Investigadores dos EUA demonstram que a forma dos telhados tradicionais italianos reduz a perda de calor sem tecnologia adicional: a geometria como chave energética ancestral. Vamos falar em eficiência energética!
A investigação concluiu que certas proporções nos telhados maximizam a retenção de calor, favorecendo a conservação de energia.
- Telhados tradicionais italianos otimizados ao longo de gerações.
- A forma influencia diretamente a perda ou retenção de calor.
- Picos baixos: fluxo laminar, menor perda de calor.
- Picos altos: fluxo turbulento, maior perda térmica.
- Desenhos ideais: largura 3 a 4 vezes superior à altura ou forma de triângulo equilátero.
- Sugestão-chave: usar a forma como ferramenta energética.
- Potencial para transformar o design arquitetónico sustentável.
- A física revela as proporções ideais do telhado para a eficiência energética das habitações.
Em Benevento, uma vila no sul de Itália, o engenheiro Adrian Bejan notou algo peculiar nos telhados locais: formas repetidas que pareciam responder a algo mais profundo do que a simples estética.
Juntamente com o seu colega Pezhman Mardanpour, aplicou princípios da termodinâmica e da dinâmica dos fluidos para demonstrar que essas formas não eram fruto do acaso.
Eram soluções empíricas para otimizar o isolamento térmico das casas.
A forma como barreira térmica
Debaixo de um telhado, o ar aprisionado funciona como isolante natural. A sua capacidade de reter calor depende da forma do espaço que o contém.
Bejan descobriu que, quando o pico de um telhado tem menos de 0,9 metros de altura, o calor dissipa-se num fluxo laminar — previsível e suave. Mas se o pico ultrapassa essa altura, o fluxo torna-se turbulento, caótico e com maior perda energética.
O estudo estabelece duas configurações-chave:
- Telhados baixos (pico < 0,9 m): devem ter uma largura entre 3 a 4 vezes a altura. Esta forma permite uma distribuição térmica estável e eficiente.
- Telhados altos (pico > 0,9 m): funcionam melhor com forma de triângulo equilátero, ou seja, com altura igual à largura.
Estas proporções já estavam presentes nas construções tradicionais muito antes de a ciência as conseguir explicar.
Sem conhecerem equações, os antigos construtores aplicaram soluções ideais baseadas na observação, na experiência e nos resultados obtidos.
O papel esquecido da geometria na eficiência energética
Hoje fala-se muito em materiais isolantes, janelas com triplo vidro ou sistemas inteligentes de climatização (HVAC). Mas ignora-se uma ferramenta fundamental: a forma da estrutura.
O trabalho de Bejan mostra que, apenas alterando a geometria do telhado, é possível melhorar a eficiência energética sem custos adicionais nem recurso a tecnologia.
Eficiência energética: dinâmica do ar sob o telhado
Os investigadores analisaram o comportamento do ar dentro do espaço sob o telhado, como se fosse um fluido em movimento.
Descobriram que a forma tem impacto direto em:
- Formação de vórtices de ar (que aceleram a perda de calor).
- Estabilidade térmica no interior da habitação.
- Eficiência do isolamento passivo, sem necessidade de intervenção tecnológica.
Arquitetura vernácula e ciência: a mesma lógica
O estudo valoriza o conhecimento empírico acumulado pelas culturas tradicionais. Durante séculos, os construtores perceberam que certos desenhos tornavam as casas mais frescas no verão e mais quentes no inverno.
Esta sabedoria, agora confirmada pela física, torna-se uma ferramenta poderosa para repensar o modo como projetamos.
Para além da habitação: aplicações futuras
As conclusões não se aplicam apenas a casas. Podem também ser utilizadas em:
- Design de veículos para melhorar a dissipação térmica.
- Arquitetura bioclimática em regiões com climas extremos.
- Biomimética, inspirando-se em formas naturais adaptadas ao fluxo de calor.
Aproveitar o design geométrico como estratégia de eficiência energética oferece uma via acessível, económica e universal para reduzir o consumo energético global.
Se os novos edifícios incorporarem estes princípios:
- Pode diminuir-se significativamente a necessidade de aquecimento ou arrefecimento artificial.
- Reduz-se a pegada de carbono do setor da construção.
- Democratiza-se o acesso a habitações mais sustentáveis, mesmo em regiões com menos recursos.
Além disso, esta visão promove uma arquitetura mais consciente do ambiente, que alia ciência e tradição, forma e função, estética e eficiência.
É uma oportunidade para redefinir o futuro do habitat humano com base sólida na física e no respeito pelo saber acumulado ao longo das gerações.