Grande parte das pessoas no velho continente não faz a mínima ideia que abastece o depósito do seu veículo a gasóleo com óleo de palma adicionado. No entanto, quando têm conhecimento, as pessoas têm uma posição determinada.
#NotInMyTank – 7 em cada 10 europeus são contra a queima de óleo de palma nos seus carros, mas a maioria não sabe que este biodiesel é o mais popular na União Europeia. Sabia deste facto?
Os automóveis têm hoje tecnologia capaz de “queimar” um grande leque de combustíveis, para produzir a força motriz. Gasolina, gasóleo, gás e outros produtos são usados para fabricar um combustível que seja eficaz mas, sobretudo, barato e lucrativo.
Há já associações ambientalistas a lutar contra a utilização de biodiesel à base de óleo de palma no gasóleo dos postos de abastecimento, que em Portugal este ano atingiu 7,632 metros cúbicos.
Um inquérito europeu que envolveu 4 500 cidadãos em nove países, realizado pela consultora de mercado Ipsos, concluiu que 82% dos inquiridos não estavam conscientes do facto de que o gasóleo contém biodiesel à base de óleo de palma.
Já conhecem a campanha #NotInMyTank?
Os portugueses, tal como os cidadãos europeus na sua generalidade, desconhecem a realidade desta mistura entre gasóleo e óleo de palma que está a ser incorporado na bomba de combustível. Nesse sentido os portugueses querem-se juntar à campanha #NotInMyTank, onde já estão cerca de 10 ONGs, para dizerem que não querem esta mistura nos seus motores.
A campanha tem como mote “No meu depósito não #notlnMyTank”, e será lançada na passada quarta-feira em Bruxelas.
Quando falamos de óleo de palma, a primeira coisa em que a pessoa pensa é no setor dos alimentos, que nos últimos anos se tornou um alvo fácil no debate ambiental. Contudo, poucas pessoas sabem que a maior parte deste “petróleo”, pelo menos na Europa, não acaba nos aperitivos ou biscoitos, mas nos tanques de carros a gasóleo.
O biodiesel é um embuste?
A partir da diretiva europeia para a promoção de biocombustíveis em 2009, o óleo de palma foi rapidamente introduzido no transporte, a ponto de se tornar hoje a matéria-prima mais difundida e económica para produzir biodiesel. De acordo com os últimos dados da UE, três quartos do atual mercado de biocombustíveis são alocados ao seu combustível.
Esta explosão no setor tornou os carros e camiões os principais consumidores europeus: 51% do óleo de palma importado para a Europa acaba em veículos, em comparação com 39% usados no setor de alimentos e cosméticos.
É urgente controlar uma “praga poluente” mascarada de ecológica
Bruxelas está a tentar resolver o problema, especialmente após a publicação de alguns estudos que acusam este biodiesel de ser mais poluente que os combustíveis fósseis, mas o caminho para o proibir não é fácil.
A Comissão Europeia tem até 1 de fevereiro de 2019 para deixar um ato delegado para estabelecer os critérios científicos com intenção de eliminar progressivamente o óleo de palma nos biocombustíveis, e pressão dos países produtores é alta.
Para exortar o governo a não baixar a guarda sobre o problema, uma coligação internacional de ONGs (em Portugal conta com a associação ambientalista Zero) lançou a campanha #NotInMyTank em vários Estados-membros.
A iniciativa envolverá uma série de eventos públicos e culminará num “Dia Europeu da Ação”, com manifestações em Roma, Madrid, Berlim, Paris e em frente ao Edifício Berlaymont, sede da Comissão Europeia.
A coligação também emitiu um pedido aos cidadãos, anunciando vários “encontros macacos” para convencer os políticos a tomar medidas para evitar a extinção de muitas espécies, incluindo orangotangos, causadas pela desflorestação.
#NotInMyTank – É importante informar
Um dos principais pontos da campanha #NotInMyTank será divulgar informações sobre este problema. Numa pesquisa com 4 500 europeus em nove países, 82% dos cidadãos admitiram que não sabiam que o óleo de palma era adicionado ao combustível. Quase 70%, no entanto, era a favor de acabar com o apoio político e subsídios para o óleo de palma nos biocombustíveis.