As ligações à Internet em Myanmar (antiga Birmânia), que tinham sido retomadas sexta-feira à noite, foram cortadas novamente hoje de manhã, depois de terminado o recolher obrigatório, disseram utilizadores da rede no país, citados pela Lusa.
«A Internet só funcionou durante o recolher obrigatório, das 22:00 às 05:00 (das 16:30 às 23:30 em Lisboa)», disse um utilizador na Birmânia, citado pela AFP.
Há uma semana, a Junta Militar no poder cortou a principal ligação da Internet para restringir o mais possível as comunicações com o exterior para evitar que fossem transmitidas informações sobre a repressão das manifestações contra o regime.
A Junta Militar também mandou encerrar os cybercafés de Rangum, que foram utilizados por muitos birmaneses para enviar para o exterior vídeos e fotos, feitos com telemóveis e câmaras digitais, que ilustravam a repressão violenta das manifestações.
O regime tenta impor uma situação de «porta fechada», denunciou então a organização Repórteres Sem Fronteiras, que considera a Birmânia como uma dos países mais restritivos em matéria de liberdade de imprensa.
Na altura, um responsável pelas telecomunicações birmanesas reconheceu que a principal ligação à Internet não funcionava, mas atribuiu o problema a «um cabo submarino danificado».
A repressão das manifestações causou 13 mortos, segundo um balanço oficial, mas de acordo com diplomatas o número de vítimas mortais é muito superior.
Os Estados Unidos, o Reino Unido e a França, três dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, fizeram circular sexta-feira um projecto de declaração que condena «a repressão violenta» dos manifestantes na Birmânia.
Manifestação na Nova Zelândia alastra ao resto do mundo
Uma manifestação a favor de que se mantenha a pressão sobre o regime birmanês lançou este sábado, na capital da Nova Zelândia, a chamada da Amnistia Internacional e outras organizações de defesa dos direitos humanos a acções semelhantes a nível mundial.
Cerca de 500 pessoas, entre as quais uma centena de membros da comunidade birmanesa, desfilaram pelas ruas de Wellington, ao mesmo tempo que se realizavam outras manifestações em várias cidades do País.
No quadro desta acção mundial, estão previstas hoje manifestações na Austrália, Taipé (Taiwan), cidades de vários países europeus – França, Bélgica, Espanha, Irlanda, Áustria e Noruega – e também do Canadá e Estados Unidos.
A aplicação de sanções à Birmânia pelo Conselho de Segurança da ONU não está a ser considerada, como afirmou hoje à Agência Lusa o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português, na qualidade de representante da Presidência da EU, que Portugal ocupa até ao fim do ano.