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Redcore, o fantástico navegador 100% chinês! Na verdade é uma cópia do Google Chrome

A China está obcecada com o desenvolvimento inteiramente local de diferentes tecnologias. Não importa se são comboios de alta velocidade, aviões de passageiros, processadores ou navegadores da Internet. A gigante asiática teme a sua dependência do exterior, especialmente no Ocidente.

Tudo o que mexe, na China, é passível de ser copiado e tornado “nacional” e, como tal, o Redcore “agarrou” no código de programação da gigante norte-americano Google e “toca a vender” como uma inovação chinesa.


A China procura obstinadamente a auto-suficiência em setores que são fundamentais para o seu desenvolvimento. Não é por acaso que os incidentes com a ZTE, Huawei e outras empresas chinesas com os Estados Unidos têm representado grandes preocupações para Xi Jinping.

A lei agora é fazer mais, melhor e original… ou não!

Há um sentimento cada vez mais “patriótico” no que toca à criação de produtos dentro de portas e quando algo é anunciado como 100% chinês, o país ergue-se em forte ovação.

Mas esse rótulo nem sempre se ajusta à realidade. E, às vezes, até causa uma vergonha nacional de dimensões consideráveis. Isso já aconteceu com o navegador de Internet Redcore, os programadores apresentaram o produto como o primeiro totalmente projetado na China e foi mesmo apontado como o produto para ‘quebrar o monopólio americano’.

 

Mentira tem perna muito curta na Internet

Tudo corria bem até que os utilizadores, em poucas horas, descobrira que na realidade, o Redcore é baseado no Google Chrome.

A empresa chinesa adotou o código de programação da empresa norte-americano, “ajustou-o” e vendeu-o como uma inovação chinesa. Mas a empresa nem se preocupou em apagar a evidência – incluindo o logotipo do Chrome e um ficheiro compactado ‘chrome.exe’.

 

Redcore – Milhões investidos para inovar copiar

Claro que não é falta de dinheiro: há alguns dias atrás, a Redcore Times Technology orgulhosamente anunciou que havia alcançado 250 milhões de yuans (32 milhões de euros) de capital após a entrada de vários investidores.

Após terem sido expostos e denunciados pela sua “criação”, que fez eco nas redes sociais onde especialistas em computação mergulharam no código e mostraram cabalmente que é uma cópia do Chrome, a empresa não teve escolha senão reconhecer a verdade e pedir desculpas.

Cometemos um erro ao garantir que o nosso navegador era totalmente desenvolvido na China. Exagerámos nas nossas conquistas. Pedimos desculpas solenemente por ter feito o público acreditar em algo que não está de acordo com a realidade.

Referiu a empresa numa nota publicada.

Contudo, o CEO da Redcore, Chen Benfeng, defendeu-se numa entrevista ao South China Morning Post dizendo que “embora seja inegável que é construído sobre o Chrome”, o Redcore inclui muitos elementos inovadores. “A tecnologia dos navegadores da Internet é antiga”.

Escrever o código do zero levaria anos. O Android também foi baseado no Linux e ninguém nega as inovações do Google. Google e Apple também não escreveram a primeira linha de código, fazendo isso seria como reinventar a roda”, referiu o responsável da empresa.

 

A Internet é implacável

“O navegador tem o coração do Google escondido atrás de uma capa vermelha”, disse um utilizador da Internet no Weibo, o Twitter chinês, referindo-se ao facto de que, de acordo com a Redcore, o seu navegador funciona principalmente em instituições governamentais e estatais.

“É a cópia mais cara que já vi”, acrescentou outro cibernauta da popular rede social.

“Esse tipo de empresa faz negócios agitando a bandeira do patriotismo, mas eles não deixam de ser criminosos”, referiu um terceiro.

A lista de críticas é enorme e com críticas severas ao projeto que reclamou originalidade e recebeu milhões por isso. A empresa removeu o navegador do seu site.

A China e os Estados Unidos, as duas principais potências mundiais, estão a liderar uma guerra comercial que está a revelar tanto as deficiências de ambas quanto a crescente interdependência que caracteriza o mundo globalizado. 

Sim, não há dúvida que a tecnologia é um dos setores em que as fronteiras são mais difusas e em que a colaboração internacional é essencial.

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