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Análise Castlevania: Lord of Shadows 2 (Playstation 3)

Vampiro!

Segundo o dicionário (Priberam) trata-se de uma personagem da crença popular que, estando morta, sai à noite das sepulturas para sugar o sangue dos vivos. Hoje em dia, poder-se-ia fazer uma perfeita analogia com o estado do nosso País (com a diferença que os nossos Governantes e Troika sugam-nos tanto de noite como de dia).

Enfim … voltando a falar apenas de vampiros, existe um que todos nós conhecemos, Drácula, o Príncipe das Sombras.

Seja como for, e de que angulo se vejam as coisas, Dracula desde sempre gerou um grande fascínio sobre a maior parte de nós e como tal, não é de estranhar a existência de tantas obras sobre ele. Livros, pinturas, contos, filmes, séries e … jogos.

Ora é precisamente um jogo sobre Drácula que está de regresso às nossas consolas. Falo de Castlevania: Lord of Shadows 2.

Drácula está de volta e o Pplware já o experimentou…

Após os eventos passados no título anterior da série Castlevania, onde o passado de Dracula (Gabriel Belmont) foi revelado, surge agora este novo episódio e final para a série. Logo ao início assistimos a um combate épico entre Drácula e um Arcanjo Dourado. De imediato somos transportados para a era moderna, numa altura em que uma grande metrópole contemporânea se situa precisamente por cima do antigo castelo de Drácula.

Drácula encontra-se adormecido no seu sono secular quando é acordado por Zobek, o seu …. amigo. Fraco e abismado com as alterações em seu redor, Drácula vem a saber por Zobek que se encontra em execução um plano para trazer de volta ao Mundo, Satanás. São as Acoolites, uma organização internacional e que se movimenta na clandestinidade, que executam esse plano e Satanás escolheu precisamente esta cidade para se vingar de Drácula.

Zobek promete libertá-lo da sua maldição imortal … a própria imortalidade a troco de ajuda para travar o regresso de Satan.

Ao longo da aventura vamos ter que ir readquirindo os poderes de Drácula, bem como lutar contra os nossos próprios medos e fantasmas em constantes viagens entre o presente e o passado.

Parece estranha esta última afirmação mas a verdade é que Drácula, ao longo do jogo, vai-se mostrando como um ser … não tão malévolo assim. Aliás, quase que parece uma contradição mas Drácula chega mesmo a poder ser comparado com um outro qualquer herói Disney ou Marvel…

Logo ao início, contudo, somos confrontados com uma cena (infelizmente não temos controlo sobre a personagem) na qual Drácula, fraco e de aspecto acabado, se encontra perante uma família pronta a ser consumida. Infelizmente, esta sequência abre a nossa imaginação permitindo-nos sonhar com que outras cenas semelhantes possam vir adiante, mas é fogo de pouca dura. Este tipo de terror psicológico poderia ter sido muito melhor explorado ao longo do jogo mas, contudo, o enfase foi quase todo para a acção e combates. É pena.

 

Cedo na aventura, Drácula tem uma visão de Trevor, seu filho. Apesar de num primeiro momento este querer vingar-se do pai, uma reviravolta na ação leva a que Trevor venha a ajudar Drácula ao longo da aventura e que seja ele próprio um dos objetivos do jogo.

Numa mecânica de missões sucessivas vamos aos poucos descobrindo quem são os Acoolites e o que fazem, ao mesmo tempo que os aprisionamos ou eliminamos. De qualquer forma, uma particularidade importante é a não linearidade que o jogo apresenta, dando liberdade (limitada, claro) ao jogador para controlar o seu rumo.

Na sua demanda contra Satanás e seus seguidores, Drácula tem ao seu dispor um conjunto de armas (Shadow Whip, Void Sword e Chaos Claws) e poderes que convém utilizar com equilíbrio dado que alguns são melhores que outros contra determinados inimigos.

Quando começamos o jogo, Drácula encontra-se fraco e como tal vai ter de ir readquirindo os seus poderes e forças ao longo do jogo. Isto leva ao sistema de evolução dos poderes que utiliza uma mecânica simples de aquisições de upgrades. Considero no entanto, que a escolha dos upgrades devia ser mais intuitiva pois nem sempre é fácil determinar qual ou quais os que estão disponíveis e quais as suas mais-valias.

Apesar das inúmeras combos e ataques desbloqueados ao longo do jogo, grande parte dos combates podem ser passados apenas com recurso ao martelar dos botões de ataque. Verdade seja dita, a aventura acaba por ser bem melhor ao usarmos as combos.

No entanto, há um pormenor nos combates que deveriam ter recebido melhor tratamento. As cenas de combate apresentam-se por vezes demasiado confusas, com muitos efeitos em simultâneo e não deixando perceber bem os variados ataques de Belmont.

 

De resto a maior parte dos combates decorre com naturalidade e violência brutal. A quantidade de sangue que transborda destes combates faria feliz qualquer Director de Hospital que tenha os stocks de sangue em baixo. Os inimigos tentam atacar-nos em simultâneo e chegam a tentar nos rodear, contudo os seus ataques são bastante primitivos.

Já os confrontos com os bosses são mais exigentes e obrigam-nos a perceber as suas mecânicas e pontos fracos, bem como a escolher a arma e poderes mais adequados.

