A plataforma tecnológica Uber tem-se destacado muito pela positiva como pela negativa. Em Portugal o serviço tem vindo a crescer e, para o utilizador final, este é um serviço com muitas vantagens e especialmente cómodo. Pese o facto da polémica sobre a sua legalidade, há uma outra realidade no que toca aos ganhos dos profissionais do volante.
Será que ser motorista da Uber é um serviço bem remunerado ou há exploração do trabalhador?
Uber… uma empresa com dores de crescimento
A Uber é hoje um marco no desenvolvimento dos serviços de transportes privados. O facto de existir uma plataforma online que controla o serviço e determina a sua qualidade, esta esconde também uma outra verdade, principalmente porque a Uber é mais que uma plataforma tecnológica, a Uber vive dos profissionais que servem a gigante norte-americana.
De acordo com uma reportagem recente levada a cabo pela TVI, os motoristas da Uber em Portugal revelaram que têm ordenados precários e excesso de horas de serviço.
Afonso, um dos motoristas entrevistados, referiu que deixou o seu emprego como vendedor para se dedicar à Uber e assim garantir um futuro melhor para si e para a sua família. No entanto, o motorista, que entrou para a Uber há dois meses, confessa que o caminho para uma vida melhor se transformou numa estrada que termina num beco sem saída.
Em termos de ordeno, Afonso revela que este mês irá receber pouco mais que 350€ (menos que o ordenado mínimo nacional), que apenas folga uma vez por semana e os turnos são de 12.
Vamos a contas…
Segundo cálculos da TVI, Afonso trabalha:
- 72 horas / semana
- 312 horas / mês (26 dias)
- Ganha 350€, o que significa apenas 1,12€ por hora
Afonso revela também que pode ter a sorte de ganhar 300€ a cada 15 dias.
E ao nível dos acidentes?
Se o motorista tem um primeiro acidente, este é culpado e tiram-lhe do ordenado 150€. Se tiver um segundo acidente o valor retirado do ordenado passa para os 300€. Apesar de não contratar motoristas directamente, a verdade é que é a Uber define as regras de operação.
O Governo português está pronto para legalizar as plataformas digitais de transporte, mas certamente não conhece a fundo as condições a que são sujeitos os motoristas.