“O Homem foi feito para guerrear”. Esta é uma frase diversas vezes repetida por um amigo meu que achei que ficaria bem como ilustração inicial desta análise.
Modern Warfare 3 saiu há duas semanas e como se esperava, desde cedo se tornou num caso de sucesso, quer de vendas, quer de aceitação geral. É um daqueles jogos pelos quais esperamos e desesperamos nos meses anteriores ao lançamento para depois o consumir freneticamente como se o amanhã não existisse quando os temos na mão….
E foi precisamente isto que neste momento milhares de soldados fazem agarrados às suas consolas ou PCs. Mas será que Modern Warfare 3 é realmente um ataque bem sucedido ou uma granada que nos estoura na mão?
A história de Modern Warfare 3 começa onde o anterior título da série terminou (inclusão de breves cenas de Modern Warfare 2 estão perfeitamente inseridas na jogabilidade) .… permitam-me a deixa para desvendar apenas um segredo, Soap is alive! … com o Mundo num caos em que as tropas do ultranacionalista russo Makarov atacam tudo e todos, vemo-nos envolvidos em várias frentes, num cenário global, para tentar terminar com o conflito. A acção passa praticamente por todos os continentes e por algumas das maiores cidades americanas e europeias.
Gráficos: 8,9
Com cenários absolutamente fantásticos e de grande dimensão, tais como Nova Iorque ou Paris entre outros, MW 3 lança-nos para um conflito onde o realismo se encontra a cada esquina, a cada tiro … embora o motor gráfico por detrás do jogo não tenha melhorado muito em relação ao seu antecessor ou mesmo a Black Ops, o que importa é que aquela noção de realidade ou de espanto com o que se passa no ecrã se mantém bem acesa.
Não mencionando os habituais panos de fundo dos combates, como as ruas das cidades e afins, temos alguns novos elementos que trazem a delícia aos nossos olhos, como por exemplo as catacumbas de Paris, os túneis inundados de Nova Iorque, o ataque ao interior dum submarino, o interior duma mina …
Uma das missões que visualmente mais me fascinou foi a dum cenário em África em que de repente nos vemos envolvidos por uma grande tempestade de areia, reduzindo a nossa visão ao limite mínimo. Outra foi quando um determinado edifício cai mesmo à nossa frente e toda a nossa casa parece que estremece … impressionante.
As explosões, os assaltos, os blindados, as nuvens de soldados (de cada lado) … simplesmente fantásticas. Uma das coisas mais brutais que MW3 nos oferece são as sequências de destruição de alguns edifícios ou outros monumentos pelo meio da acção. Brutal, épico, fantástico.
Existe também uma sensação, em alguns níveis, de combate em grande escala, onde vemos várias centenas de soldados em simultâneo, de cada lado do conflito. O jogo mantém-se fiel aos seus princípios, ou seja, mantendo a atenção focada em alguns elementos das forças especiais, não deixa de apontar para o conflito em grande escala que se passa por detrás.
Som: 9,3
Eu sou daqueles que não fez o Serviço Militar e poucas foram as ocasiões em que estive por perto quando alguma arma foi disparada mas, posso dizer-vos … MW3 é um assombro no que respeita à quantidade e qualidade de efeitos sonoros colocados no calor da batalha. Muito possivelmente será uma das melhores representações dum cenário de batalha alguma vez passado para jogo. Explosões por todo o lado, tiroteio, ricochetes, veículos a avançar, artilharia, bombardeamentos, gritos, stress … o cenário está montado para que o jogador se sinta inundado pelos sons do conflito a cada passo que dê. E a verdade é que isso acontece. Joga-se MW3 e estamos automaticamente em pé de guerra e não importa que os vizinhos se queixem. A Guerra é assim mesmo.
As vozes não poderiam emprestar mais autenticidade ao jogo, desde os momentos de combate em que se sente nas vozes dos nossos camaradas a tensão até às comunicações feitas por Radio.
A banda sonora do jogo merece uma nota de realce. Feita de propósito para o jogo por Brian Tyler, responsável por exemplo pela banda sonora da série Terra Nova a passar agora na TVi.
Jogabilidade: 8,9
MW3 não é uma revolução no que respeita a inovação. Basicamente, pega no que já foi feito em MW2 e Black Ops e mantém, melhorando aqui ou ali duma forma séria e equilibrada. Talvez seja esta a grande mais-valia do jogo. O manter o que melhor foi feito e melhorar ainda o que poderia ser melhorado.
Modern Warfare 3 mantém uma das suas características de sempre, ritmo frenético da acção. A acção mantém-se a uma velocidade estonteante mas que acaba por esconder um ponto em que nunca houve interesse pela parte das equipas de desenvolvimento explorar, a componente da preparação táctica das missões. Basicamente entramos na batalha a frio, e não há qualquer preparação prévia, o que em algumas missões poderia ser interessante. No entanto, a história genética de CoD é assim mesmo e MW3 manteve-se fiel.
As missões são bastante diversificadas e com dinâmicas muito próprias, como por exemplo, num momento estamos a tentar sequestrar e destruir um submarino no porto de Nova Iorque, como noutro estamos a tentar salvar o presidente da Rússia numa tentativa de rapto em pleno voo, ou a tentar salvar a sua filha numa das maiores minas da Sibéria, como noutro estamos a pilotar um mini-blindado telecomandado a abrir caminho aos nossos camaradas, ou deixarmo-nos deslizar por uma ribanceira abaixo desviando-nos dos edifícios em queda.
