A rede SIRESP ficou amplamente conhecida pela negativa após as falhas apresentadas no combate ao grande incêndio em Pedrógão Grande que fez várias vitimas mortais.
Passado mais de um ano, um estudo encomendado pelo Governo aponta limitações no contrato da parceria público-privada do SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Segurança de Portugal) e revela que o sistema apresenta fragilidades inaceitáveis numa rede de emergência e segurança.
SIRESP – Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal
O SIRESP é suportado numa rede TETRA trunking digital! A rede SIRESP permite, através da definição de grupos de conversação, que cada entidade o utilize como a sua rede privativa, independente das restantes, mas também, em caso de necessidade de coordenação, que todos os grupos que concorram para a resolução de uma determinada situação de emergência sejam facilmente colocados em conversação, de acordo com regras pré-definidas ou a serem estabelecidas em cenários não previstos.
A rede SIRESP é composta por:
- 502 torres de comunicações que servem um universo de 53 500 utilizadores
- 6 comutadores de tráfego
- 53 salas de despacho
- 2 estações móveis de reforço com sistema de comunicação via satélite
Problemas ao nível da autonomia (energia)
De acordo com a TSF, o relatório foi realizado pelo Instituto de Telecomunicações (IT) e dá seguimento a uma primeira parte do estudo divulgada no ano passado a propósito do incêndio de Pedrógão Grande. O estudo estendeu-se à análise e funcionamento da rede em geral e concluiu que as estações base do SIRESP não têm autonomia suficiente em caso de falta de energia.
Segundo o estudo, essa autonomia, de apenas seis horas é considerada “claramente insuficiente” para situações de emergência e segurança. Esta autonomia é a que está prevista no contrato assinado com a empresa do SIRESP, detida maioritariamente pela Altice Portugal (52,10%), com o Estado a ter uma posição minoritária de 33%.
O documento intitulado “Estudo do funcionamento do SIRESP – Parte II”, refere também que são necessárias mais estações móveis, mais formação a quem usa a rede, entre outras mudanças.
O estudo diz também que o contrato assinado com o Estado exige ao SIRESP uma disponibilidade de 99,9%, mas o problema está na fórmula de cálculo definida contratualmente.
Cada interrupção é ponderada pela sua importância na rede”, pelo que, detalha o estudo, “mesmo que 70” das 546 estações base que existem no continente falhem (numa gravidade de nível 1) durante 48 horas por ano, a falha contratual é de “apenas 6,15 horas por ano, abaixo do limite estabelecido” de “8,76 horas
“Este exemplo simples”, detalham os especialistas, mostra que “a disponibilidade contratualizada, devido ao modo de cálculo definido, é claramente inferior ao aceitável para uma rede de emergência e segurança”.