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PPLWARE na CeBIT 2010 – Flickr.com e a evolução tecnológica

Pela terceira vez desde o aparecimento da CeBIT, a maior e mais importante feira do mundo das TIC, as Global Conferences seguem este ano o tema “The challenges of a changing world – ICT for better lives and better business” – Os desafios de mudar o mundo – TIC para uma vida melhor e um negócio melhor.

No meu segundo dia na CeBIT, 5 de Março, a primeira keynote que tive oportunidade de presenciar foi dada por Stewart Butterfield, Co-Fundador do famoso website de fotografias Flickr.com, intitulada “The Biggest Thing Since the Domestication of Animals” – A maior coisa desde a domesticação dos animais. E que “coisa” é esta? Leiam um pouco acerca da perspectiva que este senhor tem acerca da actualidade tecnológica.

Estas conferências decorrem durante a CeBIT e são constituídas por uma série de keynotes, roundtables e talks com oradores de luxo, tais como inovadores das tecnologias de informação e comunicação (TIC), empreendedores, enfim, indivíduos que se propõem a partilhar as suas visões e os seus planos para o futuro dentro das suas empresas. É já sabido que quando vou a este ou aquele evento, é natural para mim escrever o meu relato de uma forma que se aproxima bastante de um diário. E este não é excepção. O objectivo principal dos meus relatos é aproximar o vosso sentimento de participação, consciência e informação à realidade que tive a oportunidade de vivenciar.

12:00 – 12:30

Cloud computing for the end user

Stewart Butterfield, Co-Fundador Flickr.com

Motivação: As coisas têm estado “constantemente a mudar” durante grande parte do tempo, mas durante a década que se seguiu à agitação causada pelo dot.com, tem havido uma mudança profunda e real a nível das espécies. Esta mudança pode ser difícil de notar enquanto estamos imersos nas notícias do dia a dia. Por isso vamos dar um passo atrás para observarmos uma perspectiva mais alargada acerca da forma como a vida humana está a mudar.

As mudanças biológicas a curto e longo prazo

Stewart afirma “sobrestimamos continuamente os efeitos a curto prazo das mudanças tecnológicas, mas subestimamos os efeitos a longo prazo”. De facto é verdade, senão vejamos: quando surge alguma novidade pela Internet por exemplo, tudo é espalhado numa questão de horas ou mesmo minutos – torna-se quase viral. Passado algum tempo, a novidade vai perdendo o seu interesse. Mas isto não quer dizer que a novidade em si não vá ter efeito durante o nosso futuro, aliás, tudo desempenha o seu papel na construção desse mesmo futuro.

“Tomamos a tecnologia como garantida”

Hoje em dia são inegáveis as mudanças profundas que as telecomunicações provocaram nas nossas vidas. A capacidade de comunicar com outra pessoa praticamente à velocidade da luz, planear eventos e partilhar informação faz de nós possuidores de uma tecnologia poderosa. “Se os leões possuíssem isto, provavelmente já estaríamos mortos”, brinca Stewart.

Se pesquisarem no Google por “The Internet has revolutionized *”, encontrarão uma série de áreas nas quais a Internet teve um papel fulcral no desenvolvimento das mesmas. Desde a Educação, Economia, Entretenimento, etc., a Internet revolucionou completamente tudo aquilo a que os nossos avós estavam habituados. Se mostrássemos hoje a um investidor dos anos 30 como a Economia funciona, provavelmente provocaria um choque com as ideias da altura.

É por esta e outras razões que Stewart afirma a existência de um “salto biológico” – actualmente extinguiu-se a necessidade de estar no mesmo local que alguém com quem pretendemos falar, o acesso à informação é tão mais rápido e eficiente, sendo esta evolução uma evolução biológica colectiva, pois a sociedade assim o exigiu.

Se pensarmos numa das maiores revoluções na espécie humana – talvez a mais importante – a comunicação, seja ela por oral e mais tarde escrita, vemos que é ela que tem possibilitado a continuidade da nossa espécie, através da propagação do conhecimento de pais para filhos, como por exemplo o que comer e não comer, onde caçar, etc. Acontece que na sociedade de hoje essa propagação é tão rápida e trivial e através de tantos meios (livros, TV, Internet, telefone), que muitos de nós nem sequer paramos para pensar na maravilha que é vivermos na era da informação.

E é aqui que o Flickr entra

O Flickr.com, a comunidade social e alojador de fotos/vídeos mais famoso do mundo, desempenha obviamente um papel fundamental neste tópico que envolve a comunicação entre a nossa espécie. Stewart começou por divulgar algumas estatísticas:

O Flickr entrou no panorama web no sítio certo, na altura certa – exactamente quando se vulgarizaram as câmaras fotográficas digitais, contrastando com as antigas analógicas. Já se torna difícil recordar quando tentávamos tirar uma foto o mais perfeita possível sob pena de desperdiçá-la, visto não haver qualquer tipo de pré-visualização ou possibilidade de a apagar antes de a revelar. Lembram-se?

Antes, tiravam-se fotos apenas de momentos memoráveis, para preservação desses mesmos momentos – aniversários, épocas festivas, etc. Hoje em dia tiram-se fotos como uma forma de conexão, comunicação e contextualização do dia a dia, de praticamente tudo!

Curiosamente, em 2005, quando o Flicrk foi adquirido pela Yahoo, os seus empregados viram-se forçados a dividir o site em categorias. Entre eles, eram comuns as piadas afirmando que o Flickr servia para as 4 categorias principais: pôr-do-sol, bebés, gatinhos e flores.

Os olhos do mundo

Era esta a visão do que o website deveria ser – “uma fonte daquilo que as pessoas vêem e querem partilhar”.

Stewart deu o exemplo de umas fotos que ele encontrou sobre o terramoto no Chile. Todas as fotos eram sobre o terramoto, mas muito diferente naquilo que os fotógrafos pretendiam transmitir. Destruição total, beleza geométrica, sofrimento humano, cada fotógrafo mostrava a sua diferente maneira de ver o mundo.

Graças à ubiquidade de equipamentos de captura – telemóveis com câmara, câmaras digitais compactas, máquinas de filmar compactas – também eles cada vez mais baratos, portáteis, bons e práticos.

Esta quantidade de equipamentos e a crescente cobertura da Internet tem mudado também a atitude das pessoas nas comunidades online e a sua percepção da realidade. Atitudes que há uns anos eram completamente ridículas, são hoje aceites sem qualquer problema.

A foto de Obama

Stewart mostrou uma das fotos da tomada de posse de Obama (não é esta, mas era parecida) e começou a falar acerca desta vulgarização dos dispositivos de captura e das diferentes motivações que levaram cada uma daquelas pessoas a recordar aquele momento. Toda a gente tem literalmente uma máquina fotográfica. Uma parte daquelas pessoas irá partilhar aquelas fotos na Internet e eis que a Internet fica populada de diferentes fotos, umas que apanham mais cabeças que outra coisa, outras que só mostram braços e máquinas, enfim, mas todas se destinam à partilha de um acontecimento comum.

Que espécie de mundo…

Algo que não era possível há uns anos, tal como encontrar alguém que estivesse numa situação similar ou partilhasse gostos comuns, hoje é tido como garantido.

“Sobrestimamos continuamente os efeitos a curto prazo das mudanças tecnológicas, mas subestimamos os efeitos a longo prazo”

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