Com o MB WAY a ser já imprescindível para muitos portugueses, o Banco de Portugal lançou o SPIN, que permite fazer transferências bancárias, por via do número de telemóvel ou o NIPC do destinatário. À primeira vista, os serviços parecem semelhantes. Contudo, há alguns aspetos que os diferenciam, bem como vantagens e desvantagens associadas. Entenda a diferença!
Desde 24 de junho, 14 bancos portugueses disponibilizam o SPIN, permitindo aos utilizadores de serviços de pagamento realizar transferências a crédito, utilizando o número de telemóvel (se for um particular) ou o NIPC (se for uma empresa) do beneficiário, em vez do IBAN.
O objetivo passa por facilitar o processo, melhorando a experiência do utilizador na realização de transferências, permitindo que sejam iniciadas com base em identificadores do beneficiário conhecidos ou fáceis de memorizar (como o número de telemóvel).
Sendo um serviço sem custos adicionais, à semelhança do já conhecido e amplamente adotado MB WAY, importa perceber as diferenças entre ambos, bem como as vantagens e desvantagens associadas a cada um deles.
MB WAY e SPIN não são o mesmo e explicamos-lhe em que diferem!
Embora tenham sido desenvolvidos para facilitar as transferências entre indivíduos, evitando toda a logística de saber e adicionar um IBAN, por exemplo, o MB WAY e o SPIN diferem em alguns aspetos.
Desde logo, a sua gestão:
- Por um lado, o MB WAY é um produto da SIBS, uma empresa que disponibiliza serviços financeiros, designadamente na área dos pagamentos, e “responsável pela gestão das Redes MULTIBANCO, nos seus múltiplos canais – desde Caixas Automáticos e Terminais de Pagamento Automático, aos meios online ou telemóveis – e ATM Express”.
- Por outro, o SPIN é uma evolução das transferências bancárias disponibilizadas pelo Banco de Portugal, que é um organismo público.
Depois, a identificação do destinatário. Embora ambos os serviços permitam transferir dinheiro usando o número de telemóvel do destinatário, a implementação difere:
- No caso do SPIN, este permite procurar um destinatário na lista de contactos e fazer a transferência sem introduzir o IBAN.
- Apesar de o MB WAY utilizar, também, o número de telemóvel para transferências, baseava-se originalmente em cartões bancários, o que implicava o pagamento de anuidades e outros custos associados. A chegada do SPIN terá trazido a identificação do destinatário para o MB WAY.
Vantagens e desvantagens do MB WAY e do SPIN
Conforme reunido pelo site Literacia Financeira, há vantagens e desvantagens associadas aos dois serviços, pelo que pode usá-los em simultâneo ou optar por aquele que lhe for mais profícuo.
Vantagens
SPIN | MB WAY |
Serviço público e sem custos adicionais, pelo qual os bancos não podem cobrar | Ampla adoção, contando com 5,6 milhões de utilizadores em Portugal |
Sem limite de número de transferências | Oferece funcionalidades adicionais, como pagamentos de compras e levantamentos sem cartão |
A segurança é reforçada, uma vez que foi desenvolvido com foco na prevenção de fraudes | Oferece muita flexibilidade, permitindo realizar transferências e pagamentos em diversas plataformas e dispositivos, incluindo o uso de caixas Multibanco, homebanking, e apps móveis |
Transferências imediatas |
Desvantagens
SPIN | MB WAY |
Adoção (ainda) limitada, sendo que, para já, apenas 14 bancos disponibilizam. A adoção completa está prevista para setembro | Limite de transferências que pode ser inconveniente para alguns utilizadores: 750 euros por operação, 2500 euros por mês, e um máximo de 50 transferências recebidas por mês |
Para ser imediata, a transferência pode ter custos associados, caso seja feita entre bancos diferentes | Potenciais custos, uma vez que está associado a cartões bancários, que podem ter anuidades e outras taxas |
SPIN procura combater a fraude
Embora, atualmente, a maioria dos bancos use o MB WAY nas suas aplicações bancárias, com o lançamento do SPIN é possível que os bancos mudem para este novo serviço, associado ao Banco de Portugal.
Em entrevista à CNN, Nuno Mateus Coelho, especialista em cibersegurança, explicou que “não podemos olhar para este novo sistema como uma alternativa ao MB WAY, não é isso que se propõe; é um sistema completamente diferente”.
Conforme esclareceu, o SPIN será mais seguro do que as transferências bancárias como as conhecemos através do homebanking, pois “sabemos que o contacto que ali está [apresentado, aquando da transferência] é o contacto que está efetivamente ligado à conta bancária de quem vai receber o dinheiro”. Esta associação tem de ser feita pelo titular da conta.
Se eu usar o MB WAY, o MB WAY apenas informa se aquela pessoa tem ou não tem MB WAY com ela […] disponibiliza apenas a informação sobre se tem ou não tem uma conta com o MB WAY.
O que o Banco de Portugal quer disponibilizar aos nossos bancos tradicionais é que, quando nós introduzimos o número de telefone, retorne o NIB de quem vai receber o dinheiro e o nome completo de quem vai receber o dinheiro.
Na sua perspetiva, “a segurança acrescida está no facto de o número de telefone que nós temos quando vamos introduzir na aplicação vai retornar um número oficial de quem realmente é o titular da conta”. Neste momento, no MB WAY, não dispomos dessa informação: “Vamos à nossa listagem de contactos, aparecem todos eles, mas não sabemos quem está do lado de lá, a não ser uma espécie de voto de fé”.
Considerando os mais alienados em matéria de tecnologias, o SPIN pode ser, portanto, uma solução eficaz na prevenção de fraudes.
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