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Portugal: Março com consumo de eletricidade 100% renováveis

O país tem estado com níveis de pluviosidade altos o que levou a que passasse, em poucas semanas, de um estado de seca extrema para níveis de armazenamento de água perto dos valores máximos das infraestruturas.

Este tempo de chuva e ventoso tem beneficiado a produção de energia elétrica. Portugal, no passado mês, registou 104% do consumo de eletricidade proveniente das energias renováveis.


Março foi um bom mês para as energias renováveis ​​em Portugal. A produção mensal de energia limpa do país superou a procura, de acordo com um relatório da Associação Portuguesa de Energias Renováveis ​​(APREN) e da Associação do Sistema de Terras do Cidadão (ZERO).

 

Inédito pelo menos nos últimos 40 anos…

De acordo com dados da REN (Redes Energéticas Nacionais) a eletricidade de origem renovável produzida em março (4 812 GWh) ultrapassou o consumo de Portugal Continental (4 647 GWh). Este valor traduz-se numa representatividade das renováveis de 103,6% do consumo elétrico, algo inédito pelo menos nos últimos 40 anos.

É verdade que, nalguns momentos, houve períodos em que foram requisitadas as centrais térmicas fósseis e/ou a importação para a completar o abastecimento das necessidades elétricas em Portugal, facto que foi plenamente contrabalançado por períodos de muito maior produção renovável.

 

143% no dia 11 de março

No período analisado, a representatividade diária das renováveis no consumo registou um mínimo de 86 %, ocorrido no dia 7 de março, e um máximo de 143%, no dia 11 de março. Destacando-se um período de 70 horas, com início no dia 9, em que o consumo foi totalmente assegurado por fontes renováveis e outro período de 69 horas, no início no dia 12.

Estes dados além de assinalarem um marco histórico do setor elétrico português, demonstram a viabilidade técnica, a segurança e a fiabilidade do funcionamento do Sistema Elétrico Nacional, com muita eletricidade renovável. O anterior máximo tinha-se verificado em fevereiro de 2014 com 99,2 %.

Em termos de recursos, o grande destaque vai para a hídrica e eólica responsáveis por 55% e 42% das necessidades de consumo, respetivamente. A produção total mensal das renováveis permitiu ainda evitar a emissão de 1,8 milhões de toneladas de CO2, o que se refletiu na poupança de 21 milhões de euros na aquisição de licenças de emissão.

É ainda de destacar nesta análise a obtenção de um elevado saldo exportador que foi de 19 % do consumo elétrico de Portugal Continental (878 GWh).

 

Esta elevada penetração renovável teve uma influência positiva no preço médio do mercado diário, que foi de 39,75 €/MWh. Este preço é inferior ao do período homólogo ano anterior (43,94 €/MWh) quando o peso das renováveis no consumo foi de 62%.

 

Consumo de eletricidade e o futuro

O registo do mês passado é um exemplo do que se passará a verificar, mais frequentemente, num futuro próximo. De facto, espera-se que até 2040 a produção de eletricidade renovável será capaz de garantir, de forma custo eficaz, a totalidade do consumo anual de eletricidade de Portugal Continental. No entanto, será ainda necessário o recurso pontual a centrais a gás natural, para além do apoio crucial das interligações e do papel de crescente importância do armazenamento de eletricidade.

A APREN e a ZERO consideram fundamental que a políticas públicas nacionais e o quadro europeu designado por “Energia Limpa para Todos os Europeus” e que está atualmente em fase final de decisão, venham permitir a Portugal cumprir os seus objetivos de neutralidade carbónica em 2050, assegurando uma forte expansão da energia solar e garantir a descarbonização através da procura crescente de eletricidade no setor dos transportes e no setor do aquecimento e arrefecimento.

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