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O que é o “swatting”: a perigosa “brincadeira” digital que atravessa para a vida real

Muitos não sabem o que o swatting é, mas este artigo pode mudar tudo. Então, podemos dizer que a criação e consumo de conteúdos média, em 2022, é completamente diferente da realidade de há uns anos. Algumas das principais figuras do entretenimento juvenil são adolescentes e adultos, nas suas próprias casas, com uma câmara apontada ao seu rosto e um jogo no ecrã do computador.

Sem necessidade de um canal de televisão, equipa de produção, equipamento profissional e competição por tempo de antena, os populares streamers em sítios como Twitch e YouTube dominam a atenção do público e oferecem uma imensurável variedade de diferentes categorias de entretenimento. Mas que nefastas consequências pode isso acarretar? O problema pode ser sério!


Assim, este novo tipo de relação de consumo de média, que envolve transmissões em direto e interação com o público através de chat de texto, traz consigo uma série de fenómenos interessantes que moldam uma nova geração, como no caso de jovens portugueses, adaptando a sua maneira de falar graças aos brasileiros no YouTube.

No entanto, algumas práticas têm sido consideradas alarmantes pelos profissionais da área, e entre elas, o swatting tem-se destacado como um problema emergente e perigoso – cada vez mais difícil de combater, e pode resultar em ameaças à vida real dos streamers muito para além do ecrã do computador.

O ser humano do outro lado: os problemas do cyberbullying

Um fenómeno social já conhecido desde a popularização das redes sociais, muito antes das plataformas de streaming de vídeo, deve ser discutido a fim de se compreender o swatting.

Logo, o anonimato na internet aumenta a prevalência de comportamentos:

Cyberbullying é, assim, um termo utilizado para caracterizar o assédio sistemático, opressão e humilhação de um indivíduo através de mecanismos digitais, pode resultar em vários impactos profundos na saúde mental.

De facto, estudos apontam que a camada de separação física entre o agressor e a vítima reduz a empatia e controlo do agressor, mas ainda cria no alvo a sensação de estar cercado, atacado e perdido. Não admira que as pesquisas em plataformas como o Google sobre como se proteger do bullying, como se esconder de um agressor na internet, e como remediar uma situação fora de controlo estejam a crescer entre os jovens.

Depois, guias de especialistas em privacidade e segurança digital estão a ser publicados anualmente para tentar remediar o problema, tais como as instruções de prevenção da ExpressVPN, mas com a chegada de novas tecnologias a situação parece piorar.

Para os streamers em plataformas de vídeo em direto, a dor de cabeça é ainda maior: os espetadores criam uma relação íntima com o anfitrião, em muitos casos ativando os mesmos comportamentos e perceções que teriam numa amizade pessoal, como salientam os investigadores da Universidade de Tilburg.

Não obstante, neste tipo comunicação, de média, a constante interação entre o chat e o streamer molda o conteúdo em tempo real – e é precisamente aqui que reside o perigo de novos tipos de cyberbullying.

Doxxing e swatting colocam a integridade e a vida em risco

Por um lado, enquanto mensagens ofensivas, fraudes, comunidades de ódio e outros mecanismos de perseguição online podem causar danos preocupantes à saúde mental de uma pessoa, o doxxing e o swatting são práticas crescentes que podem atravessar o mundo virtual e pôr em perigo a vida no mundo real.

Primeiramente, o Doxxing é o nome dado à revelação de dados pessoais que podem identificar e localizar alguém na internet, e é frequentemente utilizado para atacar streamers.

Por exemplo, se um jogador analisa um jogo de forma crítica, uma comunidade de fãs pode utilizar várias técnicas – desde phishing a hacking – para descobrir o seu nome completo, morada e horário de trabalho, e publicá-los abertamente na internet. Estes dados expõem aspectos privados da vida de uma pessoa e põem imediatamente em risco a sua segurança.

Em segundo lugar, o “swatting”, originado como uma espécie de “brincadeira” engraçada, pode ser ainda mais perigoso.

Neste caso, um espetador utiliza os dados vazados ou descobertos de um streamer para chamar a polícia simulando uma situação de emergência: podem, por exemplo, alegar que estão a ser feitos reféns por um assaltante armado e, quando interrogados pelo operador, dar o nome e a morada do streamer.

Nestas ocasiões, os departamentos de polícia enviam equipas táticas amplamente armadas – a piada é considerada completa quando, ao vivo na plataforma, o público vê a chegada da polícia, o susto do apresentador, e o interrogatório em curso.

Inúmeros exemplos podem ser encontrados em redes como o YouTube e Reddit, com streamers populares ou menos conhecidos, e em vários locais em todo o mundo. Para além de absorver recursos policiais que poderiam estar a responder a uma verdadeira emergência, o swatting é extremamente perigoso: a polícia espera encontrar um sujeito armado e instável, e o streamer não sabe o que se está a passar.

Obviamente, esta combinação pode resultar em acidentes perigosos, tais como tiroteios acidentais, má comunicação, detenções, e mesmo a morte. Nos Estados Unidos, em 2017, um jovem de 28 anos foi morto acidentalmente graças a um ato de swatting – resultando numa pena de prisão de 20 anos para a pessoa responsável pelo falso telefonema à polícia. A Wikipédia já tem o seu próprio artigo compilando casos notórios de swatting, bem como a legislação relevante para cada ocasião.

É possível evitar o problema?

O grande perigo de criar uma persona digital é a vulnerabilidade dos nossos dados – técnicas de engenharia social, tais como:

Podem convencer um streamer a revelar acidentalmente as suas informações confidenciais. Além disso, cada vez mais gerações estão a crescer com o acesso constante aos meios de comunicação social e, por conseguinte, perdem o controlo sobre quais os dados que já foram partilhados, onde, e sob que políticas de privacidade.

Em geral, algumas dicas podem ajudar a manter seguros aqueles que querem iniciar uma carreira em plataformas como a Twitch:

Resta agora esperar que o avanço da compreensão dos problemas de cyberbullying ajude as autoridades, peritos, e profissionais digitais a prevenir e combater este tipo de problema virtual, que em muitos casos afeta irreversivelmente as vidas pessoais.

A ilusão de que a vida online é uma esfera, separada da vida real, deve ser quebrada o mais rapidamente possível, para que o público e os produtores de conteúdos possam compreender as formas seguras de coexistência neste novo paradigma de entretenimento.

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