sem grande mágoa e isso só poderá dizer uma coisa: “quem fica a ganhar é o jogador das consolas”.

 

Nota Final- 8,8

[0…....10]

 

Afinal a Tradição já não é o que era. Apesar do PC continuar a ser ainda a plataforma de eleição para RPGs, este Diablo III vem comprovar o que muitos outros jogos já tinham começado a mostrar, que a sua migração para as consolas é perfeitamente possível. Para todos os que receavam um Fail com esta migração, estejam descansados que o pior já passou. Diablo III é, tal como na sua versão PC, uma pérola à espera de ser lapidada. É um dos RPGs mais completos, envolventes e viciantes que o mercado tem para oferecer e um must have de todos os fãs do género, possuidores de uma consola. O lançamento do jogo para as consolas foi um enorme desafio mas como diria um voz off de um programa de televisão, “Desafio Superado”.

 

Gráficos: 8,0

Gráficos bons e que se aceitam mas, que ficam algo aquém da versão PC.

Som: 8,5

Composição da banda sonora impressionante acompanhando toda a acção com a intensidade e emotividade que sempre caracterizou os jogos Diablo.

Jogabilidade: 9,0

Migração bem sucedida. Controlos bem mapeados e, apesar de algum tempo de adaptação, desde cedo se tornam naturais. De resto, jogabilidade Diablo … há mais para dizer??

Longevidade: 9,5

Dura várias vidas.

 

Género: RPG Plataforma Analisada:  Playstation 3 Homepage Diablo III
Restantes Plataformas: Windows, Mac, Xbox 360

 

Exit mobile version