Por falar em bosses, gostaria de indicar que a criatividade reinou nas suas conceções e apresentam-se com um grande nível de detalhe. De resto, e infelizmente, existe uma grande repetitividade dos adversários.

Gostaria de aproveitar para referir que o castelo de Drácula está simplesmente fantástico na sua criação. Os diversos salões e corredores, repletos de vitrais, veludos no chão e paredes, escadarias… impecavelmente criados e com grande atenção aos pormenores. Os restantes cenários apresentam-se com problemas de alguma fraca resolução.

Aproveito para referir que o controlo total da câmara é uma adição muito útil.

Enquanto lutamos vamos perdendo energia e … que tal nos irmos reabastecendo no calor da luta? Pois, é precisamente isso que acontece e quando conseguimos nocautear um inimigo podemos beber o seu sangue e assim repor um pouco da nossa energia.

Ocasionalmente em pleno combate surgem algumas situações estranhas. As animações dos ataques estão na sua maior parte das vezes impressionantes, mas no entanto apresentam alguns problemas de scripting. Um pouco à semelhança do que critiquei em PES, alguns movimentos dos personagens estão de tal forma scriptados que, mesmo quando atingidos por um ataque de Drácula, se processam até ao fim.

Conforme mencionei, o jogo demonstra algumas mudanças na jogabilidade bem-vindas que só pecam por escassas. Um exemplo, ao inicio do jogo, quando lutamos contra um Titã e temos de o escalar, revela-nos uma faceta de plataformas, semelhantes a Lara Croft ou Nathan Drake.

Por outro lado existem algumas secções stealth nas quais, por exemplo, temos de nos transformar em rato para podermos aceder a espaços inacessíveis a um ser “humano”. São interessantes mas acabam por ser demasiado limitativas uma vez que apenas nessas alturas as podemos usar e seria interessante ter liberdade para tal noutras ocasiões. Existe ainda a possibilidade de lançarmos um bando de morcegos na direção de um inimigo e assim distraí-lo.

 

Conforme indiquei, Lord of Shadows 2 apresenta variados obstáculos e desafios a serem ultrapassados, não sendo apenas um jogo de hack’n slash. Nesses momentos entram em ação variados poderes de Drácula e um dos mais úteis é o de podermos Possuir NPCs existentes no jogo (apesar de ficarem com um andar demasiado esquisito).

Um dos pormenores que mais me desgostou em Castlevania foi o facto de determinadas secções ou obstáculos só poderem ser ultrapassados de uma única maneira. Se bem que obriga o jogador a conhecer bem os poderes de Drácula, por outro lado é demasiado limitativo.

Uma das coisas em que o Castlevania: Lord of Shadows 2 tenta apostar é na exploração do meio ambiente. A maior parte dos cenários apresenta variadas outras áreas (salões, corredores, poços de ar, túneis, …) onde podemos encontrar variados itens e coleccionáveis e assim aumentar um pouco a diversidade dentro de cada nível. Alguns desses itens correspondem a livros ou diários de soldados caídos em combate que nos ajudam a perceber melhor a história de Gabriel e da sua desafortunada família.

Nota final para o capitulo sonoro que além de apresentar uma banda sonora clássica digna de qualquer filme de Hollywood, conta ainda com as participações inspiradas dos actores que deram voz aos personagens, dos quais se destacam Patrick Stewart (Zobek) e Robert Caryle (Dracula).

 

Nota Final- 7,8

[0…....10]

 

O regresso da escuridão e do seu Príncipe é um marco importante no que toca ao ano de 2014 no reino dos videojogos. Belmont regressa com Castlevania: Lord of Shadows 2 revelando muito do que havia ainda a descobrir. Apesar de assentar maioritariamente na mecânica de hack’n slash, o jogo introduz alguma diversidade na sua jogabilidade que agarra o jogador e o leva a querer descobrir mais. Os Bosses estão brutais e os seus combates, deliciosos e recompensadores. O Castelo de Drácula está fantástico sendo pena a pobreza das restantes localizações. O enredo encontra-se enrolado como um novelo de lã à espera de ser desenrolado. Nunca um ser malévolo (Drácula) foi tão desejado.

 

Gráficos: 7,5

Castelo de Drácula fantástico. Trabalho de arte na criação dos Bosses impecável. Restantes cenários com aspecto pouco polido. Algumas texturas pobres. Alguns inimigos repetitivos.

Som: 8,5

Música a condizer com o ambiente do jogo. Vozes irrepreensíveis.

Jogabilidade: 8,0

Jogabilidade simples e intuitiva. Drácula é um filho da mãe sanguinário mas por vezes mais parece um super-herói. Diversidade nas mecânicas de jogo. Tendência para martelar dos botões. Algumas falhas de inteligência dos NPCs.

Longevidade: 7,5

Quem gostes de explorar tudo até ao ínfimo pormenor tem jogo para mais de 20 horas e … o modo de dificuldade Prince of Darkness.

 

Género: Acção/Aventura Plataforma Analisada:  Playstation 3 Outras Plataformas:  Xbox 360, PC, Nintendo 3DS Homepage Castlevania: Lord of Shadows 2

 

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