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TDT está aquém das expectativas e há conflito de interesses

A TDT (Televisão Digital) chegou a Portugal em outubro de 2008, em emissão experimental, a partir do retransmissor de Palmela. Depois de ultrapassadas várias barreiras tecnológicas e de mercado, a TDT chegou aos portugueses em 2012 e, desde essa data, que têm sido várias as reclamações do serviço.

Um estudo recente revela que em Portugal a TDT tem ficado aquém das expectativas e alerta para conflitos de interesses da MEO.


O estudo foi publicado no site da Autoridade Nacional para as Comunicações (ANACOM) e revela que “até ao momento, em termos comerciais e de oferta de serviços, a TDT tem ficado aquém do que eram as expectativas iniciais da plataforma”.

O documento refere ainda que se tudo se mantiver como está, “a penetração irá continuar a decrescer e os utilizadores da TDT serão indubitavelmente as populações de menor rendimento disponível, do interior e com menos apetência tecnológica”.

O estudo revela ainda que a oferta de pacotes que combinem TV + Internet (em parceria com operadores de banda larga) “pode ser atrativo para o mercado da TDT, indo buscar clientes à faixa de utilizadores do cabo que consomem os pacotes mais básicos” e que a “TDT deveria equacionar a apresentação de uma oferta competitiva com a inclusão” da visualização não linear de conteúdos, uma vez que “as outras plataformas alternativas apresentam de uma forma massiva” e é cada vez mais procurada pelos utilizadores.

Há conflito de interesses?

Quanto aos canais televisivos, o estudo refere que “a taxa de crescimento do share da RTP3 quando entrou na TDT pode ser um bom indício do interesse dos canais na plataforma”.

Os autores do estudo lembram que a nível internacional foram identificadas novas ofertas de serviço, “baseadas em novos modelos de negócio de canais baseados em vendas, em entretenimento/jogos ou em publicidade, que muitas vezes sustentam operações de TDT e em que os canais tradicionais são remunerados (ou pagam valores reduzidos) para estarem presentes nessas plataformas e serem apenas “geradores” de tráfego”.

Ao nível do operador de TDT, os autores do estudo sublinham que “não parece possível que o atual detentor do DUF [Direito de Utilização das Frequências] tenha qualquer incentivo para o alargamento da oferta, a introdução de novos canais e serviços ou a valorização da plataforma no seu todo. Isto porque o modelo de negócio definido (em termos das regras de pricing) e o seu claro conflito de interesses (por ser também detentor de uma plataforma concorrente) assim o determinam”.

Ao nível do conflito de interesses, o estudo refere que “deve ser ainda analisada e equacionada a implicação, em termos de conflitos de interesse, da MEO – empresa titular do DUF – ser a mesma (ou estar inserida no mesmo grupo de empresas) que um operador concorrente à TDT – o operador de TV por cabo e satélite da MEO”. “Acresce a este facto que a MEO formalizou ainda uma oferta sobre o Grupo Media Capital, onde se encontra a TVI, um dos clientes do serviço do titular do DUF”.

O “Estudo sobre alargamento adicional da oferta de serviços de programas na televisão digital terrestre (TDT)”, foi realizado, na sequência de concurso público para o efeito lançado, pela Leadership Business Consulting, em parceria com a LS Telcom e a DLA Pipper.

Novos Canais?

O ministro da Cultura afirmou recentemente que, este mês, começam a ser analisados os processos de regularização dos trabalhadores com vínculos precários da agência Lusa e da RTP, e admitiu avançar com concursos para dois canais privados de televisão.

Estudo sobre TDT

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