Uma das sequências que mais apreciei foi quando numa missão (creio que em Paris) se alterna entre o controlo do Capitão Jonh Price (creio também) no terreno, rodeado por inimigos, e o controlo dum avião não-pilotado eliminando esses mesmos inimigos. São exemplos de dinâmicas destas que fazem CoD uma série de referência nos jogos de guerra actualmente.
Alguns bugs aparecem aqui ou ali, e uma coisa que me aconteceu por duas ou três ocasiões durante o jogo e, que curiosamente já tinha acontecido em Black Ops, foi ter ficado preso por duas ocasiões em “bugs” do cenário e ter tido de re-iniciar o nível para ultrapassar o problema.
Em algumas ocasiões houve uma tentativa de introduzir algumas sequências de CutScenes dinâmicas que acabam por fazer uma boa ponte com o que pretendem transmitir. Por exemplo existe a determinada altura a possibilidade de “jogar” novamente a cena do Aeroporto em MW2 e que levantou grandes problemas a nível de censura, de forma a percebermos um pouco mais sobre a história de Yuri. Embora duma forma objectiva, não traga nada de mais ao jogo, acaba por ser um boa introdução (embora não inédita).
Ao longo das missões, existem espalhados pelos cenários diversos portáteis das forças inimigas com informações secretas que podemos ir apanhando e que nos dão pontos extra, mas o ritmo do jogo é tal, que o que acontece na maior parte das vezes é avançar o mais rapidamente possível sem os procurar sequer. Felizmente podemos jogar os níveis novamente após os passar.
Uma situação que encontrei novamente em MW3 e que também se verifica em MW2 por exemplo, e que deixa alguma sensação de desconforto é quando estamos em plena acção, rodeados de inimigos e de repente avançamos uns meros 5 metros e …. parece que se faz um clique … e os inimigos deixam miraculosamente de aparecer. Geralmente antes de Checkpoints estes pontos invisíveis de ruptura acabam por ser disfarçados pelo resto do jogo, mas mesmo assim estão lá.
Estes pontos menos bem conseguidos não conseguem no entanto retirar a Modern Warfare 3 o titulo de melhor jogo da série Call of Duty. É realmente um jogo a ter em conta para todos aqueles que querem guerrear.
Longevidade: 8,8
Uma das minhas principais preocupações com Modern Warfare 3 e que se veio a confirmar, prendia-se com a longevidade da campanha Singleplayer. Habituado à longevidade dos anteriores títulos da série na ordem das 7 horas, receava que MW3 caísse no mesmo e tal aconteceu. Terminei a campanha em cerca de 6 horas. Continuo a achar que é pouco, muito pouco.
No entanto o Multiplayer, quer seja nas Special Ops quer nos modos tradicionais de Online compensam e compensam bem. Aliás, sempre foi um dos pontos fortes de CoD, o Online e em MW3 não só se mantém lá em cima, como ainda consegue ter argumentos para inovar.
Nos modos Onilne uma das principais novidades vai para o modo Kill Confirmed onde se pode evitar que uma morte dum camarada nosso conte para a contabilidade inimiga apanhando uma Tag que os mortos deixam quando caem em batalha. Aliás, esta novidade até pode trazer novidades em termos tácticos, uma vez que se podem criar cenários de emboscadas a partir daqui. Os restantes modos, além do Team Defender que também é novo, são já bem conhecidos e mantém a qualidade apresentada. De notar que os mapas têm uma tendência para cada vez mais agradar a jogadores que gostem de acção mais rápida e mais próxima, havendo, infelizmente, uma redução de cenários agradem aos snipers.
Uma outra novidade prende-se com a evolução do nosso avatar, e especialmente do seu uso duma arma específica. Agora as armas que usamos também sofrem upgrades, consoante o uso que lhes damos. É uma boa ideia sem dúvida.
O outro modo de jogo que não mencionei ainda é o Spec Ops, que agora se encontra dividido nas opções Survival e Mission. Survival é um modo em que, tal como o nome indica somos colocados num cenário apenas com uma pistola e temos de sobreviver a ondas consecutivas de inimigos. Cada uma dessas vagas trazem maior numero e com maior armamento de inimigos a abater. O modo Missions baseia-se em eventos do Modo Campanha e faz com que a sós ou com um companheiro aleatoriamente seleccionado no universo online de MW3 tentemos levar a cabo determinada acção. Por exemplo, na missão do rapto do presidente russo, podemos ter de ser nós a conseguir raptá-lo.
Todos estes modos online, posso prometer-vos que levarão muitas e muitas horas dos vossos próximos meses. Isso é uma promessa.
Nota Final- 9,0
[0……....……10]
Se o Homem foi feito para guerrear, então Call of Duty: Modern Warfare 3 será a melhor arma que a saga Call of Duty já lançou para o fazer. Baseando-se fortemente no que de melhor já tinha conseguido no passado, e conseguindo mesmo assim reinventar-se Modern Warfare 3 apresenta-se no pelotão da frente dos jogos de guerra para consolas e PC. Com um modo Campanha que embora bastante curto, nos consegue presentear com os mais variados condimentos habituais, acção alucinante, combates em larga escala, missões Stealth, desespero e falta de ar e até mesmo um pouco de suspeição, MW3 apresenta-nos ainda com um Multiplayer fabuloso e que durará durante vários meses, muito provavelmente até ao próximo lançamento CoD.
Call of Duty: Modern Warfare 3 é, sem dúvida, o melhor jogo da série CoD!