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Zetta – Uma falsa história de sucesso

Actualmente, com o crescimento do mercado mobile, têm aparecido cada vez mais empresas que tentam ganhar a sua quota.

Em Espanha surgiu recentemente uma polémica com a Zetta, uma marca que afirmava que desenhava e desenvolvia os seus próprios smartphones… mas que afinal não era bem verdade.

Num mercado onde cada vez existe mais oferta, as marcas têm de conseguir destacar-se pela qualidade da usa oferta e dos seus serviços.

Com os principais modelos actualmente a surgir no continente asiático, onde estão marcas como a Samsung, Huawei, Xiaomi, OnePlus e Motorola, algumas marcas Europeias tentam usar o facto de desenharem e desenvolverem os seus smartphones a partir dos seus países de origem como um argumento diferenciador do seu produto.

Embora algumas marcas garantam este processo de construção, o que acontece se o argumento não for totalmente verdade?

Esse é o caso da Zetta, uma marca de origem espanhola, mais concretamente de Zafra na Estremadura, que anunciava que produzia e montava os próprios smartphones quando, na verdade, apenas comprava modelos das conhecidas marcas chinesas Xiaomi e Doogee e os personalizava.

Anunciada com o slogan “O primeiro smartphone da Estremadura”, a Zetta é uma marca criada em Dezembro de 2014 por 3 jovens que pretendiam lançar a sua própria marca de smartphones com todo o processo de desenvolvimento e montagem centrado em Espanha, tendo, por isso, conseguido um apoio governamental de cerca de 700 mil euros. Actualmente conta já com 7 lojas físicas na Estremadura, assim como 80 pontos de distribuição espalhados pelo resto do país.

Iniciaram com um smartphone, o Zetta Conquistador, que vendeu 500 unidades logo no primeiro dia, e com o sucesso deste, alargaram a sua gama para 6 modelos diferentes. Um dos mais publicitados foi o Zetta Metal, um smartphone com construção de boa qualidade e boas características, que intitularam de iPhone Killer.

Mas, o que parecia ser um sonho tornado realidade para estes rapazes, rapidamente se transformou num pesadelo quando o fórum Forocoches descobriu que a Zetta não estaria a montar os seus smartphones, mas sim a comprar smartphones chineses da Xiaomi e Doogee para serem personalizados e vendidos sob a sua marca.

Neste processo, a marca espanhola encomendava, em grandes quantidades, modelos chineses onde, posteriormente, colocava o seu logo, uma bolota mordida (fazendo lembrar a maça mordida da Apple), autocolantes com a sua marca na bateria e noutros componentes de forma a esconder os vestígios das marcas originais e alterava o sistema que vinha de fábrica com o smartphone. Foram ainda incluídos logos da JBL e da Corning Gorilla Glass quando estas empresas não têm qualquer participação no desenvolvimento dos Xiaomi usados de base.

Neste esquema, que entretanto foi apelidado de Bolotagate, foram usados modelos como o Xiaomi Redmi 2 Pro, que servia de base para o Zetta Conquistador 4.7 SE, e o Xiaomi Redmi Note 3, que servia de base para o intitulado iPhone Killer, o Zetta Metal.

Como se o uso de smartphones de outras marcas já não fosse grave o suficiente, a Zetta conseguiu ainda piorar mais a sua situação com o uso de um sistema que não era seu em alguns smartphones, tendo sido usada uma versão da CM13.

Como a CyanogenMod é uma ROM de código aberto para desenvolvimento livre, não está habilitada para uso comercial, sendo assim proibida a sua utilização directa num smartphone, a não ser que seja usada uma versão licenciada da descontinuada Cyanogen OS.

Resumidamente, esta era uma marca que prometia fornecer uma relação de confiança, qualidade e segurança para o cliente, mas que acabou por se mostrar como um esquema em que aproveitavam smartphones chineses, colocavam o seu logo, os seus autocolantes as esconder os originais e alteravam o sistema operativo por um novo que poderiam nem ter licença para usar. 

A Zetta já respondeu hoje, através de um comunicado oficial, referindo que as acusações não são comprovadas. Afirmam ainda que o seu primeiro modelo, o Zetta Multiverso, foi desenvolvido por eles com ajuda de redes de produção chinesas e que os modelos seguintes resultam na adaptação e melhoramento de alguns modelos chineses para o mercado europeu, criando também valor com o seu serviço de pós-venda.

Outra das afirmações da Zetta é que, para resolver os problemas de compatibilidade de redes que os smartphones chineses têm com a rede europeia, incorporam software que melhora e torna possível o uso destes na Europa.

Estas declarações vêm piorar mais ainda a posição da marca espanhola, uma vez que utilizam argumentos que não são bem válidos. Além de ter sido claramente comprovado por parte da comunidade o uso de autocolantes para esconder as verdadeiras marcas, uma simples alteração de software não é suficiente para resolver os problemas de 4G dos modelos da Xiaomi, visto que alguns apresentam incompatibilidades directamente no modem instalado.

Esta é uma situação que não deverá ter um final feliz para a marca espanhola, dado que utilizaram inapropriadamente apoios governamentais, equipamentos de outras marcas e referência a tecnologias como o Gorilla Glass e o som JBL que nem sequer estavam incluídos nos smartphones vendidos.

Zetta

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