Por Hugo Sousa para Pplware.com
A excessiva vigilância por parte do Governo norte-americano está a quebrar a confiança na Internet, prejudicando utilizadores em todo o mundo e tornando ainda mais difícil a criação de novos tipos de serviços online. Esta afirmação partiu de um Senador dos EUA, pressionando para que novas reformas sejam implementadas neste sector.
Este assunto surgiu depois de que vários Governos em todo o mundo considerarem como hipótese a criação de barreiras contra a Internet global e que todas as informações referentes aos seus cidadão fiquem armazenadas nos seus próprios países.
Este tema está a ser discutido devido à discordância entre várias entidades governamentais a nível mundial com a política de monitorização implementada pela NSA.
Ron Wyden, senador e democrata do Oregon, reuniu com executivos de várias empresas americanas de tecnologia, como a Google, o Facebook, a Microsoft entre outros, de modo a discutirem o impacto económico que poderá afectar os Estados Unidos se as políticas de monitorização da NSA não forem alteradas.
Wyden, nessa reunião, afirmou o seu apoio à vigilância mas apenas quando estritamente necessário, mostrando assim a sua preocupação com o facto de esta espionagem estar a colocar os utilizadores contra as empresa americanas, podendo mais cedo ou mais tarde vir a custar postos de trabalho nos Estados Unidos da América.
Quebra da Internet
Esta quebra de confiança não é favorável nem para as empresas americanas mundialmente conhecidas nem mesmo para qualquer empresa que tente entrar num negócio tecnológico em que a Web seja o seu foco principal, afirmaram os executivos na reunião que decorreu em Palo Alto, Califórnia.
“The simplest outcome is that we’re going to end up breaking the Internet”, Eric Schmidt, Presidente Executivo da Google.
Eric Schmidt, Presidente Executivo da Google, mostrou ainda a sua preocupação com o facto de que, desta forma, poderá estar a acontecer uma fragmentação da Internet, tendo impacto em áreas muito importantes como é o exemplo da ciência, do conhecimento ou mesmo do trabalho.
A Internet foi projectada com o objectivo de trabalhar sem fronteiras e esse objectivo não pode ser alcançado caso existam barreiras entre países. O resultado de cada país armazenar os seus únicos e próprios dados só iria trazer perda de qualidade de serviço para o utilizador, pois iriam passar a ter serviços mais lentos e menos personalizados, e as empresas não poderiam tirar proveito da economia à escala mundial.
“It costs more to run a network where you have to put data centers around the world. In time, higher costs could prevent the Internet from reaching people in poor countries who aren’t connected yet.”, Colin Stretch, Conselheiro Geral do Facebook.
Também a empresa do Dropbox mostrou a sua preocupação com estas notícias. Através do seu conselheiro geral, Ramsey Homsany, a Dropbox afirma que se esta situação será também uma má notícia para as empresas mais pequenas. Segundo ele, se uma Startup de apenas duas pessoas pensar em construir um centro de dados na Alemanha apenas para servir utilizadores do seu próprio país, essa empresa nunca irá conseguir manter o seu negócio activo.
Além de todas estas questões que têm sido levantadas, as empresas de tecnologia americanas estão preocupadas com os seus próprios negócios. Estando especificamente preocupadas com o proteccionismo contra os Estados Unidos da América. Chegando mesmo Schmidt a afirmar:
“It’s a harder problem to solve because it’s seen as personal. We’re very concerned that there will be a sort of ‘Buy European’ movement.”
Lei da Liberdade dos EUA? Sim, é possível!
Wyden está confiante que o congresso aprove a Lei da Liberdade dos EUA, projecto que irá reformular a NSA com forte apoio da tecnologia e da indústria, ainda em 2014.
Em Maio deste ano, uma primeira versão da lei foi aprovada, no entanto, vários senadores americanos têm tentado endurecer esta mesma lei, impedindo a NSA de recolher todos os registos telefónicos nos EUA. No entanto, o senado ainda não aprovou o projecto-lei.
Brad Smith, vice-presidente executivo e conselheiro geral da Microsoft, afirma que essa reestruturação deve seguir em frente. Afirmando ainda:
“We need to resolve that we will not allow the dangers of the world to freeze this country in its tracks. We need to recognize that antiquated laws will not keep the public safe.”
Será que num futuro próximo iremos ter uma Internet localizada invés de uma Internet global?
Fonte: PCWorld