A agência de dados da China anunciou um plano ambicioso para desenvolver uma infraestrutura digital nacional até 2029 para gerir os dados como um recurso fundamental.
A evolução crescente da China tem surpreendido o ocidente, estando a União Europeia, inclusivamente, a planear obrigar as empresas chinesas a transferirem a sua tecnologia e propriedade intelectual para grupos europeus, em troca de acesso a subsídios.
Conforme informámos, relativamente à indústria automóvel, Bruxelas estará a preparar um programa de subsídios de mais de mil milhões de euros para desenvolver uma cadeia europeia de fornecimento de baterias.
Agora, segundo o projeto de diretrizes divulgado pela Administração Nacional de Dados da China, na sexta-feira, o crescimento da economia digital aumentou a procura de “melhor circulação de dados, utilização e extração de valor”, destacando a necessidade de um papel ativo do governo e de um mercado funcional.
O documento afirma que o objetivo passa por criar uma infraestrutura nacional que equilibre a eficiência com a equidade, que tenha em conta as caraterísticas únicas dos elementos de dados e que aproveite o valor e a utilidade dos mesmos.
Elaboradas pela Administração Nacional de Dados, pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma e pelo Ministério da Indústria e das Tecnologias da Informação, as diretrizes estão abertas à opinião pública até 1 de dezembro.
A iniciativa surge no contexto da crescente concorrência global no domínio da tecnologia e das infraestruturas digitais, especialmente entre a China e os Estados Unidos, onde se intensificaram as preocupações com a segurança nacional.
Na perspetiva de Zeng Liaoyuan, professor associado da Universidade de Ciência e Tecnologia Eletrónica da China, as infraestruturas de dados são “cruciais para aumentar a competitividade da China num panorama digital em rápida mutação”.
Anteriormente, a gestão de dados da China dependia de várias entidades governamentais, resultando em ineficiências e numa maior vulnerabilidade. Para Zeng, é urgente um protocolo de uniformização para o tratamento da informação, por forma a “facilitar a interoperabilidade entre departamentos e sectores”.
Infraestrutura para gestão de dados da China estará pronta em 2029
A infraestrutura será desenvolvida em três fases até 2029, de acordo com as diretrizes, e a implementação deverá ser gradual, uma vez que as diferentes regiões têm as suas próprias abordagens à gestão de dados, segundo Zeng.
De 2024 a 2026, serão testadas rotas tecnológicas em indústrias-chave, de modo a estabelecer normas fundamentais para a gestão de dados.
De 2027 a 2028, o objetivo será criar um quadro abrangente que permita a partilha de dados em grande escala e a cooperação entre as principais cidades.
Até 2029, deverá ser criada uma infraestrutura de dados nacional unificada, por forma a melhorar a circulação de dados, a eficiência da utilização de dados e os serviços públicos.